Acusada de fraudar INSS se entrega na costa rica

Agência Folha
De São Paulo

A advogada Jorgina Maria de Freitas Fernandes, acusada de aplicar fraudes de R$ 123 milhões na Previdência Social, entregou-se à polícia de San Jose, na Costa Rica, depois de cinco anos de fuga. Acusada e condenada por fraudes contra a Previdência Social, Jorgina fez várias plásticas para mudar de fisionomia e não ser descoberta em sua fuga. O governo brasileiro pediu a extradição de Jorgina à Justiça da Costa Rica. "Meu processo foi totalmente furado. Não tivemos direito à revisão, fomos julgados em uma única instância, como se fosse num tribunal de guerra. Isso não existe! Ou o país é realmente uma democracia, ou tudo não passa de discurso", disse Jorgina. Jorgina disse ainda que, se o processo for reaberto, tem condições de provar sua inocência. "Eu posso provar por A mais B que todos os meus cálculos estavam corretos. Eu não roubei a Previdência Social, esse dinheiro era dos meus clientes e foi entregue", afirmou. Jorgina é acusada de integrar uma quadrilha que desviou US$ 500 milhões da Previdência, segundo a Procuradoria Geral do INSS. A quadrilha atuou basicamente entre 1990 e 1991 e era integrada por 15 pessoas, entre advogados, juízes, funcionários do Judiciário e procuradores do INSS. Entre os condenados estão dois procuradores do instituto, um dos quais já morreu, e o juiz Nestor do Nascimento, que está preso. Em 83, Jorgina iniciou um processo no INSS em nome de Marcelino Cleto Toledo, sem ter procuração. Com esse caso, ela recebeu US$ 3,7 milhões, em 90. Em processo aberto em 82 no INSS, continuou representando Assis dos Santos mesmo após sua morte, em 86. Recebeu, em 91, US$ 31,2 milhões referentes ao caso. Em 92, Jorgina foi condenada em dois processos a penas que, somadas, atingem 25 anos de prisão. Após a condenação, Jorgina fugiu do Brasil. Em 94, a advogada foi localizada em Miami, onde tinha negócios e imóveis. O governo brasileiro pediu a prisão e extradição da advogada, o que foi concedido. Mas Jorgina fugiu para a Costa Rica. Em janeiro de 97, Jorgina foi condenada pela Justiça americana a pagar US$ 123 milhões ao INSS. Em setembro último, o INSS obteve na Justiça de Miami o bloqueio das contas bancárias de 15 empresas de Jorgina, de dois de seus filhos, dos irmãos e da cunhada.