BUSCA Miner



Anterior | Índice | Próxima

“Nowhere Man” vale pela descrição factual e por curiosidades

da Folha de S.Paulo 30/05/2000 08h50
em San Francisco

Logo nos primeiros capítulos, Robert Rosen dá a sentença: o complexo de apartamentos de John e Yoko no edifício Dakota era um “hospício”.

Contratações e demissões de empregados aconteciam a esmo. Sem controle sobre objetos e papéis, o casal era roubado por funcionários, que vendiam as mercadorias para beatlemaníacos.

Lennon, masturbador compulsivo, passava semanas trancado no quarto. Cada vez mais afastada do marido, Yoko tocava os negócios sozinha no escritório, à base de heroína. O sexo era nenhum.

O filho Sean, ainda bebê, era forçado a uma dieta macrobiótica, subvertida por uma babá japonesa, que, escondida de Lennon, alimentava a criança com hambúrgueres, sorvete e chocolate.

Reunidas assim, em sequência, essas circunstâncias indicam mesmo uma atmosfera demencial e claustrofóbica. O problema com “Nowhere Man - The Final Days of John Lennon” é que tudo isso dura mais ou menos até um terço do livro. Depois, as informações se esgarçam.

Os últimos capítulos, espécie de “viagem” à mente de Mark Chapman, assassino de John, também não acrescentam nada a uma biografia já existente do criminoso, “Let Me Take You Down”, e são claramente baseados nela.

Embora às vezes pretenda ser um ensaio de verniz psicologizante sobre John Lennon, “Nowhere Man” vale mesmo pelas descrições factuais e episódios curiosos que só quem teve acesso aos diários de Lennon poderia conhecer.

Fazem parte dessa categoria os capítulos dedicados à amizade de Lennon com o ator Peter Boyle, que ele adorava maltratar, e aos bastidores das reuniões de Yoko com os outros Beatles, para discutir a partilha dos direitos autorais. E aí o livro se justifica. (APJ)

Clique aqui para ler mais de Ilustrada na Folha Online

Anterior | Índice | Próxima

 EM CIMA DA HORA