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Declaração de Jobim aumenta crise com o partido

Agência Folha 24/01/97 21h52
De Recife, de Brasília e de Porto Alegre

Reeleicao O líder do PFL na Câmara, Inocêncio Oliveira (PFL-PE), disse que o governo está disposto a fechar acordo com o PMDB para aprovar a reforma política defendida pelo partido, mas não concorda que seja votada junto com a reeleição. Inocêncio acompanhou Fernando Henrique Cardoso na visita que o presidente fez nesta sexta-feira (24) a Pernambuco, para lançar projeto de bolsa de estudos para crianças que trabalham no campo. Ele disse que o governo já tem 330 "votos garantidos" para a reeleição.

No caso do acordo para a reforma política, Inocêncio afirmou que já há um "compromisso assumido" com o PMDB. O governo, segundo ele, daria apoio para que a proposta dos peemedebistas entrasse em pauta de votação após a aprovação da emenda da reeleição. Segundo Inocêncio, o acordo da reforma deve incluir fidelidade partidária, voto distrital misto, voto facultativo, extinção do segundo turno para prefeitos e governadores e veto à divulgação de pesquisas 15 dias antes da eleição. Para ele, há divergência em um único ponto -o prazo de desincompatibilização para quem vai disputar cargos eleitorais.

Cerca de 15 deputados viajaram com o presidente Fernando Henrique Cardoso no avião presidencial que o levou na manhã desta sexta-feira de Brasília a Recife. Durante o vôo, FHC aproveitou para pedir apoio à emenda da reeleição. Entre os deputados presentes, estavam Wilson Campos (PSDB-PE) e Inocêncio Oliveira (PFL-PE), além de três deputados do PSB favoráveis à reeleição.

Declaração de Jobim
amplia crise com PMDB

O ministro Nelson Jobim (Justiça) ampliou a crise do PMDB ao afirmar que a Convenção Nacional do partido, realizada no dia 12, foi uma "fraude" e que o PMDB é hoje "uma grande confederação de partidos regionais em extinção". O presidente nacional do PMDB, deputado Paes de Andrade (CE), divulgou nota afirmando que o ministro, "sem votos, está contaminado pelo autoritarismo do governo". E completou: "O PMDB é um partido de homens e não de ovelhas".

Jobim, favorável à possibilidade de reeleição do presidente Fernando Henrique Cardoso, disse que a votação da moção que determinou o adiamento da votação da emenda da reeleição para depois de 15 de fevereiro não teve "representatividade". "Quem tinha voto não estava no plenário da convenção. Estavam ativistas que haviam sido manipulados por Orestes Quércia (ex-governador de São Paulo) e por outros líderes partidários", disse Jobim em entrevista à radio Gaúcha de Porto Alegre (RS).

Paes respondeu: "O que podemos fazer se os governadores alinhados com o Planalto não ousaram defender a tese da reeleição, olhando nos olhos dos delegados da base partidária?"

A assessoria de imprensa do ministro afirmou, à tarde, que o ministro confirmava o teor da entrevista. Negou apenas que tivesse utilizado a expressão "fraude" ao comentar a convenção.

PDT fará campanha na
TV contra a reeleição

O PDT vai começar na próxima semana o contra-ataque no rádio e na TV à campanha pela possibilidade de reeleição do presidente Fernando Henrique Cardoso. A campanha do partido contra a reeleição começa no dia 28, data marcada pelo governo para o início da votação da emenda pelo plenário da Câmara. Serão 60 inserções de 30 segundos e dez de um minuto.

Na campanha, o presidente do partido, Leonel Brizola, deverá criticar as ações do governo, principalmente as na área econômica. Seu discurso deverá ressaltar o desemprego no país e os gastos do governo com o Proer, o programa de socorro aos bancos. Brizola deverá também comparar o desempenho econômico do Brasil com a Argentina e o Peru, países cujos presidentes (Carlos Menem e Alberto Fujimori) conseguiram se reeleger depois de alterarem as regras constitucionais.

A oposição vai exigir votações separadas de duas emendas que estabelecem o plebiscito e o referendo por meio do dispositivo regimental conhecido por DVS (Destaque para Votação em Separado). "Vamos mostrar que o governo não quer a consulta popular, porque optou pela campanha maciça nos meios de comunicação", afirmou o deputado José Genoino (PT-SP).

A emenda do referendo é de autoria dos deputados petistas José Genoino e Milton Temer (RJ). A emenda do plebiscito foi apresentada pelo então deputado Beto Mansur (PPB), hoje prefeito de Santos (SP).

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