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11/07/2003
-
17h59
da BBC, em Washington
O Plano Colômbia completa três anos de existência neste domingo (13). Apesar disso, várias organizações não-governamentais e alguns congressistas americanos não vêem motivo para festa, mas para "amargura".
Segundo eles, o plano não conseguiu evitar o sofrimento do povo colombiano. Ao contrário, pode ter feito mais mal do que bem.
"A Colômbia hoje está pior do que estava há três anos", afirmou o congressista americano James McGovern, do Partido Democrata, que visitou o país diversas vezes.
Na opinião de McGovern, esse plano se converteu em uma estratégia dos militares americanos e deixou de ser a iniciativa planejada pelos próprios colombianos para superar seus problemas.
"Solução simplista"
"O governo dos Estados Unidos busca uma solução simplista para um problema muito complicado", disse McGovern.
Segundo o congressista americano, o principal obstáculo para o fracasso do Plano Colômbia é que o dinheiro é despendido mais em armas e violência do que na raiz dos problemas, que é a pobreza.
"Oitenta por cento do dinheiro se destina a gastos militares, ao invés de programas de desenvolvimento", disse McGovern.
Para a congressista democrata Janice D.Schakowsky, o que mais preocupa é que os recursos do Plano Colômbia também sejam utilizados para a luta contra os grupos armados que operam no país.
"O que eu mais temia se tornou realidade", disse Schakowsky.
"Todos os objetivos do plano, como o fortalecimento da democracia, o desenvolvimento econômico, as reformas judiciais e a paz, fracassaram".
A opinião é compartilhada por várias organizações não-governamentais, como a Anistia Internacional e o Latin American Working Group, que deu para o Plano Colômbia uma nota "F", de "fracasso".
Melhor do que nada
Mas nem todos estão de acordo com a avaliação negativa do Plano Colômbia. A administração Bush elogiou em várias ocasiões a linha dura do presidente Álvaro Uribe.
O congressista republicano John Boozman, que também esteve recentemente na Colômbia, disse que houve "grandes avanços".
"O que vi superou minhas expectativas", afirmou ele, referindo-se à erradicação do cultivo de coca no país.
Outro republicano, Tom Davis, que acompanhou Boozman em sua viagem, destacou que "os colombianos, com a nossa ajuda, estão trabalhando muito duro para acabar com a produção ilegal de drogas".
A Colômbia é o terceiro maior receptor da ajuda americana, atrás de Israel e do Egito, e por isso, pela primeira vez, estes republicanos quiseram ver, em primeira mão, se realmente estava havendo algum avanço.
"Não há dúvida de que, sob a liderança do presidente Álvaro Uribe, a Colômbia está bem encaminhada para restaurar a segurança e a prosperidade, e nós, no Congresso, aplaudimos os últimos esforços do país", concluiu o parlamentar Gerald Weller.
Mais eficaz
O certo é que os republicanos têm a maioria no Congresso e é pouco provável que o Plano Colômbia seja modificado. Mas as organizações não-governamentais gostariam de modificar a estratégia da luta contra o narcotráfico.
"A Colômbia necessita de ajuda. Quiçá muito mais do que recebe. Nós não pedimos a redução de recursos, mas que esse dinheiro seja gasto de outra forma, para que as pessoas realmente sintam que sua vida está melhorando", disse Peter Clark, da ONG US Office da Colômbia.
Uma das modificações, diz a organização, teria que ser a fumigação de plantações que prejudica tantas famílias, "sem nenhum resultado evidente".
"Enquanto se erradica o cultivo de coca em uma área, ele aumenta em outra", destacou Elanor Starmen, do Latin American Working Group.
Starmen explicou que a produção de coca se manteve constante nos três últimos anos, e o pior é que a demanda dos Estados Unidos aumentou ao invés de diminuir.
"Mesmo que bem intencionada, a assistência americana fracassou em tentar pôr fim ao ciclo de violência e pobreza que alimenta o conflito de quase quarenta anos", indicou de sua parte Eric Olson, diretor da Anistia Internacional para as Américas.
Olson citou o que considera um exemplo concreto do fracasso do Plano Colômbia, dizendo que, no ano 2000, morriam 14 pessoas por dia, enquanto "no ano 2002 morreram 20".
