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20/01/2004
-
12h20
da BBC, em Roma
As cartas originais que o padre José de Anchieta escreveu durante sua permanência em São Paulo embarcam hoje para a capital paulista.
É a primeira vez na história que esses documentos deixam o Vaticano e são autorizados a viajar para o exterior. A permissão foi concedida por causa da comemoração dos 450 anos de fundação de São Paulo.
Os manuscritos --18 de um total de 50-- estão sendo levados em uma caixa de madeira pelo diretor do Pátio do Colégio, o jesuíta Pedro Melchert, e lá serão expostos a partir do dia 25, data da fundação da cidade.
"Estamos levando a certidão de nascimento da cidade", declarou padre Melchert, que na semana passada mostrou o volume ao papa João Paulo 2º para receber sua bênção.
Empréstimo precioso
Foram necessários muitos documentos e autorizações para obter o empréstimo das cartas, que já foram publicadas --principalmente, autorização da Companhia de Jesus, a quem pertence o material.
É na biblioteca da cúria dos jesuítas --cuja sede está próxima à Basílica de São Pedro-- que os documentos estão guardados há 450 anos.
Fazem parte do grande e rico acervo formado pelos relatórios dos missionários espalhados pelas colônias, que a cada quatro meses deviam mandar cartas em duas cópias à sede central de Roma.
Nesses relatórios, contavam as próprias experiências, os problemas, o encontro com os indígenas e os progressos da evangelização, além de fornecer importantes informações a respeito da flora, da fauna e do modo de viver da população local.
"Padre Anchieta foi ao Brasil praticamente para morrer", explica padre Luis Rodrigues, jesuíta brasileiro responsável pela biblioteca da Companhia de Jesus e que mora em Roma há 20 anos.
"Quando viajou, aos 19 anos, estava muito doente, com problemas respiratórios, e pensava em terminar em poucos meses seus dias lá. Acontece que o clima de São Paulo lhe fez muito bem, e ele viveu até os 63 anos de idade", contou padre Rodrigues.
Isso também está descrito nas cartas que seguem para São Paulo, além dos detalhes sobre o dia da fundação e da "pequena cabana feita de barro e paus, coberta de palhas, tendo 14 passos de comprimento e apenas 10 de largura", construída por Tibiriçá, onde foi rezada a primeira missa naquele 25 de janeiro de 1554.
José de Anchieta foi beatificado pelo papa João Paulo 2º em 1980, e seu processo de canonização está em andamento. É necessário mais um milagre para que se torne santo.
Cuidados
Sob responsabilidade dos jesuítas brasileiros, as cartas --que estão muito bem conservadas-- deverão ser protegidas por forte esquema de segurança e ser expostas com especiais sistemas de ventilação e controle da umidade para que se mantenham em boas condições até a volta, prevista para junho.
Essas foram algumas das exigências impostas pelo Vaticano, que é muito rígido na defesa de seu patrimônio histórico e artístico.
Além do seguro e de uma série de documentos, foi necessária a autorização da Secretaria de Estado da Santa Sé e do Estado italiano.
Cartas de Padre Anchieta embarcam para o Brasil
ASSIMINA VLAHOUda BBC, em Roma
As cartas originais que o padre José de Anchieta escreveu durante sua permanência em São Paulo embarcam hoje para a capital paulista.
É a primeira vez na história que esses documentos deixam o Vaticano e são autorizados a viajar para o exterior. A permissão foi concedida por causa da comemoração dos 450 anos de fundação de São Paulo.
Os manuscritos --18 de um total de 50-- estão sendo levados em uma caixa de madeira pelo diretor do Pátio do Colégio, o jesuíta Pedro Melchert, e lá serão expostos a partir do dia 25, data da fundação da cidade.
"Estamos levando a certidão de nascimento da cidade", declarou padre Melchert, que na semana passada mostrou o volume ao papa João Paulo 2º para receber sua bênção.
Empréstimo precioso
Foram necessários muitos documentos e autorizações para obter o empréstimo das cartas, que já foram publicadas --principalmente, autorização da Companhia de Jesus, a quem pertence o material.
É na biblioteca da cúria dos jesuítas --cuja sede está próxima à Basílica de São Pedro-- que os documentos estão guardados há 450 anos.
Fazem parte do grande e rico acervo formado pelos relatórios dos missionários espalhados pelas colônias, que a cada quatro meses deviam mandar cartas em duas cópias à sede central de Roma.
Nesses relatórios, contavam as próprias experiências, os problemas, o encontro com os indígenas e os progressos da evangelização, além de fornecer importantes informações a respeito da flora, da fauna e do modo de viver da população local.
"Padre Anchieta foi ao Brasil praticamente para morrer", explica padre Luis Rodrigues, jesuíta brasileiro responsável pela biblioteca da Companhia de Jesus e que mora em Roma há 20 anos.
"Quando viajou, aos 19 anos, estava muito doente, com problemas respiratórios, e pensava em terminar em poucos meses seus dias lá. Acontece que o clima de São Paulo lhe fez muito bem, e ele viveu até os 63 anos de idade", contou padre Rodrigues.
Isso também está descrito nas cartas que seguem para São Paulo, além dos detalhes sobre o dia da fundação e da "pequena cabana feita de barro e paus, coberta de palhas, tendo 14 passos de comprimento e apenas 10 de largura", construída por Tibiriçá, onde foi rezada a primeira missa naquele 25 de janeiro de 1554.
José de Anchieta foi beatificado pelo papa João Paulo 2º em 1980, e seu processo de canonização está em andamento. É necessário mais um milagre para que se torne santo.
Cuidados
Sob responsabilidade dos jesuítas brasileiros, as cartas --que estão muito bem conservadas-- deverão ser protegidas por forte esquema de segurança e ser expostas com especiais sistemas de ventilação e controle da umidade para que se mantenham em boas condições até a volta, prevista para junho.
Essas foram algumas das exigências impostas pelo Vaticano, que é muito rígido na defesa de seu patrimônio histórico e artístico.
Além do seguro e de uma série de documentos, foi necessária a autorização da Secretaria de Estado da Santa Sé e do Estado italiano.
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