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TSE proíbe propaganda da reeleição
PMDB quer votar reeleição só no dia 5
Agência Folha/AJB 23/01/97 23h00
De São Paulo e de Brasília
O presidente interino do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), ministro Costa Porto,
determinou nesta quinta-feira (23) a suspensão da campanha publicitária pró-reeleição
veiculada por rádio e televisão. Os institutos ligados ao PSDB e ao PFL,
patrocinadores da campanha, já haviam suspendido as propagandas na quarta por
considerarem seu objetivo cumprido. Costa Porto advertiu os partidos, atendendo
em parte representação do PDT e PC do B movida na terça-feira.
A ação pediu a suspensão da campanha publicitária por fazer propaganda eleitoral
do presidente Fernando Henrique Cardoso. "Defiro liminar para o fim limitado de
advertir o PFL e o PSDB para que observem os requisitos legais relativos a seu
acesso ao rádio e televisão, sob pena de desobediência", diz a decisão de Porto.
Segundo a representação, a campanha publicitária fere o artigo 45 da lei 9.096, de
1995. Esse artigo proíbe "a divulgação de propaganda de candidatos a cargos
eletivos e a defesa de interesses pessoais e de outros partidos". O ministro advertiu
os partidos de que poderão ser punidos por desobediência, com perda de direito
ao horário gratuito, se não observarem a proibição de fazer propaganda de
candidatos.
O advogado Paulo Machado, do PC do B, disse que a decisão do TSE já aponta
como ilegal a propaganda veiculada pelos institutos ligados ao PFL e PSDB. O
mais grave, segundo ele, é que a propaganda foi paga por entidades que apóiam a
reeleição de FHC. "A legislação só permite propaganda gratuita para não
caracterizar abuso de poder econômico", disse o advogado.
Os senadores do PMDB estão propondo que a emenda da reeleição seja votada
na Câmara em primeiro turno apenas no dia 5 de fevereiro -o governo pretende
colocá-la em votação na próxima quarta-feira, dia 29. O deputado Ronaldo Perim
(PMDB-MG) se encontrou com o presidente Fernando Henrique Cardoso na
manhã desta quinta-feira e mostrou rascunho de documento no qual os
peemedebistas se comprometem a votar a emenda da reeleição no dia 29, mas
afirmam que não se comprometem a repetir o voto no segundo turno caso o
deputado Michel Temer (PMDB-SP) não seja eleito presidente da Câmara ou
haja interferência do governo a favor de Antônio Carlos Magalhães (PFL-BA),
que é candidato à presidência do Senado.
Minutos depois de ter sido informado da proposta dos senadores do PMDB,
FHC afirmou que, "nos momentos em que as rupturas são necessárias, rompe-se".
Sem mencionar o partido ou o alvo de seu comentário, o presidente insistiu na tese
de que a situação do país hoje "pede a convergência" de todos os setores da
sociedade para dar continuidade ao que chamou de "revolução silenciosa".
"Normalmente os (momentos) de ruptura duram menos, mas têm efeitos mais
imediatos", observou o presidente.
O governo, com o aval da liderança do PMDB na Câmara, resolveu enfrentar a dissidência peemedebista no Senado e confirmou a votação da emenda que permite a reeleição do presidente Fernando Henrique Cardoso para terça-feira.
"O Senado é outra etapa. A primeira é vencer na Câmara", disse o líder do governo na Câmara, Benito Gama (PFL-BA).
O líder do PMDB na Câmara, Michel Temer (SP), começou a conversar com os deputados da bancada para tentar garantir votos no dia 28.
Governistas descartam
consulta popular
O comando político do governo descartou a possibilidade de submeter a reeleição
a um referendo popular. "Só consideraríamos o referendo se houvesse dificuldades
de votos: vamos ganhar sem referendo nem plebiscito", afirmou o líder do governo
na Câmara, deputado Benito Gama (PFL-BA).
O líder do PFL, Inocêncio
Oliveira (PE), disse que o governo não precisa dos votos de deputados da
oposição que admitiam apoiar a reeleição se a emenda constitucional fosse
submetida a um referendo. "Não precisa: se esses votos quiserem vir, tudo bem,
mas com a exigência do referendo, não", observou Inocêncio. Na contabilidade
dos votos favoráveis à reeleição feita na casa do presidente da Câmara, Luís
Eduardo Magalhães (PFL-BA), o referendo foi "retirado de pauta" com o aval das
lideranças do PSDB.
