VICENZO BELLINI

(1801-1835)

Publicado na Folha da Manhã, domingo, 11 de agosto de 1946

Neste texto foi mantida a grafia original

 

O compositor italiano, nascido a 3 de novembro de 1801, em Catania, na Sicilia. A musica de Bellini, embora destituida de força dramatica é extremamente melodiosa e tocada de grande ternura. Esse compositor da escola romantica italiana, afirmou-se no teatro lirico, escrevendo dez operas, em que imprimiu sempre uma veia melodica de pureza e de sensibilidade admiraveis. O primeiro ato "Casta Diva", de sua opera "Norma", é uma das melodias mais belas da musica de todos os tempos. Da juventude aos seus ultimos dias, Bellini criou as suas divinas notas sob a inspiração das mulheres que amou: Madalena Fumaroli, Judite Cantú e Maria Malibran.

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Vicenzo Bellini era filho e sobrinho de musicistas originarios dos Abruzos. Passou a adolescencia sob a direção do pai que, tocando na igreja e noutros lugares, levava-o consigo. Assim, desde pequeno, Bellini familiarizou-se com a arte da musica, para a qual já demonstrava excepcional e precoce disposição. Aos 18 anos de idade, entrou para o Conservatorio de Napoles, onde teve como professores Giovanni Furno, Carlos Conti e Giacomo Tritto.

No ano de 1825 fazia representar no teatro do Conservatorio sua primeira opera, "Adelson e Salvini" com grande exito. Ainda em Napoles, Bellini encena, em 1826, no Teatro São Carlos, a opera em dois atos "Branca e Fernando", alcançando grande sucesso. Nesse mesmo ano, musicou uma canção do poeta Alindo Ilisseo, dedicando-a a Madalena Fumaroli, seu primeiro amor.

Em 1827, deixando o Conservatório, parte de Napoles para Milão, onde faz representar, com grande triunfo, no "Scala" a opera "O Pirata". Com o exito dessa opera, desde então torna-se famoso o jovem compositor italiano, passando a pertencer à galeria dos grandes que honraram o seculo XIX com o seu genio musical.

Em 1828, Bellini apaixona-se por Judite Cantú, dedicando-lhe a opera "Straniera", encenada em 1829 no "Scala", com exito superior ao de "O Pirata". As arias belissimas da "Staniera" permaneceram lembradas por muito tempo pelos milaneses, que as cantavam por toda parte. Ainda nesse ano, em Parma, Bellini faz representar a opera "Zaira" com pouco sucesso.

Em Veneza, no ano de 1830, apresenta a opera "Romeu e Julieta", com estrondoso exito. Após esse sucesso alcançado em Veneza, Bellini volta para Milão, onde, em 1831, encena a opera "A Sonambula" no Teatro Cancano. Essa opera, inspirada por Judite Cantú, obteve tambem extraordinario exito. Até o ano de 1833, quando parte para Londres Bellini encena no "Scala a maravilhosa opera "Norma" sendo grandemente aplaudido e em Veneza, encena "Beatriz de Tenda" com regular exito. Em Londres, Bellini faz representar "A Sonambula" e "Norma", sendo entusiasticamente ovacionado pelo povo londrino. Ao fim da primeira representação de "A Sonambula", depois de freneticamente aplaudido, foi o compositor italiano levado de seu camarote para o palco com uma multidão de entusiastas. Nessa ocasião, Bellini conhece a cantora Maria Malibran, "primadona" de sua opera e seu grande e ultimo amor.

No fim do ano de 1833 Bellini parte de Londres para Paris, onde escreve a opera "O Puritano". Na capital francesa, porem, encontra Rossini que, mantendo grande influencia na Opera, embora afastado do teatro, protegia Donizetti na apresentação de suas melhores operas. Para Bellini poder encenar "O Puritano" precisou primeiro aproximar-se de Rossini, que só depois de muito tempo o colocou ao lado de Donizetti como um de seus protegidos.

Em 1835, os parisienses aplaudiram delirantemente "O Puritano" no Teatro Italiano.

Em meados de setembro de 1935, Bellini adoecia, vindo a falecer a 23 desse mesmo mês, na casa de campo do judeu Lewys, em Tuteaux, na França.


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