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Anibal considera 'temerária' demora de mais uma semana

Agencia Folha/AJB 20/01/97 22h18
De Brasília e de São Paulo

Reeleicao O líder do PSDB na Câmara, José Aníbal (SP), disse nesta segunda-feira (20) que considera "temerária" a hipótese de votar a emenda da reeleição apenas no dia 29 de janeiro. "Nosso horizonte continua sendo o do dia 22. O dia 29 seria como a 25ª hora. Não podemos deixar tudo para o último momento ou um imprevisto pode comprometer tudo", afirmou.

Apesar da insistência do líder de indicar a data de quarta-feira como a ideal, o PMDB continua sendo um entrave. Geddel Vieira Lima (PMDB-BA), vice-líder do partido, disse que as negociações com o governo não evoluíram. Parte da bancada se recusa a votar quarta-feira, atendendo à recomendação da convenção nacional de analisar o assunto somente em fevereiro, depois da eleição para as presidências das Mesas da Câmara e do Senado. Se o partido não der mostras de que apoiará a reeleição, o calendário pode sofrer uma nova alteração. "Aqui ninguém vota sem o PMDB", disse José Aníbal. Para ele, a questão das Mesas "pode ser objeto de negociação".

O líder espera receber nesta terça um relatório sobre a opinião predominante entre os peemedebistas. Os vice-líderes do PSDB foram encarregados de procurar os demais deputados governistas de seus Estados, durante o fim-de-semana, para tentar reduzir as resistências à proposta. Como argumento em defesa da votação acelerada, Aníbal cita as "expectativas da sociedade". Ele afirmou ter recebido uma pesquisa do Sinduscon -sindicato que reúne as empresas de construção civil- na qual 97% dos associados se declaram a favor da reeleição.

Líderes do PFL, que também defendem a votação na quarta-feira, passaram o dia em reuniões para tentar acertar uma data. O presidente licenciado do partido, Jorge Bornhausen, apostava em um entendimento dos líderes. "Continua conforme foi combinado com o presidente", disse Bornhausen, se referindo à determinação de Fernando Henrique Cardoso de votar o primeiro turno nesta semana. O assunto também foi discutido em um almoço entre o presidente da Câmara, Luís Eduardo Magalhães (PFL-BA), e o líder do governo na Câmara, Benito Gama (PFL-BA).

Roseana tenta
"pacificação"

A governadora do Maranhão, Roseana Sarney, iniciou hoje sua missão de "pacificação" para tentar um acordo entre seu pai, o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), e o presidente Fernando Henrique Cardoso, que permita a votação da emenda da reeleição neste mês de janeiro. Sarney sentiu-se ofendido por Fernando Henrique que passou uma descompostura por escrito, em represália à decisão da Convenção Nacional do PMDB contra a emenda da reeleição.

Roseana disse que vai tentar "uma nova rodada de conversas" entre seu pai e o presidente da República. "Quero que eles voltem a ter a mesma união, pois o único caminho entre dois políticos como eles, é o do entendimento", declarou a governadora.

PT diz que
não aceita negociar

A Executiva Nacional do PT decidiu que o partido não fará nenhum tipo de acordo com o governo em torno da emenda da reeleição, ainda que o Planalto acene com um plebiscito ou um referendo. "Somos contra a reeleição e vamos derrotar o governo", diz o presidente do PT, José Dirceu. "É um escândalo o que o governo está gastando em publicidade. O presidente transformou o Palácio do Planalto em comitê eleitoral e não deve nada aos ditadores que faziam a propaganda do milagre brasileiro", criticou Dirceu.

O PT vai manter a estratégia de promover manifestações populares contra a reeleição. Haverá protestos nesta semana em Brasília, São Paulo e Cuiabá. "Nossos prefeitos já estão sendo convocados a fazer manifestações em suas cidades. Também vamos transformar a homenagem no Congresso aos 100 anos de Barbosa Lima Sobrinho (dia 22) num grande ato contra a reeleição", disse José Dirceu.

Deputado quer
suspender publicidade

O deputado Aldo Rebelo (PC do B-SP) encaminhou nesta segunda à Procuradoria Geral Eleitoral representação contra a propaganda pró-reeleição dos institutos Tancredo Neves (PFL) e Teotonio Vilella (PSDB).

Segundo a assessoria do deputado, ele quer que a propaganda, veiculada em outdoors e pela televisão, seja suspensa por "defender claramente interesses pessoais". Na representação, Rebelo pede ainda que sejam apresentados os comprovantes de pagamentos às agências de publicidade e o esclarecimento da origem dos recursos. A representação depende agora de um parecer da procuradoria.

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