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PMDB quer ampliar participação no governo

Agência Folha 05/02/97 21h09
De Brasília

Garantida a eleição de Michel Temer (PMDB-SP) para a presidência da Câmara, o PMDB partirá agora para a eleição de um líder de bancada que consolide sua aliança com o governo. O partido quer espaço na reforma ministerial em março. Entre os candidatos a líder, o mais alinhado ao governo é Geddel Vieira Lima (BA). Ele integrou o comando da campanha pela aprovação da emenda da reeleição e foi um dos coordenadores da campanha de Temer.

O concorrente mais forte é João Almeida (BA), que perdeu a disputa pela liderança para Temer por apenas três votos em 95. Mas o deputado votou contra a emenda da reeleição e saiu enfraquecido do processo. O nome de Geddel enfrenta resistências na bancada em virtude de sua estreita ligação com o ex-presidente da Câmara Luís Eduardo Magalhães (BA).

O deputado Jurandir Paixão (SP), que vai votar em Almeida, define o quadro: "O João se enfraqueceu na emenda da reeleição, mas tem mais penetração na bancada, é mais independente. O Geddel é mais conservador".

O candidato José Luiz Clerot (PB) é governista e votou a favor da reeleição, mas não participou do comando da campanha. Ficou muito tempo dividido entre os apelos do senador Ronaldo Cunha Lima (PB), que era contra, e o governador José Maranhão (PB).

O vice-líder do PMDB Henrique Eduardo Alves (RN) afirma que o novo líder deverá conduzir o partido para uma relação mais estreita com o governo. Ele considera que chegou o momento de o PMDB ocupar mais espaços no governo.

A aprovação da reeleição e a eleição de Temer teria consolidado a aliança entre o PMDB, o PFL e o PSDB, justamente os três partidos que integram o núcleo do governo Fernando Henrique Cardoso.

Geddel deixa clara a sua posição em relação ao governo: "O partido tem que deixar o drama shakespeariano de 'ser ou não ser'. Um partido com a história do PMDB tem que ser governo".

Almeida afirma que o PMDB é um aliado do governo e "tem que se comportar como tal". Diz que sempre acompanhou o governo. Teria votado contra a reeleição devido a um contexto especial: a Convenção Nacional do PMDB havia determinado o adiamento da votação.

No segundo turno de votação, porém, Almeida afirma que votará a favor da reeleição, porque essa foi a decisão da maioria da bancada. "Como líder, eu terei que seguir a decisão da maioria", disse.

Clerot também jura fidelidade ao governo. "Nunca fui indeciso. Fui a favor da reeleição já na revisão constitucional. Só que eu não fico expressando o meu voto a toda hora para a imprensa."

Almeida conversou com o ministro Luiz Carlos Santos (Assuntos Políticos) hoje, no plenário da Câmara, sobre a disputa pela liderança do partido. Santos jurou que o governo não vai interferir.

"Isso é doideira. É um assunto interno do PMDB. O governo não vai entrar num túnel na contramão ", disse o ministro após a conversa. (Lúcio Vaz)

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