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19/04/2003
-
08h58
da BBC, em Buenos Aires
O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem se mantido o mais discreto possível em relação à campanha eleitoral argentina, mas não é por falta de assédio.
Assessores do presidenciável governista Nestor Kirchner chegaram a divulgar que o candidato viajaria para Brasília para tirar uma foto de campanha ao lado de Lula.
A informação não só foi desmentida pelo assessor do governo brasileiro, Marco Aurélio Garcia, como caiu no esquecimento na Argentina.
"Nós estamos contentes que a Argentina esteja dando um passo para aprofundar sua democracia", disse um diplomático Marco Aurélio, quando questionado sobre a eleição no país vizinho.
Posse
De acordo com o assessor de Lula, o presidente assistirá à posse do vencedor das eleições argentinas, no dia 25 de maio, independente do candidato a ser eleito.
Pesquisas recentes indicam que Lula recebe entre 60% e 70% de apoio popular dos argentinos. Portanto, aparecer a seu lado, acreditam os assessores de alguns candidatos, poderia render votos na eleição presidencial do dia 27 de abril.
A aprovação à imagem de Lula teria sido decisiva quando o presidente Eduardo Duhalde optou por mudar o voto sobre Cuba na Comissão de Diretos Humanos da ONU (Organização das Nações Unidas).
Da condenação a Cuba, o país passou à abstenção, para acompanhar a tradição brasileira nesta questão.
"Votar com o Brasil é definir uma política externa clara e conjunta com nosso principal parceiro", disse Kirchner.
"Isto é demagogia eleitoral", afirmou o candidato Ricardo López Murphy.
Empresários
Em um encontro com Marco Aurélio Garcia, divulgado pelos jornais argentinos, Duhalde confessou que mudava o voto para tentar dar uma força à campanha de Nestor Kirchner.
Curiosamente, no entanto, Kirchner é, nos bastidores, um dos candidatos mais temidos pelo empresariado brasileiro que tem investimentos na Argentina.
Sob a condição de anonimato, vários empresários afirmam que o presidenciável possui um dos discursos "mais nacionalistas" desta corrida eleitoral.
Tal postura, interpretam, poderia gerar dificuldades para as 180 empresas já instaladas no país ou para as que pretendem, no futuro, apostar na economia vizinha.
Petrobrás
Nos últimos dias, a decisão do presidente Duhalde de travar, para surpresa geral, a venda de parte da companhia Perez Companc para a Petrobrás gerou preocupação entre os investidores brasileiros.
A medida mereceu críticas públicas do embaixador brasileiro José Botafogo Gonçalves. O diplomata argumentou que a decisão não tinha, segundo especialistas brasileiros, base técnica ou legal.
Entre os assessores do presidente Duhalde, há quem reconheça que esta também foi mais uma tentativa de ajudar a campanha de Kirchner, que propaga um discurso em defesa das empresas argentinas.
Tudo indica que a pressão de um lado e de outro acabou levando a Petrobrás a recuar.
Na semana que vem, a empresa brasileira deve anunciar que abre mão da compra da Transener, de transmissão de energia, e é a parte que gerou a intromissão de Duhalde no negócio anunciado no fim do ano passado.
Candidato "ideal"
Hoje, segundo analistas políticos e econômicos, é difícil saber qual dos cinco principais candidatos é o "ideal" para o Brasil.
O ex-presidente Carlos Menem, e agora presidenciável novamente, defende que o Mercosul seja limitado a uma zona de livre comércio, deixando no papel a união aduaneira. A mesma tese é defendida por López Murphy.
No entanto, Kirchner, Adolfo Rodríguez Saá e Elisa Carrió apresentam propostas genéricas e pouco claras sobre o futuro do bloco, que reúne ainda Uruguai e Paraguai.
A diferença, porém, é que Kirchner e Carrió acreditam que a saída para a Argentina deve ser encontrada junto com o governo brasileiro. O que não quer dizer que os empresários brasileiros comemorem.
Menem não tem a mesma certeza e já deixou claro que, caso chegue à Casa Rosada, pretende, a exemplo do Chile, acelerar a negociação de uma zona de livre comércio com o governo americano.
A postura de Menem na questão comercial, e principalmente seu apoio inicial à guerra contra o Iraque, valeram ao ex-presidente um cartaz dos inimigos políticos: "Menem no governo, Bush no poder".
