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História:Palmeiras nasceu de dissidência corintiana

Por José Henrique Mariante 13/12/97 15h25
Agência Folha
De São Paulo

Nada poderia ser pior. O Palmeiras, na verdade, nasceu de uma dissidência do Corinthians. O arquiinimigo, fundado em 1910, sofreu, quatro anos mais tarde, um racha que provocaria a debandada de parte dos dirigentes.

Os insatisfeitos, quase todos italianos, queriam um clube próprio, como tinham o Germânia, os alemães, ou o Mackenzie, os britânicos. E o Corinthians, com poucos recursos, havia aberto os seus portões para quem quisesse entrar. Era popular. Na verdade, popular demais.

E, em 14 de agosto de 1914, uma carta no jornal ''Fanfulla'' foi publicada conclamando os interessados na formação de um clube para a prática do futebol. Assim nasceu o Palestra Itália, nome original do Palmeiras.

Claro, o detalhe da dissidência não tem registro oficial. E, dada a rivalidade que se criou entre palmeirenses e corintianos, continuará escondida, em algum recanto da história.

Alguns palmeirenses até admitem essa origem ''duvidosa'', mas o melhor é lembrar a trajetória vitoriosa, que reflete a própria ascensão social dos imigrantes italianos na sociedade brasileira na primeira metade deste século. Afinal, é isso que ficou na história.

A vida dos imigrantes europeus no Brasil sofreu profundas modificações com as guerras mundiais. Com os clubes não foi diferente. E, se na Primeira Guerra o Germânia achou melhor virar Pinheiros, na Segunda foi a vez de o Palestra Itália mudar de cores.

Os registros mostram a troca de nome para Palmeiras (houve quem sugerisse Brasil, Paulista e Piratininga) como uma decisão do próprio clube. Há quem diga, porém, que a troca foi imposta pelo Estado Novo de Getúlio Vargas.

A posse do moderníssimo Parque Antarctica, criado pela Companhia Antarctica Paulista no começo do século e transferido para o clube em uma triangulação que envolveu até o conde Matarazzo (demonstrando as boas relações entre alemães e italianos da época), estaria sendo ameaçada. Um ato governamental poderia colocá-lo nas mãos dos são-paulinos, sem estádio à época -o Morumbi só foi erguido nos 60.

Escalar um time ideal do Palmeiras não é muito fácil. Mas, assim como o Vasco teve seu Expresso da Vitória, o imbatível esquadrão vascaíno da virada dos 40 para os 50, o Palmeiras fez história com a sua Academia. Uma não, duas.

A primeira, nos 60, com Djalma Dias, Djalma Santos, Ademir da Guia, Dudu e Waldemar Carabina. A segunda, nos 70, repetindo Ademir e Dudu, revelando Leão, Luís Pereira e Leivinha.

Nas duas equipes, a mão forte de Osvaldo Brandão, gaúcho, ex-jogador, de poucos modos e estratégia, mas muita disciplina. Como Scolari? Pior. Por vezes, Brandão resolvia a questão no tapa.

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