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14/05/2004 - 08h09

EUA têm punks conservadores e pró-Bush

DAMIEN FOWLER
da BBC, em Londres

Parecia impossível, mas um novo tipo de movimento está crescendo nos Estados Unidos: o dos Roqueiros Republicanos.

De coturno e cabeça raspada, Michael Graves é o retrato do punk rock que apoia George W. Bush

Ele lidera a banda Gotham Road, que acaba de iniciar uma excursão pelo país.

No palco ele vocifera letras iradas e obscuras. Fora dele, Graves também é conhecido por seus rompantes raivosos e suas posições conservadoras.

Apoio a Bush

"A cultura pop está propagando a agenda da esquerda radical, e nós estamos em guerra em vários níveis diferentes", escreveu o músico em uma de suas colunas no site conservativepunk.com, um dos vários endereços novos na internet para punks republicanos.

Gotham Road é um dos conjuntos que se posicionam contra bandas anticonformistas, embora eles representem uma porcentagem pequena do cenário punk.

"Eu apóio esse governo por causa dos valores do presidente", diz Graves. "Acredito que ele esteja levando o país para a direção correta."

"Existe alguém melhor para o cargo? Pode ser, mas dos candidatos a disposição atualmente, ninguém é melhor do que George W. Bush."

Nick Rizzuto, um punk de 22 anos e fundador do conservativepunk.com, se define como um "punk capitalista".

"Não vejo nada de punk em apoiar aumento de impostos", diz ele.

"Acho que o ponto de vista conservador é mais punk que o liberal por dar mais ênfase à responsabilidade pessoal."

Anti-Bush

Quando o punk rock emergiu em meados dos anos 70, o movimento se identificou com uma certa revolta juvenil.

Ele era contra o sistema e de tendência política mais esquerdista.

Enquanto bandas como o Sex Pistols pregavam a anarquia e o niilismo, outras mais politizadas como o Clash abraçavam a esquerda.

A maioria das bandas americanas de hoje continua se posicionando de acordo com a tradição do Clash.

Cerca de 200 bandas liberais e esquerdistas, incluindo o Green Day e o Foo Fighters, apoiaram o site punkvoter.com, que pede para que os fãs votem contra o presidente George W. Bush nas eleições americanas de novembro.

Eles acabaram de lançar uma coletânea de músicas que atacam Bush.

"Uma das mensagens que dizemos às pessoas é para elas se registrarem e votarem contra George W. Bush", diz Justin Sane, vocalista da banda Anti-Flag.

Os conservadores também ambicionam uma fatia do eleitorado jovem.

Alguns críticos enxergam o surgimento dos punks conservadores como um reflexo do grau de polarização nos Estados Unidos neste ano de eleição.

"Antes existia uma sensação de que votar não fazia diferença", diz Anthony De Curtis, um crítico de rock da revista Rolling Stone.

"Essa atitude parece não estar valendo para o momento atual e o punk rock está refletindo isso."

Ramones

Existem poucos precedentes de roqueiros que apóiam os republicanos, mas é possível citar alguns casos.

Johnny Ramone, guitarrista dos Ramones, vem apoiando publicamente o partido há anos.

Quando a banda foi introduzida no Hall da Fama do Rock'n Roll, em 2002, ele declarou: "Deus abençoe o presidente Bush e a América".

Para muitos, a idéia de Bush ser apoiado por punks é uma contradição. Para outros faz um certo sentido perverso, dada a postura agressiva de sua administração.

"A direita se tornou mais punk, mais agressiva do que a esquerda", diz DeCurtis.

Ainda assim, roqueiros como Michael Graves se sentem por vezes alienados do resto do cenário punk.

"As vezes me sinto bastante fora de moda", diz ele.
 

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