RONALDO
VAINFAS
História
do Brasil (1627), de Frei Vicente do Salvador (Ed. Itatiaia)
- O primeiro que escreveu um livro com este título.
Rigoroso nos fatos e muito crítico. Franciscano, foi
nosso primeiro historiador.
Capítulos
de História Colonial (1907), de Capistrano de Abreu
(Ed. Itatiaia/Edusp) - Deu uma guinada na historiografia brasileira,
pois questionou a "História Geral" de Varnhagen,
bem documentada, mas história "oficial".
Deslocou o foco da colonização portuguesa para
a Colônia na sua diversidade.
Casa-Grande
& Senzala (1933), de Gilberto Freyre (Ed. Record)
- Livro genial, apesar de inúmeras críticas
que com razão lhe moveram. Concebeu como ninguém
a mestiçagem cultural inerente à nossa história
e introduziu a antropologia na historiografia brasileira.
Formação
do Brasil Contemporâneo (1942), de Caio Prado Jr.
(Ed. Brasiliense) - Foi o primeiro a conceber a colonização
como sistema e como estrutura, apesar dos vários deslizes
na avaliação da questão racial. Ao contrário
do que muitos dizem, percebeu muito bem as articulações
econômicas no interior da Colônia.
A
Organização Social dos Tupinambás (1946),
de Florestan Fernandes - O melhor livro de Florestan, que
fez história sem ser historiador. Acho que os antropólogos
não gostam, mas o livro dá lição
de como explorar etnograficamente as fontes européias
para desvendar a cultura tupinambá.
Visão
do Paraíso (1959), de Sérgio Buarque de
Holanda (Ed. Brasiliense) - É o melhor livro do maior
historiador brasileiro, pois inaugura o estudo do imaginário
do Descobrimento e avança na comparação
entre a colonização portuguesa e a espanhola
da América, por ele mesmo esboçada em "Raízes
do Brasil" (1936).
Portugal
e Brasil na Crise do Antigo Sistema Colonial (1979), de
Fernando Novais (Ed. Hucitec) - Avançou na tese da
colonização moderna como sistema, o que causou
muita polêmica. Mas o melhor do livro é a maneira
de articular as transformações econômicas
européias e a política portuguesa no fim do
século 18.
Relações
Raciais no Império Colonial Português (1967),
de Charles Boxer (Ed. Afrontamento, Lisboa) - Nosso maior
brasilianista, autor de copiosa obra. Escolhi esse livro de
Boxer como emblema de suas teses. Pela inserção
do Brasil nos quadros do império português e
pela crítica ao mito da "democracia racial".
Rubro
Veio (1985), de Evaldo Cabral de Mello (Ed. Companhia
das Letras) - Diplomata, é um dos nossos melhores historiadores,
autor de vasta obra sobre Pernambuco colonial. Neste livro,
Evaldo põe abaixo mitos importantes da guerra contra
os holandeses como patamar da brasilidade.
O
Diabo e a Terra de Santa Cruz (1986), de Laura de Mello
e Souza (Ed. Companhia das Letras) - O melhor livro de Laura,
embora muitos prefiram "Desclassificados do Ouro".
Mas é que o Diabo inaugurou a moderna história
das mentalidades no Brasil, mostrou as potencialidades das
fontes inquisitoriais para a história cultural e entrou
fundo no problema da religiosidade, traço essencial
da história e da vida no Brasil.
Leia
mais: O que falta estudar: As religiosidades
e africanidades
|