E S P E C I A L  FAVELA NAVAL 

Justiça condena Rambo a
47 anos e 3 meses de prisão

Novo julgamento de ex-policial custou R$ 7.000 ao TJ


   Eduardo Knapp
Rambo deixa o
Fórum de Diadema
GONZALO NAVARRETE
da Folha de S.Paulo

O ex-policial militar Otávio Lourenço Gambra, o Rambo, foi condenado a 47 anos e três meses de prisão. A decisão saiu no início da noite de sábado (15). O júri o considerou culpado pela morte do conferente Mário José Josino e por outras duas tentativas de assassinato na favela Naval, em Diadema, em março de 1997. A defesa de Rambo vai recorrer.

A condenação prevê 46 anos e três meses de prisão em regime fechado pelo assassinato de Josino e pelas tentativas de homicídio contra Jeferson Caputi e o músico Silvio Calixto, além de um ano de detenção por crime de perigo contra a vida de Antonio Carlos Dias, que pode ser cumprida em regime semi-aberto.

Foi o segundo julgamento de Gambra. Ele havia sido condenado a 65 anos de prisão em 98, após ser flagrado, em filmagem feita por um cinegrafista amador, com mais nove ex-policiais militares espancando e atirando contra civis que eram parados em blitze realizadas na favela Naval.

O primeiro julgamento foi anulado pelo TJ (Tribunal de Justiça). Os desembargadores entenderam que os jurados "contrariaram os autos" porque não existiam provas suficientes para a condenar Rambo por três tentativas de assassinato.

O segundo julgamento de Rambo custou de cerca de R$ 7.000, após seis dias de trabalhos e sem nenhum dado diferente do apresentado no primeiro tribunal do juri de 98.

A verba será usada pelo Tribunal de Justiça de São Paulo para cobrir despesas com acomodação e alimentação de cerca de 100 pessoas envolvidas no julgamento, entre jurados (sete), testemunhas, peritos, funcionários da Justiça e 30 policiais militares destacados para fazer a segurança do Fórum de Diadema.

O segundo julgamento durou dois dias a mais que o primeiro júri por dois motivos: os trabalhos da nova edição sofreram atrasos sucessivos desde segunda-feira, quando o juri ficou suspenso por três horas para a localização de duas testemunhas que não haviam comparecido e também por causa das explicações mais detalhadas dos peritos que apresentaram laudos do crime.

Além disso, a juíza Cláudia Maria Carboni optou por distribuir melhor a programação do julgamento para não desgastar os participantes. Em 98, os trabalhos começavam pela manhã (9h) e normalmente iam além das 23h.

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