Tenente-coronel é o primeiro a falar na CPI

PMs se recusam a prestar depoimentos

Agência Folha 09/04/97 21h46
De São Paulo

Violencia A CPI do Crime Organizado ouviu na tarde desta quarta-feira (10) os primeiros oficiais envolvidos no caso Diadema. O primeiro a depor, o aspirante a oficial Wilson Góes Júnior, recusou-se a falar e foi ameaçado de prisão pelo presidente da CPI Afanasio Jazadji. Mal informado, Jazadji recuou em sua ameaça assim que soube que Góes Júnior já estava sob prisão administrativa -que termina às 22h15 desta quarta.

O segundo convocado foi o tenente-coronel Edson Pimenta Bueno Filho, 45, que acabou se tornando o primeiro oficial a falar sobre o caso na CPI do Crime Organizado.

Há uma outra CPI exclusiva sobre o caso na Assembléia de São Paulo, chamada CPI de Diadema. Membros dessa comissão participaram dos depoimentos.

Bueno Filho foi também o primeiro oficial a assistir à fita de vídeo. Comandante do 8º Batalhão, aos deputados ele detalhou seus procedimentos com os horários em que ocorreram desde que a fita chegou às suas mãos, na manhã do dia 25 de março.

PMs se recusam a
prestar depoimento na CPI

Os dez policiais militares acusados de participação nos crimes cometidos pela PM de Diadema na favela Naval -que foram mostrados pela TV na semana passada- se negaram a prestar declarações aos deputados que participam da CPI do Crime Organizado da Assembléia Legislativa de São Paulo, na manhã e tarde desta quarta.

Eles se reservaram ao direito constitucional de falar somente à juíza Maria da Conceição Pinto Vendeiro, em interrogatório que está marcado para sexta-feira.

Os acusados estão detidos no presídio Romão Gomes (zona norte da capital) e foram levados à Assembléia às 9h, uma hora e meia antes do início dos depoimentos.

Os momentos de confusão foram gerados pela insistência de alguns advogados dos policiais acusados que tentavam se comunicar por meio de mímica com seus clientes no plenário.

No terceiro depoimento, o presidente da CPI, deputado Afanásio Jazadji (PFL), se irritou e ordenou que a assistência militar da Assembléia retirasse do plenário José Bonifácio o advogado Evandro Capano, da associação dos cabos e soldados da Polícia Militar que estavam presentes.

O deputado Carlos Sampaio (PSDB), presidente da CPI de Diadema, interveio em favor dos advogados, dizendo que ele deveria ter garantido seus direitos constitucionais de acompanhar os depoimentos. A sessão continuou com a presença de Capano.

O primeiro policial a ser chamado para prestar depoimento, às 10h30, foi o cabo Ricardo Luiz Buzeto. Algemado, ele foi conduzido ao plenário. Já sem algemas, disse que só falaria em juízo.

Sem muitas alterações no "roteiro", seguiram-se os depoimentos dos soldados Adriano Lima de Oliveira, Maurício Lourenço Gambra (conhecido como Rambo), Maurício Gomes Louzada, Demontier Carolino de Figueiredo, Nelson Soares da Silva Júnior e Rogério Neri Bonfim e Paulo Rogério Garcia Barreto, além do cabo João Batista de Queiroz e do 3º sargento Reginaldo José dos Santos, que duraram, no total, seis horas.

Apenas três policiais assistiram as imagens das agressões em Diadema no vídeo colocado no plenário. A maioria optou por olhar fixamente para a platéia. O sargento Reginaldo José dos Santos chorou quando estava sentado no plenário.

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SomOuça protestos da população de Diadema (trecho da reportagem de Lúcia Soares, de 02/04/97, da Rede Bandeirantes)
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