Especial
Leia mais sobre o conflito na Colômbia
Plano Colômbia completa três anos sob fortes críticas
LOURDES HEREDIAda BBC, em Washington
O Plano Colômbia completa três anos de existência neste domingo (13). Apesar disso, várias organizações não-governamentais e alguns congressistas americanos não vêem motivo para festa, mas para "amargura".
Segundo eles, o plano não conseguiu evitar o sofrimento do povo colombiano. Ao contrário, pode ter feito mais mal do que bem.
"A Colômbia hoje está pior do que estava há três anos", afirmou o congressista americano James McGovern, do Partido Democrata, que visitou o país diversas vezes.
Na opinião de McGovern, esse plano se converteu em uma estratégia dos militares americanos e deixou de ser a iniciativa planejada pelos próprios colombianos para superar seus problemas.
"Solução simplista"
"O governo dos Estados Unidos busca uma solução simplista para um problema muito complicado", disse McGovern.
Segundo o congressista americano, o principal obstáculo para o fracasso do Plano Colômbia é que o dinheiro é despendido mais em armas e violência do que na raiz dos problemas, que é a pobreza.
"Oitenta por cento do dinheiro se destina a gastos militares, ao invés de programas de desenvolvimento", disse McGovern.
Para a congressista democrata Janice D.Schakowsky, o que mais preocupa é que os recursos do Plano Colômbia também sejam utilizados para a luta contra os grupos armados que operam no país.
"O que eu mais temia se tornou realidade", disse Schakowsky.
"Todos os objetivos do plano, como o fortalecimento da democracia, o desenvolvimento econômico, as reformas judiciais e a paz, fracassaram".
A opinião é compartilhada por várias organizações não-governamentais, como a Anistia Internacional e o Latin American Working Group, que deu para o Plano Colômbia uma nota "F", de "fracasso".
Melhor do que nada
Mas nem todos estão de acordo com a avaliação negativa do Plano Colômbia. A administração Bush elogiou em várias ocasiões a linha dura do presidente Álvaro Uribe.
O congressista republicano John Boozman, que também esteve recentemente na Colômbia, disse que houve "grandes avanços".
"O que vi superou minhas expectativas", afirmou ele, referindo-se à erradicação do cultivo de coca no país.
Outro republicano, Tom Davis, que acompanhou Boozman em sua viagem, destacou que "os colombianos, com a nossa ajuda, estão trabalhando muito duro para acabar com a produção ilegal de drogas".
A Colômbia é o terceiro maior receptor da ajuda americana, atrás de Israel e do Egito, e por isso, pela primeira vez, estes republicanos quiseram ver, em primeira mão, se realmente estava havendo algum avanço.
"Não há dúvida de que, sob a liderança do presidente Álvaro Uribe, a Colômbia está bem encaminhada para restaurar a segurança e a prosperidade, e nós, no Congresso, aplaudimos os últimos esforços do país", concluiu o parlamentar Gerald Weller.
Mais eficaz
O certo é que os republicanos têm a maioria no Congresso e é pouco provável que o Plano Colômbia seja modificado. Mas as organizações não-governamentais gostariam de modificar a estratégia da luta contra o narcotráfico.
"A Colômbia necessita de ajuda. Quiçá muito mais do que recebe. Nós não pedimos a redução de recursos, mas que esse dinheiro seja gasto de outra forma, para que as pessoas realmente sintam que sua vida está melhorando", disse Peter Clark, da ONG US Office da Colômbia.
Uma das modificações, diz a organização, teria que ser a fumigação de plantações que prejudica tantas famílias, "sem nenhum resultado evidente".
"Enquanto se erradica o cultivo de coca em uma área, ele aumenta em outra", destacou Elanor Starmen, do Latin American Working Group.
Starmen explicou que a produção de coca se manteve constante nos três últimos anos, e o pior é que a demanda dos Estados Unidos aumentou ao invés de diminuir.
"Mesmo que bem intencionada, a assistência americana fracassou em tentar pôr fim ao ciclo de violência e pobreza que alimenta o conflito de quase quarenta anos", indicou de sua parte Eric Olson, diretor da Anistia Internacional para as Américas.
Olson citou o que considera um exemplo concreto do fracasso do Plano Colômbia, dizendo que, no ano 2000, morriam 14 pessoas por dia, enquanto "no ano 2002 morreram 20".
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