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21/10/2003 - 10h47

Lozada diz que sua saída foi fruto de "conspiração"

da BBC, em Londres

O ex-presidente boliviano Gonzalo Sánchez de Lozada disse que a sua renúncia foi fruto de uma conspiração, mas que espera que o novo governo tenha êxito.

Na sexta-feira (17), Lozada apresentou a sua renúncia depois de várias semanas de protestos violentos contra a exportação de gás e contra a marginalização da população indígena.

O ex-presidente boliviano falou à BBC de Washington, nos Estados Unidos, onde está exilado.

"A minha saída foi o produto de uma conspiração, de um levante de grupos até armados, grupos narco-sindicalistas, grupos terroristas e corporativistas que levaram a uma situação de enfrentamento na qual não me restou saída a não ser renunciar", afirmou Lozada.

"Mas se manteve a linha. O meu herdeiro é o vice-presidente, com o qual se manteve a sucessão constitucional. Espero estar lá para ajudar", declarou o ex-presidente.

Leia, abaixo, a entrevista completa.

BBC - O novo presidente Carlos Mesa e o líder indígena Felipe Quispe falaram a uma multidão nesta terça-feira em termos muito amigáveis. O senhor acredita que haja uma espécie de cumplicidade entre eles e o que pensa se em algum momento Mesa e Quispe chegarem a se unir em um governo?
Lozada
- Obviamente, eles estão buscando um ambiente para isso. Tomara que seja mais do que uma lua-de-mel, que eles sejam razoáveis e consigam dialogar. Comigo eles não quiseram dialogar. Quispe fez parte de uma conspiração para me derrubar.

BBC - O senhor acredita que o seu governo poderia ter sobrevivido se os Estados Unidos tivessem agido oportunamente?
Lozada
- Bem, eu não diria isso. Os governos caem por causa de fatores internos e não externos. Eu não quero dizer isso. Eu acredito que tenha havido muitos erros de minha parte, de meus assessores, e creio que tenha havido também condutas pouco leias. Mas o importante é olhar para o futuro. Ajudar a Bolívia a receber colaboração e apoio e aproveitar esse esforço que Mesa está fazendo. Deus queira que ele tenha êxito. Ainda que eu tenha dúvidas, não quero ser pessimista neste momento.

BBC - O senhor falou, em um momento, de ajuda externa, por parte de outros países, ao movimento indígena. Poderia ser um pouco mais específico a esse respeito?
Lozada
- Bom, é muito difícil ser específico, porque como você sabe essas coisas são conhecidas através dos serviços de inteligência de outros países. A Bolívia não tem um mecanismo desse tipo. Mas é interessante notar que Evo Morales (deputado indígena e principal líder da oposição) recebeu o Prêmio da Paz na Líbia, entregado pelo senhor Kadafi.

BBC - Finalmente, ex-presidente, o que o senhor acha que acontecerá agora? Qual será o futuro da Bolívia e o seu futuro político?
Lozada
- Bem, eu vejo isso com muita preocupação. Acredito ter lido outro dia que há desintegração no país por causa desses elementos de antiglobalização. Eu vou continuar como tenho feito nesses 25 anos, lutando para ajudar a Bolívia no que eu possa.
 

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