Cresce consumo de cocaína no Brasil

ONU aponta aumento no uso da droga na África e na Ásia

Agência Folha 04/03/97 21h51
De Brasília

A cocaína e seus derivados tiveram o maior aumento de consumo entre as drogas no Brasil em 1996. A informação foi divulgada nesta terça-feira (4), em Brasília, pelo presidente do Confen (Conselho Federal de Entorpecentes), Matias Flach. Relatório da ONU (Organização das Nações Unidas) divulgado nesta terça registra aumento no consumo de cocaína e heroína em algumas regiões da África, Américas e Ásia e queda na Europa.

As conclusões da Flach sobre o consumo no Brasil e as da ONU sobre o consumo mundial são baseadas em levantamentos esparsos e não em pesquisas com critérios uniformes. Segundo Flach, levantamentos em grupos diferentes de várias regiões do país demonstram a elevação no consumo de cocaína.

Uma pesquisa realizada em escolas do Distrito Federal no ano passado revelou que 0,4% dos alunos entre 10 e 15 anos já havia experimentado cocaína. Outros 0,55% havia experimentado subprodutos da droga, como o crack.

O consumo de maconha, de 4,95%, é menos alarmante, segundo Flach. "A cocaína não aparecia em levantamentos anteriores com grupos semelhantes", disse o presidente do Confen.

Dados do Ministério da Saúde apontam aumento no número de internações por dependência de drogas na rede hospitalar. Em 1995 foram 8.482 internações. No ano passado, 9.388. No mesmo período, diminuíram as internações por dependência alcoólica.

O relatório da ONU divulgado nesta terça destaca o aumento mundial no consumo de drogas químicas, como o ecstasy, que causa efeitos na libido.

Segundo o UNDCP (Programa das Nações Unidas para o Controle Internacional de Drogas), houve progressos no combate ao tráfico de precursores químicos, insumos utilizados no refino da cocaína.

O relatório menciona as campanhas pela legalização do uso a maconha na Europa e nos EUA, que o representante da UNDCP no Brasil, José Carlos Galdeiroz, considera negativas. "Não se pode esquecer que a maconha causa efeitos negativos no organismo, como dificuldade de concentração", disse.