Temer é eleito presidente da Câmara Líder do PMDB recebe 257 votos, menos do que previa o governo Agência Folha 05/02/97 21h06 De Brasília
O rolo compressor do governo continuará em ação para aprovar também as reformas constitucionais que estão paradas (tributária, administrativa e política). O ex-presidente da Câmara Luís Eduardo Magalhães (PFL-BA), aliado de Temer, atribuiu o erro nas contas a uma má avaliação sobre os votos do PPB e do PTB. "Embananamos nas contas", disse ele a deputados do PFL. O comando da campanha atribuiu a surpresa ao trabalho de boca-de-urna dos adversários, mas admitiu que houve traições.
O líder do PMDB foi eleito numa aliança com o PFL e o PSDB, que formam o núcleo da base governista. O apoio do Executivo foi um prêmio ao esforço de Temer pela aprovação da emenda da reeleição, na semana passada. A eleição também consagrou o cumprimento de um acordo entre o PMDB e o PFL feito em 1995, quando Luís Eduardo foi eleito. Também trabalharam a favor do candidato 11 governadores do PFL, PSDB, PMDB, PPB e PSB. Nesta quarta, durante café da manhã com o candidato governista, Sérgio Motta avaliou em "mais de 350" o número de votos considerados seguros. O vice-líder do PMDB Eliseu Padilha (RS), responsável pela contabilidade, previa 320 votos. Temer conquistou exatamente o apoio da maioria absoluta dos membros da Casa (257 de 513). Se houvesse um voto a menos, a polêmica em torno do quórum necessário para a eleição em primeiro turno poderia acabar no STF (Supremo Tribunal Federal). Luís Eduardo anunciou que daria a vitória ao candidato que obtivesse maioria absoluta entre os votos válidos (251 de 501). O PT argumentava que seria necessária a maioria absoluta da Casa. Temer foi eleito com o discurso corporativista de Wilson Campos, que se apresentava com representante do chamado "baixo clero" (deputados sem grande liderança política na Casa). O líder do PMDB prometeu encontrar uma fórmula para aumentar os salários dos deputados e a verba de gabinete, utilizada para a contratação de assessores. Prometeu ainda criar um canal de TV a cabo para divulgar os trabalhos dos parlamentares. Foi eleito 1º vice-presidente da Câmara o deputado Heráclito Fortes (PFL-PI), presidente do IPC (Instituto de Previdência dos Congressistas) e um dos mais fiéis aliados de Luís Eduardo. O 1º secretário será Ubiratan Aguiar (PSDB-CE).
Governo fracassa ao O governo foi derrotado na tentativa de afastar um integrante da Mesa da Câmara ligado ao ex-prefeito Paulo Maluf (São Paulo). O candidato do PPB à 2ª vice-presidência Severino Cavalcanti (PE) venceu o candidato do governo, deputado Pauderney Avelino (PPB-AM), por 323 votos a 133. Apesar de indicado oficialmente pelo partido para ocupar a vaga, Cavalcanti foi vetado pelo comando político do governo. Na semana passada, Cavalcanti seguiu a recomendação do partido e se absteve na votação da emenda que permite a reeleição do presidente Fernando Henrique Cardoso. O deputado, no entanto, declarou ser contra a possibilidade de reeleição. "Ele vota contra o governo, xinga, critica. Ele não vota comigo e eu não voto nele", afirmou o líder do governo na Câmara, Benito Gama (PFL-BA). Benito foi um dos responsáveis pelo veto ao deputado, junto com o líder do PFL, Inocêncio Oliveira (PE). A indicação de Pauderney para a chapa oficial do presidente Michel Temer (PMDB-SP) contou com o aval do ministro Francisco Dornelles (Indústria e Comércio), que trabalhou junto com o governo para a aprovação da emenda da reeleição. O cargo pertence ao PPB, de acordo com as regras de proporcionalidade verificada na distribuição das vagas da Mesa. "Essa foi a primeira derrota do governo. O ministro Sérgio Motta (Comunicações) telefonou para os deputados pedindo o voto contra mim", disse Cavalcanti. Apesar de muitos candidatos à Mesa, apenas os concorrentes para a 2ª secretaria, Nelson Trad (PTB-MS) e Vicente Cascione (PTB-SP), não atingiram o número mínimo de votos para se elegerem. Nesse caso, haverá segundo turno em data ainda a ser marcada. Trad é o candidato oficial do governo.
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