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Lula defende fim da unicidade sindical, mas rejeita MP
 

AJB 09/11/98 20h11
De São Paulo

O líder nacional do Partido dos Trabalhadores (PT), Luiz Inácio Lula da Silva, defendeu nesta segunda (9), em São Paulo, mudanças em artigos da Constituição que tratam da vida dos sindicatos. O governo Fernando Henrique Cardoso pretende fazer uma reforma na área trabalhista no que se refere à autonomia e liberdade sindicais, a extinção do imposto sindical e ao caráter normativo da Justiça trabalhista.

Lula, porém, criticou a forma como o governo está conduzindo o processo. "Isso não pode ser feito por meio de medida provisória. O governo deveria chamar os principais dirigentes sindicais brasileiros para conversar. Temos uma cultura de 50 anos e seria preciso uma período de transição", disse o petista, em entrevista à rádio CBN, no início da tarde, referindo-se à herança getulista e à ameaça de extinção de milhares de pequenos e médios sindicatos em todo o país, principalmente no interior. "Só devem ficar os sindicatos realmente representativos, mas é preciso sentar com os dirigentes", ressaltou.

O Brasil tem, ao todo, cerca de 16 mil sindicatos, sendo 11 mil de trabalhadores (os demais são patronais), de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Segundo Lula, é importante acabar com unicidade sindical. "Comecei minha vida como sindicalista criticando a unicidade sindical e defendendo autonomia e liberdade dos sindicatos. Os trabalhadores devem escolher a que sindicato querem se filiar", afirmou.

Lula, que durante a campanha eleitoral para presidente da República defendeu a união das diversas correntes sindicalistas em torno de objetivos comuns em tempo de crise e a aproximação das entidades junto à massa dos desempregados para criar um movimento articulado junto a essa nova imensa leva de excluídos, reconheceu que a modernização (e a crise) do capitalismo exigem novas posturas das lideranças dos trabalhadores.

"Não podemos ser em 1998 sindicalistas como nos anos 70. As relações entre capital e trabalho mudaram bastante, as formas de produção também, e a economia está cada vez mais internacionalizada e interdependente", afirmou Lula.





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