Da Redação
Costa e Silva toma posse prometendo democracia, mas sua "política
de alívio" não resistiu muito tempo. O governo
começou a enfrentar uma oposição crescente,
com cisões em sua própria base, a Arena. Costa e Silva
inicia então um endurecimento político que culminaria
com o fechamento do Congresso entre 13 de dezembro de 1968 e 22
de outubro de 1969.
Em 1967, dois líderes do Movimento de 64, os ex-governadores
Carlos Lacerda (GB) e Magalhães Pinto (MG), organizam a chamada
"Frente Ampla". Em setembro, reúnem-se com João
Goulart no exílio para assinar o "Pacto de Montevidéu",
que pedia a redemocratização do país. O governo
Costa e Silva proibiu as atividades da frente em abril de 1968.
Nessa época, grupos de extrema esquerda já efetuavam
ações terroristas. Mas a radicalização
maior ocorria nas próprias forças governistas, que
começaram a realizar atentados para justificar o fechamento
completo do regime. Os atentados de direita só começam
a declinar após a edição do Ato Institucional
nº 5, quando o terrorismo passou a utilizar a máquina
pública para encobrir práticas de tortura.
A decretação do Ato Institucional nº 5 foi motivada
por um discurso na Câmara, feito pelo deputado Márcio
Moreira Alves (MDB-MG). Moreira Alves convocava a população
a boicotar o desfile de 7 de Setembro e sugeria que as mulheres
se recusassem a namorar oficiais. Os ministros militares pediram
licença à Câmara para julgar o deputado por
ofensa às Forças Armadas. A Câmara recusou a
licença.
Menos de 24 horas depois, no dia 13 de dezembro, o governo federal
editava o AI-5, que permitia ao governo fechar o Congresso, cassar
qualquer político, demitir ou remover juízes e suspender
a concessão de habeas corpus.
Costa e Silva fechou o Congresso e deu início ao mais intenso
ciclo de repressão. Durante seu governo e o da Junta Militar
que se seguiu foram cassados 105 congressistas (inclusive da Arena),
178 deputados estaduais, 36 vereadores e 30 prefeitos.
'Em 1969, no final do governo Costa e Silva, a economia brasileira
já se encontrava em franco crescimento chamado na época
de o "milagre brasileiro". O crescimento aliviou as tensões
sociais, ampliando as bases de apoio ao regime. Nas eleições
de 1970, a Arena conseguiu 69,4% dos votos válidos para a
Câmara.
É a época das grandes obras: Transamazônica,
refinaria de Paulínia, ponte Rio-Niterói. Mas o crescimento
econômico gerava desequilíbrios a demanda interna,
aquecida, não podia ser satisfeita com a produção
interna, provocando a elevação dos preços.
A inflação começa a subir.
É nesse período pós AI-5 que os grupos de extrema
esquerda intensificam suas ações armadas, num momento
em que já não podiam contar com o apoio de organizações
da sociedade civil, desmobilizadas ou sob intervenção.
Em 1º de julho de 1969, o comandante do 2º Exército,
general Canavarro Pereira, reage, criando a Operação
Bandeirantes (Oban), uma organização paramilitar sustentada
por contribuições de empresários, instalada
no 36º Distrito Policial, na rua Tutóia, em São
Paulo, que se tornou o mais conhecido centro de torturas do país.
Em setembro de 1970, a Oban foi incorporada ao organograma legal
sob a denominação de Doi/Codi 2. Em 1972, o novo aparelho
militar já tinha liquidado todas as organizações
de guerrilha urbana. Neste mesmo ano, porém, o Exército
descobriu o foco guerrilheiro na região do Araguaia. Os combates
duraram até abril de 1974, com a morte do último guerrilheiro.
Terminava assim o ciclo armado.
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