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25/10/2002 - 13h34

Sociedade civil quer governo preocupado com desigualdade

da BBC

Igualdade social. Para representantres da sociedade civil, o novo presidente do Brasil deve ter isso em mente ao buscar opções para o crescimento econômico.

A "BBC Brasil" entrevistou líderes de vários setores da sociedade - entre eles a Igreja Católica, o empresariado, os sem-terra, o movimento sindical. Todos afirmaram que o novo governo deve implementar medidas para melhorar a vida dos mais pobres.

Investimentos nos setores de Saúde, Educação, Agricultura e a geração de empregos foram citados como necessidades urgentes.

Na área da educação, as propostas vão desde o fim do ensino superior publico gratuito ao incremento de escolas profissionalizantes. Na área da saúde, uma reforma do modelo estatal de hospitais públicos. Leia abaixo trechos dos depoimentos:

dom Raymundo Damasceno Assis - secretário-geral da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil)

"Os direitos humanos devem ser tomados em um sentido global. Como, por exemplo, a preocupação com o acesso à educação, à habitação, à alimentação, ao trabalho, ao emprego, à saúde, à terra. Outro ponto é o fim da miséria e da fome. É escandaloso que no Brasil nós tenhamos pessoas ainda passando fome, pessoas que não têm uma alimentação adequada ou que estejam privadas de uma série de direitos."

Dráuzio Varella - médico e autor do livro Estação Carandiru

"Ainda estamos longe do ideal, falta muito para ser feito, mas demos passos muito importantes na área de Saúde. Nós insistimos em um modelo estatal de hospitais públicos, que é uma coisa antiquada, que precisa ser modificada rapidamente. Um modelo com funcionários públicos estáveis, que não podem ser demitidos, não funciona. Temos no Brasil um modelo, que é o das Santas Casas, que você encontra em qualquer cidadezinha do interior, que não é um modelo privado, é um modelo da comunidade e uma alternativa excelente aos hospitais públicos."

Sérgio Haddad - presidente da Abong (Associação Brasileira de Organizações Não-Governamentais)

"Chegamos ao esgotamento de um modelo de desenvolvimento e temos de pensar em uma alternativa, que privilegie os problemas sociais. Para conseguir um impacto efetivo na sociedade, não basta crescer. O crescimento é normalmente absorvido por uma parcela pequena da sociedade. O fator fundamental é o emprego. E, portanto, em qualquer ato do governo, temos de perguntar quantos empregos vão ser gerados."

João Antonio Felício - presidente da CUT (Central Única dos Trabalhadores)

"O Brasil é um país profundamente antidemocrático. A relação capital/trabalho é muito conflituosa ainda. Não temos o direito de negociação coletiva e democrática. No Brasil, ainda tem trabalho escravo. Não existe coisa mais injusta para o ser humano do que ser um cidadão escravizado."

padre Jesus Hortal - reitor da PUC-RJ (Pontifícia Universidade Católica)

"O atual governo fez um grande esforço na universalização da educação básica e do ensino médio. No ensino superior há muito por fazer. É preciso uma reforma constitucional, para mudar o fato de o ensino superior público ser voltado para uma elite. A maioria dos que ingressam nas universidades públicas são pessoas que, por ter uma renda superior, tiveram um ensino fundamental e básico em instituições privadas de alta qualidade."

Antônio Ermírio de Moraes - empresário, presidente da Votorantim

"No Brasil, talvez o problema mais importante que temos é o da educação. Temos de educar essa grande massa que termina a escola primária ou - quem sabe? - a secundária, mas não tem para onde ir, porque os cursos universitários normalmente são difíceis, são caros e nem sempre preenchem as necessidades da nossa população. A escola profissionalizante seria uma coisa de extrema validade para a nossa população, porque a pessoa sai de lá depois de um ano com uma profissão definida."

Antônio Ernesto de Salvo - presidente da CNA (Confederação Nacional da Agricultura)

"No que diz respeito ao setor agrícola, é preciso soltar o tigre da jaula, deixar o agricultor brasileiro usar a tecnologia já disponível. Produtos mais nobres certamente não são a soja ou milho, são insumos de leite, de frango, de carne suína, carne bovina. A agricultura pode melhorar esse desempenho no instante em que ela for entendida pela sociedade brasileira como seu setor mais competitivo."

João Pedro Stédile - coordenador nacional do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra)

"Tudo é urgente no Brasil, porque são 170 milhões de pessoas, e apenas 10% delas estão melhorando suas condições de vida. Um presidente que representasse a vontade do povo brasileiro deveria, em primeiro lugar, suspender a remessa de dinheiro para o exterior e implementer no Congresso, com a OAB e a CNBB, uma auditoria da dívida externa e das contas externas do Brasil. Em segundo lugar, suspender o pagamento da dívida interna e baixar normais rígidas de controle do capital financeiro. Depois, um programa massivo de emprego por intermédio da construção de moradias populares, reativando a construção civil. Como a última prioridade, a implementação de um programa de emergência de distribuição de terras, para que os pobres no campo.



 

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