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18/10/2003 - 16h56

Líder dos produtores de coca quer processar ex-presidente da Bolívia

da BBC, em Laz Paz

Um dos principais líderes da oposição boliviana, o deputado Evo Morales, está satisfeito com os rumos que tomaram o país com a posse de Carlos Mesa.

Mas promete iniciar um grande processo judicial contra o ex-presidente Gonzalo Sánchez de Lozada.

Na próxima segunda-feira, o líder dos produtores de coca defenderá no Congresso Nacional a abertura de um processo de responsbilidades contra Sánchez de Lozada, Carlos Sánchez Berzaín (ex-ministro da Defesa), Yerko Kukoc (ex-ministro do Governo), Freddy Teodovich (ex-ministro da Defesa), Guillermo Justiniano (ex-ministro da Presidência) e Javier Torrez Gotilla (ex- ministro da Saúde).

"Se aqui a justiça for tão barata e defender os políticos, vamos processá-los no Tribunal Penal Internacional por genocídio econômico e delitos contra a humanidade", disse Morales em entrevista exclusiva à BBC Brasil.

Prisão

Na avaliação dele, o ex-presidente deve ser enviado a uma prisão de segurança máxima por 30 anos.

O ex-canditado à Presidência da Bolívia disse que seu partido, o Movimento ao Socialismo (MAS), não participará do governo de Carlos Mesa. Apenas colaborou para viabilizar sua posse.

De acordo com ele, a institucionalização dos cargos públicos é muito importante. "Mas há muitas pessoas capazes e honestas, que conhecem e querem muito bem ao país, diferentemente de Sánchez de Lozada."

"Vamos defender a democracia e a Constituição", afirmou.

"É um processo. Conseguimos acabar com a máfia política, com o principal responsável por ter leiloado o país."

"Poder do povo"

Segundo Morales, os integrantes do MAS comemoraram a renúncia de Sánchez de Lozada, mas ainda há muito por fazer no país. Ele explica que acredita apenas no poder do povo, que conseguiu derrocar um presidente. Mas, agora, deve começar a fase de recuperação do país.

Quem chega hoje à capital da Bolívia não acredita que até a tarde de ontem o país estava à beira do abismo.

Com o comércio todo aberto e o transporte público funcionando normalmente, os únicos sinais dos incidentes dos últimos dias são as muitas pedras e todo o tipo de lixo das manifestações que levaram à renúncia do ex-presidente Gonzalo Sánchez de Lozada, que ainda não pôde ser removido.

Nas proximidades da histórica praça San Francisco, muitas pessoas acompanham a saída dos milhares de manifestantes que chegaram do interior do país e, aos poucos, se despedem de La Paz.

Em passeata, eles se dirigem para o local, entoam algumas palavras de ordem e regressam para suas cidades.

Elói Quispa, um mineiro da cidade de Oruro, conseguiu chegar à capital boliviana apenas no início da noite de ontem, quando todos já sabiam que Gonzalo Sánchez de Lozada poderia renunciar a qualquer minuto.

Junto com outras cinco mil pessoas, Quispa caminhou durante toda a semana para chegar ao centro das manifestações. Apesar do atraso, acha que valeu à pena.

"Agora vamos descansar um pouco", disse.

"Estamos muito felizes que este presidente mal foi embora, depois de ter matado tantas pessoas inocentes. Esperamos que este novo governo seja melhor."

Carregando uma bandeira da Bolívia com um laço preto, representando o luto pela morte de mais de 70 pessoas que morreram durante as manifestações, a comerciante Nelly Mérida disse que a renúncia do Sánchez de Lozada foi uma vitória do povo.

De acordo com ela, a tarefa de agora, para todos os bolivianos é manter a unidade e lutar pela paz permante no país.

"Estou contente com a posse de Carlos Mesa", assinalou.

"Ele é um homem muito capaz e já demonstrou ter condições de conduzir bem o país."

O novo presidente boliviano já realizou inúmeras reuniões com representantes de partidos políticos e participou de um ato público na cidade satélite El Alto, em homenagem aos mortos e feridos das recentes manifestações populares que pediam a renúncia de Sánchez de Lozada.

A grande expectativa no país é pela definição das pessoas que integrarão seu governo. Mesa já disse que pretende incluir indígenas em seu gabinete ministerial.

No primeiro discurso como presidente, anunciou a realização de uma assembléia constituinte e realizar eleições antes de conluir os quatro anos de mandato.
 

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