Fitas revelam corrupção na arbitragem de futebol
Agência Folha
De São Paulo

Fitas com gravações telefônicas exibidas em maio desencadearam uma crise no futebol brasileiro. Uma voz identificada como a de Ivens Mendes, então presidente da Conaf (Comissão Nacional de Arbitragem de Futebol), pedia R$ 25 mil a uma pessoa apontada como presidente do Atlético-PR, Mário Celso Petraglia. O dinheiro seria usado por Mendes em sua campanha para deputado federal nas eleições de 98. O dirigente da Conaf ainda insinuava que o time paranaense poderia ser beneficiado em jogo contra o Vasco pela Copa do Brasil. A fita também apresentava suposta conversa em que Mendes pede ajuda financeira ao presidente do Corinthians, Alberto Dualib. Mendes, que havia presidido a Conaf nos últimos dez anos, pediu demissão na tarde do dia da apresentação da fita, alegando que sua família estava recebendo ameaças de morte. Petraglia negou participação em qualquer esquema de fraudes com Ivens Mendes. Dualib disse, num primeiro momento "que não sabia de nada" e depois, ouvido numa subcomissão da Câmara que investigava o escândalo da arbitragem, disse que sua relação com Mendes era pessoal e não envolvia o Corinthians. Dos envolvidos nas denúncias, Mendes foi banido do futebol pelo STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva), Dualib foi suspenso por dois anos e Petraglia eliminado do futebol. As penas impedem Dualib e Petraglia de representar os seus clubes na CBF, mas não interfere na administração dos times. O Atlético-PR foi suspenso por 360 dias, mas a suspensão não afastou o clube de qualquer torneio. O Corinthians nada sofreu. Nenhum dirigente da CBF foi envolvido e também nenhum árbitro foi acusado de fazer parte do suposto esquema de armação de resultados. Mendes, o Atlético-PR, Dualib e Petraglia vão recorrer à Justiça comum para anular as punições enquanto uma subcomissão da Câmara investiga o caso.