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20/09/2004 - 12h35

Análise: Alemães do leste buscam alternativas políticas

RAY FURLONG
da BBC Brasil, em Berlim

Os resultados das eleições para Assembléias estaduais na Saxônia e em Brandeburgo transmitem uma mensagem clara.

Os alemães do leste cansaram dos principais partidos políticos e estão em busca de alternativas.

Cortes dos governos em programas de bem-estar social aumentaram a irritação já existente com o desemprego e com a sensação de que o antigo leste comunista não tem esperança de atingir a prosperidade vista no oeste da Alemanha.

"As pessoas estão dispostas a apoiar partidos que estão fora da linha política tradicional, que representam um tipo diferente de política", disse Frank Schwerdt, membro da liderança do NPD (Partido Nacional Democrata).

Protesto

O NPD é um grupo de extrema-direita que o governo alemão tentou banir no ano passado. Ele obteve apoio de cerca de 9% do eleitorado na Saxônia e seus aliados da União do Povo Alemão conquistou pouco mais de 5% em Brandenburgo.

"Certamente, há pessoas votando no NPD em protesto, mas não somos um partido de protesto", disse Schwerdt.

"Somos contra as políticas econômicas do governo e somos contra a imigração. Muitos empregados estrangeiros são trazidos à Alemanha porque ganham menos. Os alemães estão perdendo seus empregos."

Enquanto Schwerdt falava na sede do NPD, dois carros com policiais armados montavam guarda do lado de fora --um sinal de que este não é um partido político qualquer.

O seu sucesso levou a enfrentamentos entre a polícia e manifestantes de esquerda em Dresden quando o resultado das eleições foi anunciado.

O NPD já foi vinculado a grupos violentos de neonazistas, mas seu principal foco na campanha esteve voltado à frustração com a situação econômica e os cortes nos benefícios.

Isso inclui cortes nos benefícios para os que estão desempregados por longo período, e medidas que obrigam as pessoas a aceitar qualquer trabalho que lhes seja oferecido --mesmo que mal pago-- ou perder todo o apoio do Estado.

Isso causou mais irritação no leste ex-comunista, onde o desemprego chega a ser o dobro daquele na parte ocidental, e onde os salários, benefícios e aposentadorias são mais baixos.

Comunistas

"Se você lembrar de como era há 15 anos, as pessoas tinham muita esperança e os políticos diziam que 'tudo vai ficar bem'", afirma Gesine Loetzsch, deputada do partido ex-comunista PDS.

O PDS se beneficiou ainda mais que o PND dessa onda de raiva na Alemanha Oriental. Em Brandenburgo, conquistou quase 30% dos votos e, na Saxônia, 23%.

O SPD, partido governista, afirma que as reformas, embora sejam doloridas, são necessárias para reduzir o desemprego e evitar a falência do sistema de seguridade social.

Essa mensagem provocou uma dura reação dos eleitores nas urnas contra o SPD no domingo.

O principal partido de oposição, o CDU (Democratas Cristãos), também apoiou o pacote de reformas e pagou o preço perdendo votos.

Ainda assim, o SPD continua a ser o partido mais forte em Brandenburgo, onde provavelmente vai governar com a CDU --partido mais votado na Saxônia.

O impacto do voto de protesto será limitado por enquanto, com a extrema direita e os comunistas reformados confinados aos bancos da oposição nas Assembléias estaduais.

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