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12/02/2004
-
10h31
da BBC, em Londres
A taxa de crescimento das árvores em áreas primitivas da Amazônia acelerou substancialmente nas últimas décadas, ocasionando um aumento da biomassa (matéria viva), de acordo com um estudo publicado nesta quarta-feira.
Isso teria auxiliado, segundo os cientistas, a diminuir um pouco o ritmo do aquecimento global, já que a biomassa ajuda a limpar o dióxido de carbono (CO2) do ar.
As conclusões estão no jornal científico da Royal Society, centro de Ciência do Reino Unido, que, na edição deste mês, publica 17 estudos sob o tema Mudança Atmosférica Global e Florestas Tropicais.
Segundo os pesquisadores, ainda há discussões sobre as causas que levaram a essa alteração na biomassa.
Mas eles apontam alguns fatores que podem ter contribuído para isso: o aumento da concentração de CO2 na atmosfera e da temperatura na superfície, além de mudanças nos raios solares.
Lado negativo
Yadvinder Malhi, professor da Universidade de Edimburgo e um dos co-autores do estudo, salienta, no entanto, que esse aumento da biomassa não significa apenas boas notícias.
"Isso não é, necessariamente, uma coisa boa para a floresta pois há maior competitividade entre as plantas por nutrientes e a biodiversidade pode diminuir", explicou.
O professor Oliver Phillip, da Universidade de Leeds, que também trabalhou na pesquisa, destaca que o aumento da biomassa poderá ser revertido nas próximas duas décadas como efeito do desflorestamento e do aquecimento global.
Embora o aquecimento global tenha sido freado, ainda que modestamente, os cientistas dizem ter constatado que as florestas tropicais registraram um aumento de 0,5º C nos últimos 20 anos.
Eles alertaram que há uma expectativa de que ocorra uma alta de 3º C a 8º C até o final do século, tendo implicações perigosas para as florestas, o clima na Terra e os seres humanos.
El Niño
Enquanto algumas florestas estão registrando um aumento da biomassa, outras estariam sendo destruídas devido a uma combinação de pressões climáticas e da interferência dos homens.
Dois estudos relatam como a combinação das mudanças de temperatura e do desflorestamento deixam as florestas mais vulneráveis às queimadas.
O brasileiro Carlos Peres, da Universidade de East Anglia e co-autor de um dos estudos, concluiu que o fenômeno El Niño e o desflorestamento deixam o solo das florestas mais seco e, portanto, aumentam o risco de queimadas.
Todos os cientistas concordam que existe uma urgência na necessidade de implementar ações de conservação e criar corredores florestais para dar a algumas espécies a chance de se mover à medida que o clima muda.
"Essa pesquisa mostra que a conservação das florestas tropicais restantes precisará levar em conta as novas pressões que a mudança atmosférica global está tendo nas florestas. No século 21, estamos nos direcionando a uma atmosfera feita pelo homem e a uma situação climática que não foi experimentada pela Terra por, no mínimo, 20 milhões de anos. Estamos profundamente preocupados como esses ecossistemas vão responder a essas mudanças", afirmou Malhi.
Especial
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Biomassa na Amazônia freia aquecimento global
ADRIANA STOCKda BBC, em Londres
A taxa de crescimento das árvores em áreas primitivas da Amazônia acelerou substancialmente nas últimas décadas, ocasionando um aumento da biomassa (matéria viva), de acordo com um estudo publicado nesta quarta-feira.
Isso teria auxiliado, segundo os cientistas, a diminuir um pouco o ritmo do aquecimento global, já que a biomassa ajuda a limpar o dióxido de carbono (CO2) do ar.
As conclusões estão no jornal científico da Royal Society, centro de Ciência do Reino Unido, que, na edição deste mês, publica 17 estudos sob o tema Mudança Atmosférica Global e Florestas Tropicais.
Segundo os pesquisadores, ainda há discussões sobre as causas que levaram a essa alteração na biomassa.
Mas eles apontam alguns fatores que podem ter contribuído para isso: o aumento da concentração de CO2 na atmosfera e da temperatura na superfície, além de mudanças nos raios solares.
Lado negativo
Yadvinder Malhi, professor da Universidade de Edimburgo e um dos co-autores do estudo, salienta, no entanto, que esse aumento da biomassa não significa apenas boas notícias.
"Isso não é, necessariamente, uma coisa boa para a floresta pois há maior competitividade entre as plantas por nutrientes e a biodiversidade pode diminuir", explicou.
O professor Oliver Phillip, da Universidade de Leeds, que também trabalhou na pesquisa, destaca que o aumento da biomassa poderá ser revertido nas próximas duas décadas como efeito do desflorestamento e do aquecimento global.
Embora o aquecimento global tenha sido freado, ainda que modestamente, os cientistas dizem ter constatado que as florestas tropicais registraram um aumento de 0,5º C nos últimos 20 anos.
Eles alertaram que há uma expectativa de que ocorra uma alta de 3º C a 8º C até o final do século, tendo implicações perigosas para as florestas, o clima na Terra e os seres humanos.
El Niño
Enquanto algumas florestas estão registrando um aumento da biomassa, outras estariam sendo destruídas devido a uma combinação de pressões climáticas e da interferência dos homens.
Dois estudos relatam como a combinação das mudanças de temperatura e do desflorestamento deixam as florestas mais vulneráveis às queimadas.
O brasileiro Carlos Peres, da Universidade de East Anglia e co-autor de um dos estudos, concluiu que o fenômeno El Niño e o desflorestamento deixam o solo das florestas mais seco e, portanto, aumentam o risco de queimadas.
Todos os cientistas concordam que existe uma urgência na necessidade de implementar ações de conservação e criar corredores florestais para dar a algumas espécies a chance de se mover à medida que o clima muda.
"Essa pesquisa mostra que a conservação das florestas tropicais restantes precisará levar em conta as novas pressões que a mudança atmosférica global está tendo nas florestas. No século 21, estamos nos direcionando a uma atmosfera feita pelo homem e a uma situação climática que não foi experimentada pela Terra por, no mínimo, 20 milhões de anos. Estamos profundamente preocupados como esses ecossistemas vão responder a essas mudanças", afirmou Malhi.
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