Suplicy pede a Diniz que perdoe sequestradores

Para senador, empresário fez governo atrasar decisão sobre o caso

Agência Folha 13/04/98 20h01
De São Paulo
 

O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) fez nesta segunda-feira (13) um apelo ao empresário Abílio Diniz para que ele perdoe os seus sequestradores a fim de que o caso tenha uma solução de "bom senso e de Justiça". "Se dom Paulo Evaristo Arns arriscou a sua vida para salvá-lo, o Abílio deveria fazer um gesto de grandeza humana e atender ao apelo de dom Paulo para que esse caso tenha uma solução de paz."

Suplicy visitou nesta segunda os sequestradores na Penitenciária do Estado e disse já ter tentado, sem sucesso, convencer o empresário. "Alguns amigos do Abílio insistem para que ele mantenha uma posição dura, pois temem que a expulsão dos sequestradores possa incentivar os sequestros", disse.

O senador disse que resolveu dirigir esse apelo público à Diniz porque soube que o empresário teria telefonado ao ministro da Administração Luiz Carlos Bresser Pereira ameaçando reagir, em fevereiro passado, caso o governo concordasse com a expulsão dos presos. A informação lhe teria sido passada pelo comitê de apoio aos presos. Segundo ele, a intervenção do empresário fez o governo adiar a decisão sobre o caso. Diniz divulgou nota sobre a questão.

O Partido dos Trabalhadores divulgou nesta segunda-feira uma nota assinada por José Dirceu, presidente nacional do partido, declarando oficialmente apoio aos sequestradores de Abílio Diniz e reconhecendo que o crime foi político.

O sequestro aconteceu na véspera do segundo turno da eleição presidencial de 1989. Na época, o PT negou a motivação política do sequestro do empresário. "Na época ninguém sabia o que havia ocorrido", disse o deputado federal Ivan Valente (PT-SP). Segundo ele, após o Movimento da Esquerda Revolucionária chileno assumir o sequestro não há como negar seu caráter político.

Em sua nota, o PT informa continuar condenando o sequestro. "O PT, mesmo tendo sido fortemente prejudicado pelo sequestro de dezembro de 1989, decidiu empenhar-se na libertação dos presos." O partido fundamenta sua decisão na motivação política do crime e nas mudanças ocorridas no Brasil e no mundo.




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