Apoio de Lula é motivo de disputa na campanha argentina
MARCIA CARMOda BBC, em Buenos Aires
O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem se mantido o mais discreto possível em relação à campanha eleitoral argentina, mas não é por falta de assédio.
Assessores do presidenciável governista Nestor Kirchner chegaram a divulgar que o candidato viajaria para Brasília para tirar uma foto de campanha ao lado de Lula.
A informação não só foi desmentida pelo assessor do governo brasileiro, Marco Aurélio Garcia, como caiu no esquecimento na Argentina.
"Nós estamos contentes que a Argentina esteja dando um passo para aprofundar sua democracia", disse um diplomático Marco Aurélio, quando questionado sobre a eleição no país vizinho.
Posse
De acordo com o assessor de Lula, o presidente assistirá à posse do vencedor das eleições argentinas, no dia 25 de maio, independente do candidato a ser eleito.
Pesquisas recentes indicam que Lula recebe entre 60% e 70% de apoio popular dos argentinos. Portanto, aparecer a seu lado, acreditam os assessores de alguns candidatos, poderia render votos na eleição presidencial do dia 27 de abril.
A aprovação à imagem de Lula teria sido decisiva quando o presidente Eduardo Duhalde optou por mudar o voto sobre Cuba na Comissão de Diretos Humanos da ONU (Organização das Nações Unidas).
Da condenação a Cuba, o país passou à abstenção, para acompanhar a tradição brasileira nesta questão.
"Votar com o Brasil é definir uma política externa clara e conjunta com nosso principal parceiro", disse Kirchner.
"Isto é demagogia eleitoral", afirmou o candidato Ricardo López Murphy.
Empresários
Em um encontro com Marco Aurélio Garcia, divulgado pelos jornais argentinos, Duhalde confessou que mudava o voto para tentar dar uma força à campanha de Nestor Kirchner.
Curiosamente, no entanto, Kirchner é, nos bastidores, um dos candidatos mais temidos pelo empresariado brasileiro que tem investimentos na Argentina.
Sob a condição de anonimato, vários empresários afirmam que o presidenciável possui um dos discursos "mais nacionalistas" desta corrida eleitoral.
Tal postura, interpretam, poderia gerar dificuldades para as 180 empresas já instaladas no país ou para as que pretendem, no futuro, apostar na economia vizinha.
Petrobrás
Nos últimos dias, a decisão do presidente Duhalde de travar, para surpresa geral, a venda de parte da companhia Perez Companc para a Petrobrás gerou preocupação entre os investidores brasileiros.
A medida mereceu críticas públicas do embaixador brasileiro José Botafogo Gonçalves. O diplomata argumentou que a decisão não tinha, segundo especialistas brasileiros, base técnica ou legal.
Entre os assessores do presidente Duhalde, há quem reconheça que esta também foi mais uma tentativa de ajudar a campanha de Kirchner, que propaga um discurso em defesa das empresas argentinas.
Tudo indica que a pressão de um lado e de outro acabou levando a Petrobrás a recuar.
Na semana que vem, a empresa brasileira deve anunciar que abre mão da compra da Transener, de transmissão de energia, e é a parte que gerou a intromissão de Duhalde no negócio anunciado no fim do ano passado.
Candidato "ideal"
Hoje, segundo analistas políticos e econômicos, é difícil saber qual dos cinco principais candidatos é o "ideal" para o Brasil.
O ex-presidente Carlos Menem, e agora presidenciável novamente, defende que o Mercosul seja limitado a uma zona de livre comércio, deixando no papel a união aduaneira. A mesma tese é defendida por López Murphy.
No entanto, Kirchner, Adolfo Rodríguez Saá e Elisa Carrió apresentam propostas genéricas e pouco claras sobre o futuro do bloco, que reúne ainda Uruguai e Paraguai.
A diferença, porém, é que Kirchner e Carrió acreditam que a saída para a Argentina deve ser encontrada junto com o governo brasileiro. O que não quer dizer que os empresários brasileiros comemorem.
Menem não tem a mesma certeza e já deixou claro que, caso chegue à Casa Rosada, pretende, a exemplo do Chile, acelerar a negociação de uma zona de livre comércio com o governo americano.
A postura de Menem na questão comercial, e principalmente seu apoio inicial à guerra contra o Iraque, valeram ao ex-presidente um cartaz dos inimigos políticos: "Menem no governo, Bush no poder".
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