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Ópera “Rei Brasil”estréia em Salvador com Tom Zé

da Folha de São Paulo 27/04/2000 08h24
em Salvador

Os tropicalistas José Carlos Capinan, 59, e Tom Zé, 63, estão reunidos novamente no teatro com "Rei Brasil, 500 Anos, uma Odisséia Tropical", espetáculo para 25 mil pessoas na Concha Acústica do teatro Castro Alves, em Salvador.

Trata-se de uma ópera afinada com a cultura popular, que participa da celebração dos 500 anos do Descobrimento. O primeiro encontro dramático de Capinan e Tom Zé deu-se nos anos 60, no Centro Popular de Cultura (CPC), em Salvador, com a parceria na peça "Bumba Meu Boi".

"Rei Brasil", superprodução de R$ 500 mil, patrocinada pelo governo estadual baiano, ficará em cartaz gratuitamente de 12 a 16 de maio às 18h30. A iniciativa, da Escola de Música da Universidade Federal da Bahia (UFBA), é um acontecimento multidisciplinar, com elenco de 13 atores, 12 dançarinos, 12 circenses (do circo Picolino), orquestra sinfônica e cantores da MPB, entre eles Lazzo Matumbi e Margareth Menezes. No total, são 140 artistas.

O autor do texto é Capinan. Fernando Cerqueira criou a trilha sonora, para a qual Tom Zé compôs um rap. Há colaborações de bandas populares e do músico Uakay, índio funiô. As composições ainda são assinadas por Capinan, Roberto Mendes, Jorge Portugal e Jerônimo. Os figurinos são do paulista J. C. Serroni, e a direção, de Paulo Dourado.

O diretor da Escola de Música da UFBA, Oscar Dourado, 46, disse ter buscado, desde o início, o credenciamento no comitê executivo das comemorações. "Não sei de outras escolas que tenham emplacado nas comemorações oficiais. Temos orgulho de participar porque 500 anos só se festejam uma vez, e é bom mostrar o papel aglutinador da universidade, de onde vêm os recursos e profissionais desse trabalho."

Diz Dourado que "a idéia era aproveitar o momento para mostrar o melhor da experiência brasileira, como grupos étnicos diversos, que sobrevivem de maneira harmônica. O Brasil dá essa lição à humanidade e isso deve ser celebrado. Há também os desejos de festejar a cultura brasileira e de criar perspectivas de contribuição, como se libertar da profecia de que o Brasil vai dar certo no futuro para fazer isso acontecer". Os produtores da peça procuram patrocínio para viajar pelo Brasil com uma versão de câmara.

Na história, o menino de rua Peri Brasil deseja participar do desfile de escola de samba em que são narrados os 500 anos do Descobrimento. Como não tem a fantasia para entrar na ala dos tupiniquins onde quer sair, arranca os ponteiros do relógio que marca a passagem dos 500 anos e faz o arco e a flecha. Brasil pára o tempo e é capturado por seguranças.

Mas um velho índio o consola, oferece-lhe um chá, e o menino, virado em pássaro, tem a visão de toda a terrível história do Brasil. Trata-se do mesmo pássaro que os portugueses vêem na chegada. O menino chama sua namorada Ceci para parar o tempo e rezar na Primeira Missa pelo futuro.

(Mônica Rodrigues da Costa)

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