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21/09/2004
-
19h22
da BBC Brasil, em Nova York
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse em discurso nas Nações Unidas que continua a existir no mundo o "colonialismo econômico e social" perpetuado pelas regras comerciais.
"O fim do colonialismo afirmou, na esfera política, o direito dos povos à autodeterminação, e esta Assembléia (da ONU) é o signo mais alto de uma ordem fundada na independência das nações."
"A transformação política, contudo, não se completou no plano econômico e social. Barreiras protecionistas e outros obstáculos ao equilíbrio comercial, agravados pelas concentração dos investimentos, do conhecimento e da tecnologia, sucederam-se ao domínio colonial", disse o presidente.
"Manteve-se a lógica que drena o mundo da escassez para irrigar o do privilégio. Nas últimas décadas, a globalização assimétrica e excludente aprofundou o legado devastador da miséria e regressão social."
Justiça social
Lula fez o discurso de abertura, nesta terça-feira, dos debates da 59ª Assembléia Geral da ONU. Tradicionalmente é o Brasil quem abre a sessão.
O presidente fez um discurso focado na necessidade de justiça social relacionando a segurança internacional com o desenvolvimento econômico das nações pobres.
Lula também cobrou uma "mudança importante nos fluxos de financiamento dos organismos multilaterais".
O presidente defendeu a proposta brasileira de criação de um mecanismo de cálculo no FMI (Fundo Monetário Internacional) que permita um maior investimento em infra-estrutura nos países em desenvolvimento.
"Estes organismos (multilaterais, como o FMI e o Banco Mundial) foram criados para encontrar soluções, mas, às vezes, por excessiva rigidez, tornam-se parte do problema. Trata-se de ajustar-lhes o foco para o desenvolvimento, resgatando seu objetivo original", disse Lula.
"O FMI deve credenciar-se para fornecer o aval e a liquidez necessários a investimentos produtivos, especialmente em infra-estrutura, saneamento e habitação."
'Terrorismo'
Lula se referiu a recentes atentados extremistas como uma evidência de que "o ódio e a insensatez se alastraram pelo mundo".
"Apenas este ano, mais de 1,7 mil pessoas já morreram vítimas de ataques terroristas ao redor do mundo, em Madri, Bagdá e Jacarta. Tragédias que vêm se somar a tantas outras na Índia, no Oriente Médio, nos Estados Unidos e, recentemente, ao sacrifício bárbaro das crianças de Beslan (na Rússia). A humanidade está perdendo a luta pela paz", disse o presidente.
O presidente mostrou pessimismo em relação à situação no Oriente Médio.
"Não se vislumbra, por exemplo, melhora na situação política no Oriente Médio. Neste, como em outros conflitos, a comunidade internacional não pode aceitar que a violência, proveniente do Estado ou de quaisquer grupos, se sobreponha ao diálogo democrático", disse.
"O povo palestino ainda está longe de alcançar a autodeterminação a que tem direito. Sabemos que as causas da insegurança são complexas. O necessário combate ao terrorismo não pode ser concebido apenas em termos militares."
Conselho de Segurança
Embora não tenha se referido diretamente à demanda do Brasil por um assento permanente no Conselho de Segurança da ONU, Lula fez uma defesa vigorosa da reformulação do órgão.
"Nenhum organismo pode substituir as Nações Unidas na missão de assegurar ao mundo convergência em torno de objetivos comuns", disse.
"Só o Conselho de Segurança pode conferir legitimidade às ações no campo da paz e da segurança internacionais, mas sua composição deve adequar-se à realidade de hoje e não perpetuar aquela do pós-Segunda Guerra."
Lula critica 'colonialismo econômico' em discurso na ONU
PAULO CABRALda BBC Brasil, em Nova York
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse em discurso nas Nações Unidas que continua a existir no mundo o "colonialismo econômico e social" perpetuado pelas regras comerciais.
"O fim do colonialismo afirmou, na esfera política, o direito dos povos à autodeterminação, e esta Assembléia (da ONU) é o signo mais alto de uma ordem fundada na independência das nações."
"A transformação política, contudo, não se completou no plano econômico e social. Barreiras protecionistas e outros obstáculos ao equilíbrio comercial, agravados pelas concentração dos investimentos, do conhecimento e da tecnologia, sucederam-se ao domínio colonial", disse o presidente.
"Manteve-se a lógica que drena o mundo da escassez para irrigar o do privilégio. Nas últimas décadas, a globalização assimétrica e excludente aprofundou o legado devastador da miséria e regressão social."
Justiça social
Lula fez o discurso de abertura, nesta terça-feira, dos debates da 59ª Assembléia Geral da ONU. Tradicionalmente é o Brasil quem abre a sessão.
O presidente fez um discurso focado na necessidade de justiça social relacionando a segurança internacional com o desenvolvimento econômico das nações pobres.
Lula também cobrou uma "mudança importante nos fluxos de financiamento dos organismos multilaterais".
O presidente defendeu a proposta brasileira de criação de um mecanismo de cálculo no FMI (Fundo Monetário Internacional) que permita um maior investimento em infra-estrutura nos países em desenvolvimento.
"Estes organismos (multilaterais, como o FMI e o Banco Mundial) foram criados para encontrar soluções, mas, às vezes, por excessiva rigidez, tornam-se parte do problema. Trata-se de ajustar-lhes o foco para o desenvolvimento, resgatando seu objetivo original", disse Lula.
"O FMI deve credenciar-se para fornecer o aval e a liquidez necessários a investimentos produtivos, especialmente em infra-estrutura, saneamento e habitação."
'Terrorismo'
Lula se referiu a recentes atentados extremistas como uma evidência de que "o ódio e a insensatez se alastraram pelo mundo".
"Apenas este ano, mais de 1,7 mil pessoas já morreram vítimas de ataques terroristas ao redor do mundo, em Madri, Bagdá e Jacarta. Tragédias que vêm se somar a tantas outras na Índia, no Oriente Médio, nos Estados Unidos e, recentemente, ao sacrifício bárbaro das crianças de Beslan (na Rússia). A humanidade está perdendo a luta pela paz", disse o presidente.
O presidente mostrou pessimismo em relação à situação no Oriente Médio.
"Não se vislumbra, por exemplo, melhora na situação política no Oriente Médio. Neste, como em outros conflitos, a comunidade internacional não pode aceitar que a violência, proveniente do Estado ou de quaisquer grupos, se sobreponha ao diálogo democrático", disse.
"O povo palestino ainda está longe de alcançar a autodeterminação a que tem direito. Sabemos que as causas da insegurança são complexas. O necessário combate ao terrorismo não pode ser concebido apenas em termos militares."
Conselho de Segurança
Embora não tenha se referido diretamente à demanda do Brasil por um assento permanente no Conselho de Segurança da ONU, Lula fez uma defesa vigorosa da reformulação do órgão.
"Nenhum organismo pode substituir as Nações Unidas na missão de assegurar ao mundo convergência em torno de objetivos comuns", disse.
"Só o Conselho de Segurança pode conferir legitimidade às ações no campo da paz e da segurança internacionais, mas sua composição deve adequar-se à realidade de hoje e não perpetuar aquela do pós-Segunda Guerra."
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