Psicoses lideram gastos no SUS

Depressão é a doença que mais incapacita o brasileiro

AJB 20/03/97 20h12
De Brasília

A depressão, o alcoolismo e as psicoses esquizofrênicas estão entre as principais doenças que incapacitam o brasileiro. Liderando as doze moléstias responsáveis pelos maiores gastos globais com internações nos hospitais do SUS (Sistema Único de Saúde), no ano passado, estão as psicoses esquizofrênicas. O aumento de distúrbios mentais e a inclusão dos acidentes de trânsito e de disparos com armas de fogo estão no novo perfil do quadro de doenças e mortes que atingem especialmente o meio urbano.

As metas previstas para o Ano da Saúde levam em conta as mudanças significativas ocorridas no quadro de saúde nos últimos anos. Transmissores de doenças que pareciam sob controle, como o mosquito da dengue, o Aedes aegypti, continuam desafiando as campanhas promovidas pelo governo. Entre 1994 e 1996, os números da doença saltaram de 56.621 para 124.887.

O programa de combate à dengue vai consumir R$ 440 milhões em 97. O crescimento de registros de febre amarela, que a medicina brasileira venceu no início do século, também aparece como uma ameaça. O cólera, que surgiu como um surto há cerca de cinco anos, segundo os técnicos da área de saúde, pode recrudescer a médio prazo.

Se por um lado, as taxas de fecundidade caíram de forma expressiva, nas últimas décadas, de outro, a curetagem pós-aborto aparece entre as dez principais causas de internação nos hospitais públicos de dez Estados. Em São Paulo, foram feitas 55.967 curetagens em 1995, na Bahia foram registradas 44.080 e em Minas Gerais 27.675. As estatísticas de saúde mostram, ainda, que em cada 100 mil partos, 114 mães morrem, enquanto nos países de primeiro mundo a proporção é de três óbitos por 100 mil.

O Ano da Saúde também reforça a necessidade de programas que levem em conta as desigualdades regionais e o atendimento ao idoso. Enquanto a expectativa média de vida não chegava aos 50 anos, na década de 40, hoje, em algumas regiões, chega próximo aos 70 anos. A mortalidade infantil, em termos globais, diminuiu nas últimas décadas, mas mostra uma situação de desigualdade, no Nordeste. Enquanto em 1994, na região Sul, em 1 mil nascidos vivos, 26,1 morreram, no Nordeste o número aumenta para 63,1.

Os números do Ministério da Saúde revelam a predominância de mortes por causas externas entre jovens de 10 a 14 anos. Entre as causas externas, a maioria envolve acidentes de trânsito. Seguem os afogamentos, suicídios e homicídios. As mortes por causas externas aumentam na faixa de 15 a 19 anos. Essas mortes, em sua maioria, são causadas por homicídios, seguidos pelos acidentes de trânsito. As causas externas se mantém na faixa de 20 a 24 anos. Os homicídios também superam a quantidade de mortes em acidentes de trânsito.

Os jovens de 10 a 14 anos também morrem por problemas de gravidez precoce, doenças do sistema nervoso, neoplasmas, infecção parasitária e problemas respiratórios e circulatórios. Quadro semelhante ocorre até os 24 anos.

DOENÇAS QUE MAIS MATAM

infarto agudo do miocárdio
derrame/isquemia cerebral
insuficiência cardíaca
diabetes melito
pneumonias
armas de fogo ou explosivos
acidentes de trânsito
doença pulmonar obstrutiva crônica
doença crônica do fígado (inclusive cirrose)

DOENÇAS QUE MAIS INCAPACITAM

depressão
anemia feropriva
quedas
alcoolismo
doença pulmonar obstrutiva crônica
psicoses esquizofrênicas e outras
anomalias congênitas
osteoartrite
diabetes melito
desnutrição protéico-calórica

DOENÇAS QUE MAIS INTERNAM

pneumonias
infecções intestinais
complicações do trabalho de parto
insuficiência cardíaca
psicoses esquizofrênicas e outras
asma
hérnia inguinal
derrame/isquemia cerebral
doença pulmonar obstrutiva crônica
hipertensão arterial

DOENÇAS RESPONSÁVEIS PELOS
MAIORES GASTOS GLOBAIS COM INTERNAÇÃO

psicoses esquizofrênicas e outras
insuficiência cardíaca
complicações do trabalho de parto
pneumonias
asma
infecções intestinais
doença pulmonar obstrutiva crônica
hérnia inguinal
derrame/isquemia cerebral
septicemia

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