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Tragédia no
Vôo 402

Sindicato de Aeroviários
denuncia falta de manutenção

"O treinamento dos mecânicos é precaríssimo", diz sindicalista

AJB 31/10 17h14
De Brasília

O Sindicato Nacional dos Aeroviários afirma que as empresas aéreas brasileiras investem pouco em manutenção e que os vôos acontecem com baixo nível de segurança. Segundo Francisco Carlos Teixeira, um dos três coordenadores nacionais do sindicato, "o treinamento dos mecânicos de aviação é precaríssimo". O sindicalista diz que "há casos em que os mecânicos trabalham na manutenção de aeronaves sem ter feito o curso específico para trabalhar neste tipo de aeronave".

Francisco diz que o quadro é grave "tanto nas pequenas empresas de táxi aéreo quanto nas grandes companhias, que mantém linhas regulares". O sindicato dos aeroviários reúne os trabalhadores das companhias aéreas que trabalham em terra, incluindo a área de manutenção. Segundo Francisco, o sindicato recebeu denúncias de que algumas companhias não mantém nem mesmo os manuais de manutenção das aeronaves em alguns aeroportos onde seus aviões fazem escala.

Os baixos salários são outra queixa do sindicato. O piso salarial de um mecânico de aeronave é de 450 reais em empresas de aviação comercial. Nas empresas de táxi aéreo, este piso é de 280 reais. "Com estes salários baixos, os mecânicos são obrigados a trabalhar em dois empregos, diminuindo a qualidade do serviço", reclama Francisco.

O sindicato não informa que empresas têm maiores falhas na manutenção. Oficialmente, a razão é que estas denúncias são encaminhadas sigilosamente ao DAC (Departamento de Aviação Civil), do Ministério da Aeronáutica.

Na prática, a razão é outra. Há poucos meses, o sindicato enfrentou um processo judicial por calúnia, movido justamente pela TAM. Para evitar uma condenação, os sindicalistas passaram a ser mais cautelosos com as críticas.

A briga entre a TAM e o sindicato envolveu justamente a área de manutenção. Em junho, o sindicato denunciou ao DAC que a TAM estava terceirizando a manutenção de seus aviões no aeroporto de Belo Horizonte. A denúncia contava que os mecânicos tinham sido demitidos e seriam contratados pela empresa TransPizani, que já terceiriza outros serviços da TAM em Minas Gerais.

A queixa foi investigada e os sindicalistas dizem que a TAM voltou atrás e recontratou os mecânicos. Isto fez com que o sindicato divulgasse um documento dizendo que a empresa teria sofrido uma "intervenção" do DAC. O documento levou a TAM a processar o sindicato por calúnia e difamação. No final de julho, o sindicato fez um acordo com a TAM na justiça retirando as acusações.

Gustavo Krieger