A decisão do comando político foi investir na chamada "via congressual" para
fazer valer a chance de o presidente Fernando Henrique Cardoso disputar um
segundo mandato: a regra depende exclusivamente do apoio de 308 deputados e
49 senadores em dois turnos de votação na Câmara e no Senado. Os líderes
governistas alegam que o referendo não garantiria muitos votos de deputados
oposicionistas à emenda da reeleição.
O PT -partido que propôs o referendo-
decidiu não apoiar a reeleição em troca da consulta popular 60 dias após a
decisão do Congresso. O PT tem 51 votos na Câmara. "São uns 15 a 20
deputados que aceitam votar a reeleição", calcula o senador Roberto Freire
(PPS-PE), engajado no movimento parlamentar de defesa do referendo popular.
Esses votos viriam de PPS, PV, PSB, PDT e também do PMDB e do PPB, avalia
o senador. "Fica contra o referendo quem quer manter o monopólio de uma
decisão como esta, quem defende o balcão de negócios", criticou Freire.
Prefeitos preparam
manifestação em Brasília
A Associação Brasileira de Municípios, presidida pelo deputado Welson Gasparini
(PSDB-SP), está convocando os prefeitos de todo o país para ir a Brasília dia 29,
quando será votada a emenda da reeleição. Os prefeitos tentarão mudar a opinião
dos deputados de seus Estados contrários à idéia de dar também a prefeitos e
governadores o direito de reeleger-se.
"É jogo baixo de alguns deputados quererem aprovar a eleição apenas para
presidente porque têm interesse em candidatar-se nas próximas eleições", disse
Gasparini, ex-prefeito de Ribeirão Preto (SP). O deputado acha que, "se reeleição
é bom para o Brasil", também o é para prefeitos e governadores.
No dia 29, às 10h, segundo Gasparini, os prefeitos vão encontrar-se com o
presidente Fernando Henrique Cardoso, no Palácio do Planalto. A convocação
dos prefeitos pela Associação Brasileira de Municípios inclui debate no dia 28,
com os ministros da Educação, Paulo Renato Souza, Saúde, Carlos César de
Albuquerque, Previdência Social, Reinhold Stephanes, e do Planejamento, Antonio
Kandir. A partir das 14h, cada ministro falará durante meia hora, com mais 30
minutos para debates, no auditório Nereu Ramos, no Congresso.
Novo líder do PT quer
oposição "dura" a FHC
O novo líder do PT na Câmara, deputado José Machado, assumiu nesta
quinta-feira o cargo com a promessa de "fazer um oposicionismo duro ao
presidente Fernando Henrique", mantendo a linha já seguida pelo partido. O
deputado disse que a principal preocupação agora é "mostrar que não é
conveniente ao país o processo de reeleição". Segundo ele, o país está parado
pela discussão da emenda e o partido está "indignado com esta situação".
Sobre a eleição da nova presidência da Câmara, Machado disse que a plataforma
de Prisco Viana (PPB-BA) "impressiona". O que o PT quer, de acordo com o
novo líder, é justamente uma proposta de "independência do Executivo que
massacra esta Casa (Câmara)". Se o PT realmente apoiar a candidatura de Viana,
esta será uma aproximação inédita com o PPB.
PFL oficializa apoio à
candidatura de ACM ao Senado
A executiva do PFL reuniu-se na manhã desta quinta-feira em Brasília e aprovou,
por unanimidade, um documento a favor da candidatura de Antonio Carlos
Magalhães (PFL-BA) à presidência do Senado. O prefeito do Rio, Luiz Paulo
Conde, esteve presente à reunião.
O documento pede "esforço" dos senadores do partido para aumentar ao máximo
a sustentação da candidatura de ACM, buscando o apoio dos demais partidos.
Segundo o deputado José Jorge (PFL-PE), presidente do partido, ACM tem
apoio unânime da bancada pefelista no Senado. Também concorre à presidência
da Casa o senador Iris Rezende (PMDB-GO).
Prisco terá apoio
da esquerda na Câmara
Com o apoio da maioria dos deputados de PT, PDT e PC do B, o malufista Prisco Viana (PPB-BA) se transformou no candidato da esquerda à presidência da Câmara.
Lideranças dos três partidos calculam que 56 dos 87 deputados de suas bancadas são favoráveis à eleição do pepebista.
"A candidatura conta com a simpatia da esquerda. E, como dizem, simpatia é quase amor", disse o deputado petista Marcelo Deda (SE).
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