Fidel diz que cúpula do clima de Copenhague foi antidemocrática

O ex-ditador cubano Fidel Castro afirmou neste domingo, em artigo, que a cúpula do clima de Copenhague acabou com "uma iniciativa antidemocrática e virtualmente clandestina" e acusou o presidente americano, Barack Obama, de fazer "um discurso enganoso e demagógico".

Em nova edição da coluna Reflexões, divulgada na imprensa oficial cubana, Fidel diz que, na cúpula, foram humilhados os movimentos sociais, instituições científicas e outros convidados. "[Se] foi alcançado algo importante, foi que, através da imprensa de massa, a opinião pública mundial pôde observar o caos político criado e o tratamento humilhante a chefes de Estado e de governo e ministros a milhares de representantes de movimentos sociais e instituições."

Conforme Fidel, houve "brutal repressão contra manifestantes pacíficos" que lembrou "a conduta das tropas dos nazistas que ocuparam a vizinha Dinamarca em abril de 1940".

No artigo, Fidel, que não aparece em público desde julho de 2006, aplaude os presidentes da Venezuela, Hugo Chávez, e da Bolívia, Evo Morales, que proclamaram o "fracasso" da cúpula mesmo antes que começasse, assim como ele.

O ex-ditador afirmou ainda que Obama "pronunciou um discurso enganoso e demagógico, cheio de ambiguidades, que não implicava em compromisso vinculativo algum e ignorava o convênio marco de Kyoto". Para Fidel, os oradores da cúpula foram selecionados e líderes de mais de 170 países "só tinham o direito de ouvir".

"Um reduzido número de países [entre eles, Venezuela e Bolívia] insistiu com firmeza nas sérias omissões e ambiguidades do documento impulsionado pelos EUA, em particular na ausência de compromisso dos países desenvolvidos quanto à redução de emissões de carbono e ao financiamento para adotar medidas de mitigação e adaptação dos países do sul", afirmou o ex-ditador.