Gaviões premeditou ataque a corintianos Por Roberto Bascchera 15/10/97 21h15 AJB De São Paulo Numa ação planejada com antecedência, integrantes da torcida organizada Gaviões da Fiel emboscaram e apedrejaram na madrugada de quarta-feira o ônibus que transportava a delegação do Corinthians entre a Baixada Santista e a capital, após a derrota para o Santos por 1 a 0, na Vila Belmiro. Por volta de 1h30, os torcedores atravessaram na pista da Rodovia dos Imigrantes, próximo ao município de São Bernardo do Campo, o ônibus no qual viajavam. Cercado, o ônibus com jogadores, comissão técnica, seguranças e diretores do Corinthians teve de parar no meio da estrada e foi apedrejado. Estilhaços dos vidros abriram um corte no supercílio do motorista Alfeu Alves da Silva. O jogador Rincón, que trocara tapas com Mirandinha cerca de uma hora antes no vestiário da Vila Belmiro, sofreu um corte no braço. As conseqüências da emboscada não foram mais graves porque os ocupantes do ônibus corintiano deitaram-se no assoalho para não ser atingidos. Os torcedores tentaram, mas não conseguiram invadir o veículo. No meio do tumulto, o motorista Silva conseguiu manobrar o ônibus e escapar do cerco. Toda a ação durou cerca de 10 minutos, tempo insuficiente para que a polícia, acionada por telefones celulares, chegasse ao local. A segurança do Corinthians recebeu a informação de que o atentado fora planejado em detalhes. "Soubemos que outro ônibus com torcedores nos esperava na Via Ancheita caso resolvêssemos mudar o trajeto", contou o motorista corintiano. "Eu nunca tinha vivido situação parecida. Foi assustador", disse Paulo Angioni, que há um mês trabalha como supervisor do Corinthians. O chefe de segurança do Corinthians, Paulo Roberto Perondi, reconheceu vários torcedores da Gaviões da Fiel envolvidos na emboscada, entre eles Douglas Deungaro, o `Metaleiro', presidente da torcida e assíduo freqüentador do Parque São Jorge. Presença constante nos vestiários do Corinthians após os jogos, `Metaleiro', costuma ter viagens patrocinadas por membros da própria diretoria do clube para acompanhar o time em jogos fora de São Paulo. No último sábado, após a derrota para o Paraná Clube no Canindé, Deungaro ameaçou "pôr fogo em todas as agências do Banco Excel" caso o patrocinador do Corinthians não contrate Marcelinho Carioca ao Valência, da Espanha. Ainda no sábado, foi planejada a agressão ao time em caso de nova derrota, o que aconteceu terça-feira. Deungaro negou que tivesse participado da agressão. As torcidas uniformizadas estão proibidas de freqüentar os estádios paulistas desde agosto de 1995, quando um conflito entre palmeirenses e são-paulinos no Pacaembu deixou um morto e 102 feridos. As uniformizadas, no entanto, continuam se reunindo informalmente. Mesmo facções extintas por força judicial, como a Independente, do São Paulo, e a Mancha Verde, do Palmeiras, ainda estão ativas. Depois do episódio de quarta-feira, a Gaviões da Fiel também deverá ser extinta por ação do Ministério Público, que promete levantar os nomes e convocar para depoimento todos os ocupantes do ônibus da Gaviões da Fiel. O episódio da Rodovia dos Imigrantes não foi o único dissabor dos corintianos após a derrota para o Santos, a nona em 20 jogos disputados no Campeonato Brasileiro, resultado que deixa o time fora da disputa pela classificação e, agora, ameaçado de rebaixamento. Ainda no vestiário da Vila Belmiro, os jogadores Rincón e Mirandinha discutiram e trocaram tapas. Rincón cobrou satisfações de Mirandinha, expulso de campo por jogada violenta quando o time já perdia por 1 a 0 e jogava com 10 (o lateral Wilson Mineiro também fora expulso de campo por jogo violento). Mirandinha não gostou da cobrança do colombiano e partiu para a agressão física. Os brigões foram separados pelos seguranças do clube e pelo goleiro Ronaldo. Uma reunião de emergência na tarde de quarta-feira tentou colocar ordem na casa. Mirandinha e Rincón serão multados em 10% de seus salários. O técnico Joel Santana negou que esteja com o cargo ameaçado e disse que já faz planos para reformulação do elenco para 1998. LEIA TAMBÉM Veja como foi o ataque aos corintianos Neto diz que temeu morrer Segurança do Corinthians acusa Gaviões, mas volta atrás Promotor vê clima para extinção de torcida Dirigentes escapam, e Mirandinha critica torcida Corinthians diz que vai punir Mirandinha e Rincón Patrocinador cala sobre agressão a jogadores Polícia Rodoviária diz que Corinthians dispensou escolta Gaviões e Corinthians alugam ônibus da mesma empresa
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