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Ministro anuncia novas regras para ensino
Criação de cursos universitários terá restrições
AJB 28/03/97 19h17
De Brasília
O ministro da Educação, Paulo Renato Souza, anunciou
que o ministério vai estabelecer regras para a criação de novos
cursos e instituições de ensino superior, junto com os critérios para o seu
recredenciamento pelo Conselho Nacional de Educação (CNE). O
recredenciamento foi estabelecido por uma lei aprovada no ano passado. Um
dos objetivos do ministério é restringir a expansão de cursos e
instituições em regiões onde há excesso de vagas, como os Estados do Sudeste.
Nos últimos dois anos, 3.328 pedidos de criação de novos cursos
chegaram a se acumular no ministério. Não estão incluídos
nesse número os cursos que são criados pelas universidades, que
não precisam de autorização prévia do ministério. Desses
cursos, 1.548 são da região Sudeste, onde já existe uma vaga
para cada 1,3 estudante.
Em áreas onde há excesso de vagas, o ministério só pretende reconhecer novas
propostas que assegurem um padrão de qualidade superior à média dos
cursos já oferecidos, ou que sejam efetivamente inovadoras. O ministro já
informou aos reitores das universidades públicas e particulares que sua
prioridade, neste ano, "é discutir a carreira dos professores e melhorar a
qualidade do ensino superior, com o credenciamento e recredenciamento dos
cursos".
A regulamentação sobre o assunto será submetida logo ao Conselho
Nacional de Educação, que desde o ano passado, além de opinar sobre a
criação de novos cursos e instituições, passou a deliberar sobre o
recredenciamento. Na normatização, o ministério quer estabelecer o
prazo de cinco anos para que os cursos passem por uma reavaliação.
Durante esse tempo, o ministério utilizará mecanismos de avaliação,
entre eles, a prova de final de curso, o provão. Dependendo da
avaliação, cursos e instituições poderão ser suspensos.
O ministro disse, ainda, que o governo vai investir mais, a partir de agora,
nos cursos de graduação. "Reconheço que a pós-graduação tem
sido o primo rico do ensino superior, mas essa situação vai mudar.
Por outro lado, vamos cobrar mais qualidade do ensino oferecido pelas
universidades", afirmou Paulo Renato.
Distorções
Um estudo feito pelo MEC aponta distorções no comportamento de universidades
privadas, que estariam se aproveitando de sua autonomia para promover uma
expansão acelerada. "Existe uma tendência de utilização de uma
universidade como uma espécie de guarda-chuva para permitir às mantenedoras
a criação de novos estabelecimentos de ensino, em outros municípios
ou mesmo em outros Estados, sem autorização prévia do MEC", apontam
os técnicos do ministério.
Essa situação, segundo o ministério, favorece as universidades
multi-campi que não passam de redes de estabelecimentos
independentes, criados por uma mesma mantenedora. O estudo do MEC assinala
que universidades multi-campi se justificam em casos especiais, citando o
exemplo de universidades comunitárias do Rio Grande do Sul.
Com as novas regras que serão submetidas ao conselho, o ministro da
Educação planeja, ainda, desburocratizar o processo de criação
de novos cursos e de novas instituições, e aumentar o grau de autonomia das
instituições que não sejam universidades. Através desse controle, o
ministério estaria intervindo para evitar uma competição desenfreada,
que, segundo os técnicos, ao invés de promover uma melhoria de qualidade dos
serviços, "vai estimular uma guerra de preços e uma caça a candidatos que
procurem facilidade na obtenção de diplomas".
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