Exposição 'Monet' chega ao Masp Mostra traz 23 telas do pintor francês Agência Folha 26/05/97 16h40 De São Paulo
Na terça-feira (27), no limiar do século 21, o Masp (Museu de Arte de São Paulo) aproveita a sempre vigente popularidade de Monet (432.776 visitantes no Rio de Janeiro e recorde brasileiro de visitação) e abre uma das grandes mostras em comemoração ao seu cinquentenário (o museu já abrigou Morandi e reserva para o segundo semestre Michelângelo e Portinari). A inauguração será somente para convidados. Na quarta-feira a exposição será aberta ao público. "Monet - O Mestre do Impressionismo" traz 23 telas do pintor francês, 21 delas pertencentes ao Museu Marmottan-Monet e realizadas durante seu período em Giverny (chamar sua estadia na cidade de "período" é até um eufemismo, já que o pintor viveu ali 43 anos). A mostra será enriquecida ainda por dois Monet do acervo do Masp. Com Monet e os impressionistas, o mundo e a pintura passaram a ser vistos com outros olhos e a representação ganhou novo papel. Se alguém deveria se preocupar com a representação naquele momento, era a fotografia. "O tema é para mim uma coisa secundária. O que eu quero reproduzir é o que existe entre ele e mim", disse. O espectador deve olhar com invenção e poesia. Algumas telas do final de sua carreira radicalizam esse conceito e beiram o abstracionismo, como algumas da série "Ponte Japonesa", presentes na mostra. Com pinceladas livres, fragmentadas e largas, Monet sugeria reflexos da luz na água e na atmosfera. Para isso, não media esforços. Amarrou-se, por exemplo, à beira do mar durante uma tempestade para captar o frenético movimento das águas. Construiu um barco-ateliê de onde observava melhor os reflexos na água e a reverberação da luz. Desviou um braço de rio para alimentar o lago que mandou cavar em Giverny, onde fez seu jardim de ninféias, agapantos e chorões. Construiu um quilométrico jardim em Giverny. Questionado sobre a necessidade do jardim, respondeu com a mais cândida justificativa: "Para recolher algumas flores para pintar nos dias de chuva". Fascinado pela variação que a luz do Sol propiciava, Monet pintou a mesma cena dezenas de vezes. Para ele, embora tudo girasse em torno do Sol, antes, girava mesmo é em torno da pintura.(Celso Fioravante) Leia também
|
|||