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Frase de FHC sobre pena de morte, em jornal francês, gera polêmica

21/04/2000 21h11

Da Folha de S.Paulo

A interpretação de uma frase de Fernando Henrique Cardoso numa entrevista ao jornal francês "Le Figaro" causou um mal-entendido nesta sexta-feira (21).

Na entrevista, FHC cita a pena de morte como um dos meios utilizados pelo governo norte-americano na contenção da violência.

A informação chegou à Bahia como se o presidente tivesse apoiado a adoção da pena de morte. Perguntado sobre o tema, negou ser favorável à medida. "Não falei com o ‘Le Figaro’, mas se ele (jornal) afirma isso, eu nego. Certamente sou contra a pena de morte", afirmou.

Horas depois, já no meio da tarde, a assessora de imprensa da Presidência, Ana Tavares, disse aos jornalistas que o presidente não se lembrava, mas realmente dera a entrevista ao jornal francês "há bastante tempo".

Na entrevista, que ocupou meia página da edição de ontem do "Figaro", o presidente classificou a violência como "o problema número um" do Brasil.

"No Brasil, mata-se com muita facilidade", afirmou, dizendo em seguida que a violência não é um "problema sem solução". FHC então citou o exemplo dos Estados Unidos, que "nos anos 70 e 80 também passaram por ondas de violência que conseguiram controlar". "É preciso utilizar todos os meios: a prevenção, a repressão, a polícia, a justiça."

"E a pena de morte?", questionaram os jornalistas que o entrevistaram. "E a pena de morte", respondeu o presidente.

A entrevista foi concedida aos jornalistas Charles Lambroschini, vice-diretor de redação do "Figaro", e Cécilia Gabizon, correspondente do jornal no Rio.

De acordo com Cécilia, quando falou sobre a pena de morte, FHC estava se referindo ao que acontece nos Estados Unidos, e não se manifestando favorável à adoção da medida no Brasil.

O presidente fez críticas ao processo judicial no Brasil, dizendo que "as leis são frequentemente datadas e dão muita margem à defesa, sobretudo quando os acusados são ricos".

"Com um bom advogado, pode-se fazer um processo se arrastar durante anos", disse. Também criticou o MST, dizendo ter feito uma grande reforma agrária. "Fora de um contexto revolucionário, como no México ou na Rússia soviética, jamais houve algo de tão radical na história."

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