Viagem leva quase dois dias

(2/4/2000)

da Redação

Para recepcionar os visitantes em Juquitiba, São Paulo, os índios viajam dois dias desde a aldeia Pimentel Barbosa, em Mato Grosso.

Como conta Siridiwê Xavante, um dos coordenadores do projeto Warã, eles sempre partem depois do almoço para tomar um ônibus às 16h ou, "se atrasar", às 19h, no vilarejo de Matinha, à beira da BR 158 ou, às vezes, de São Félix do Araguaia.

Essa parte da viagem é feita em um "caminhão de carreta com poeira, sol ou chuva". De lá, partem, em outro ônibus, para Brasília. Da capital, seguem para Goiânia, onde chegam por volta das 6h da manhã ou às 8h, "se atrasar", como diz Siridiwê. Daí a viagem é longa para São Paulo, onde chegam por volta das 8h do dia seguinte.

Essa pequena aventura é contada por Siridiwê não de maneira desgostosa, mas como um trabalho importante que está sendo feito para apresentar o mundo xavante. "Estamos preparados, acima de tudo, para que conheçam nosso mundo", diz.

Pequenos grupos de até três índios adultos devem recepcionar os visitantes no sítio São Benedito. Mas, dependendo da faixa etária dos grupos, devem vir também algumas crianças de Pimentel Barbosa.

Como conta Siridiwê, o difícil está sendo conter a aldeia, que está toda querendo visitar a "ri" (casa tradicional) de Juquitiba, da qual viram fotos e acharam "linda".

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