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“O Mundo de Andy” traz Jim Carrey aos cinemas

CLAUDIO CASTILHO 05/05/2000 11h01
especial para a Folha

Nem todo comediante é um palhaço. Que o digam os conterrâneos de Andy Kaufman. Quando esse “performer” americano chegou ao auge do sucesso nos anos 70 e 80, fazendo parte do elenco do show de televisão “Taxi” como o adorável mecânico Latka Gravas, ele estava longe de ser adorado e compreendido pela maioria.

Na realidade, era rejeitado por muita gente. Se naquela época Andy Kaufman era considerado louco, hoje ele é lembrado como gênio. Se fazer rir é uma tarefa difícil, ficar famoso por insultar o público e colecionar inimigos foi uma especialidade de Andy Kaufman, morto em 1984, aos 35 anos, de câncer nos pulmões.

Foi ele, entre os comediantes contemporâneos, quem melhor e mais naturalmente ultrapassou os limites do convencional. Andy Kaufman entrou para a história por ser o avesso do previsto.

Os mais fiéis seguidores de Andy são aqueles que não procuram entendê-lo. Entre eles estão o pessoal do grupo R.E.M., cuja música “Man on the Moon” deu o título original da biografia cinematográfica do comediante, assinada por Milos Forman e protagonizada por Jim Carrey.

“O Mundo de Andy” estréia nesta sexta-feira (5) no Brasil. O cineasta e o elenco falaram à Folha sobre o filme.

Durante as gravações de “O Mundo de Andy”, Jim Carrey se transformou em Andy Kaufman 24 horas por dia. Chegou, inclusive, a machucar o pescoço numa luta livre (“wrestling”) com um profissional do esporte que participou do filme.

“Mergulhei fundo na alma de Andy. Saí de órbita. Pelo menos, de minha órbita. Admito que entrei em outro mundo, o que acabou deixando muita gente preocupada”, garante o ator que pelo segundo ano consecutivo (depois de “O Show de Truman”) é desprezado pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, apesar de ganhar o Globo de Ouro.

Outro nome de peso na execução do projeto cinematográfico sobre a vida de Andy Kaufman é Danny De Vito. De todos que participaram do filme, ele é o que mais contato teve com o comediante, já que eles trabalharam juntos no programa “Taxi”.

“Não concordo com aqueles que falam sobre a “atuação” de Jim Carrey no papel de Andy Kaufman. Jim era o próprio Andy, foi uma transformação de amedrontar. Fiquei chocado, ele nem aceitava ser chamado de Jim naquela época”, diz o produtor que também interpreta o empresário do comediante, George Shapiro.

No Brasil, Andy Kaufman pode até ser um mero desconhecido. Mas segundo Courtney Love, que interpreta a namorada do comediante Lynne Margulies, Andy provou ser uma figura universal.

“Ninguém no Brasil ou de qualquer outro canto do planeta precisa conhecer Andy Kaufman para entender o filme”, ressalta a líder da banda de rock Hole e viúva de Kurt Cobain. “Ele era um talento universal. Um artista que pouco se importava se as pessoas riam ou não de suas piadas, era odiado na América, eu me lembro. Para mim, era um gênio. Se você se diverte com o que faz, acaba agradando ao público. Foi o que aconteceu”, diz a atriz que encara uma luta livre no ringue.

E se na vida real Courtney Love pudesse convidar uma pessoa para uma luta de wrestling? Depois de hesitar para responder, ela acabou confessando: “Se eu pudesse levar uma pessoa ao nocaute... Levar ao chão de verdade? Acho que posso ter problemas com essa resposta, mas o fato é que não posso mentir. Eu adoraria convidar Madonna para uma briga. Ela parece ser fácil de ser derrubada”, declara sorridente e provocativa como sempre, sob os olhares assustados da equipe que a acompanhava.

Artista imprevisível

Para o diretor de “O Mundo de Andy”, o fato de o comediante ser um artista imprevisível foi o que mais o incentivou a rodar o filme. Milos Forman conheceu Kaufman em 1975, num show ao vivo. Foi a primeira e única vez que os dois se encontram. Depois disso, Milos Forman o assistiu várias vezes na televisão, tornando-se um grande fã do artista.

“Andy é simplesmente fascinante, como também foi fascinante fazer esse filme”, afirma o cineasta. E completa: “O engraçado é que terminei de fazer esse filme sabendo o mesmo sobre Andy que eu sabia antes de começar as gravações. Ele permanece um imenso ponto de interrogação em nossas vidas. Ninguém o conhece por completo”, conclui o diretor dos já clássicos “Hair” e “Um Estranho no Ninho”.

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