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Reino Unido de Brown pode reforçar laços com Brasil
da BBC Brasil
O Brasil poderia driblar o tom morno das relações entre o Reino Unido e a América Latina e se beneficiar de uma aproximação econômica com o país comandado a partir desta quarta-feira pelo primeiro-ministro Gordon Brown.
Os responsáveis por orquestrar esta aproximação não negam que a economia deve continuar dando o tom das relações bilaterais, mas ressaltam que há, dentro da arena econômica, elementos que apontam para a convergência.
Entre estes, estaria a necessidade britânica de competir mais agressivamente por novos mercados, a simpatia de Brown pelos países emergentes e a agenda de combate à pobreza que ele e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva têm destacado em reuniões internacionais.
Uma fonte da chancelaria britânica disse à BBC que a política externa do país para a América Latina como um todo deve continuar como está.
Mas, em uma recente definição de prioridades comerciais, a agência britânica de promoção de exportações e investimentos, a UKTI, colocou o Brasil e o México em uma lista de dez países que deveriam receber mais atenção do governo nos próximos cinco anos.
A lista inclui ainda Rússia, Índia, China, África do Sul, Indonésia, Turquia, Arábia Saudita e Emirados Árabes.
"Não tenho dúvida de que o Brasil é o país mais importante deles", disse à BBC Brasil o presidente da UKTI, Andrew Cahn. "É um mercado absolutamente chave no mundo de hoje."
Segundo Cahn, Brown esteve envolvido "muito de perto" na criação da nova lista, e se mostrou "um entusiasta de melhorar as relações com os países emergentes".
A inclusão do Brasil na lista de prioridades tem razões econômicas. O país é uma potência em ascensão no mundo, e uma "economia de crescimento acelerado", no entender dos britânicos.
A nova estratégia de aproximação tentaria reverter um histórico de distanciamento que marcou as relações bilaterais durante os anos Blair.
Historicamente, as relações do Reino Unido são melhores com suas ex-colônias e os países desenvolvidos, e Blair não reduziu o fosso ao apostar na relação com os países desenvolvidos --em especial com os Estados Unidos, com quem dizia ter "uma relação especial".
Em sua única visita à América Latina em dez anos, Blair visitou em 2001 apenas o Brasil, México, Argentina e Jamaica.
Desde 1995, a participação britânica no total de investimentos externos no Brasil caiu de 4,5% para 1,5%, enquanto países como Espanha, Portugal e Holanda deram saltos e hoje controlam grandes ativos em território brasileiros.
Além disso, embora o comércio bilateral esteja crescendo --chegou aos US$ 4,2 bilhões no ano passado, segundo o Ministério do Desenvolvimento-- as trocas do Brasil com o resto do mundo estão avançando a um passo mais acelerado.
Como resultado, as trocas de mercadorias entre o Brasil e o Reino Unido caíram a menos de 2% de todo o comércio do Brasil com o resto do mundo, uma situação que não se via há pelo menos dez anos.
"Os empresários britânicos não parecem ter comprado ainda a idéia de que há inúmeras oportunidades no Brasil. Ainda estamos registrando um desempenho medíocre comparados aos nossos competidores europeus", disse Andrew Cahn.
No início deste ano, a ministra do Exterior britânica, Margaret Beckett, se pronunciou sobre este tema em um evento na Câmara de Comércio Brasil-Reino Unido, e declarou: "Queremos ser o principal sócio do Brasil na Europa".
A orientação válida para o Brasil se estende também a outros importantes países no mundo atual, como a Rússia, a Índia e a China.
Os britânicos criaram com o Brasil e estes dois últimos comitês conjuntos de cooperação econômica e comercial (JETCOs) para identificar áreas onde os laços podem ser fortalecidos.
Estatísticas do governo britânico --um pouco superiores às manuseadas pelo Brasil-- mostram que o comércio de mercadorias entre os dois países totalizou US$ 5,2 bilhões no ano passado.
O valor é menos da metade do volume trocado entre o Reino Unido e a Índia (US$ 10,8 bilhões), um terço do que foi comercializado com a Rússia (US$ 14,5 bilhões) e apenas 15% da corrente comercial sino-britânica (US$ 34,6 bilhões) no mesmo ano.
Entretanto, dos quatro, o Brasil é o que mais tem investimentos britânicos (US$ 5,2 bilhões em 2005, segundo a UKTI).
Se os dados econômicos indicam que poderia haver uma aproximação econômica entre Brasil e Reino Unido, ainda não está claro o quanto poderiam influir nisto aspectos pessoais de Gordon Brown.
O embaixador brasileiro em Londres, José Maurício Bustani, acredita que a relação pode ser alimentada pelo que diz ser uma "identificação" entre o novo premiê britânico e o presidente Lula.
Os dois líderes se conheceram durante o Fórum de Davos, em 2003. Ambos são de famílias simples e fizeram carreira política no trabalhismo. Igualmente importante, diz Bustani, é que ambos abraçam políticas semelhantes na arena internacional.
Brown é o autor da proposta de criar um fundo de financiamento para combater a pobreza no mundo com recursos dos países ricos.
Porta-voz dos países emergentes nessa questão, o presidente Lula tem defendido saídas semelhantes em fóruns multilaterais, como Davos e reuniões do G8, o grupo dos países mais industrializados do mundo e a Rússia.
"O perfil de Brown e Lula é muito semelhante", disse Bustani. "A química entre Brown e Lula funciona muito bem."
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