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06/12/2004
-
15h51
da BBC Brasil, em Nova York
Sem apoio americano é muito difícil, quase impossível, que um secretário-geral da ONU (Organização das Nações Unidas) possa exercer suas funções.
Não é à toa que os alarmes soaram nos corredores da instituição em Nova York depois que o presidente George W. Bush não deu apoio explícito a Kofi Annan em meio às alegações (e investigações) de corrupção - na faixa dos bilhões de dólares - no programa de troca de petróleo por comida que existia nos tempos de Saddam Hussein, no Iraque.
As alegações envolvem inclusive Kojo Annan, o filho do secretário-geral.
Na semana passada, quando um repórter perguntou sem meias palavras a Bush se o secretário-geral da ONU deveria renunciar, o presidente simplesmente respondeu que aguardava o resultado das investigações sobre as alegações de corrupção.
O dirigente do país que mais contribui para cobrir as despesas da ONU não bancou Kofi Annan.
Em contrapartida, o endosso explícito foi conferido pelos outros quatro membros permanentes do Conselho de Segurança, que são Grã-Bretanha, França, Rússia e China. Em linguagem diplomática, porta-vozes da administração Bush se limitam a dizer que Kofi Annan segue "prestigiado".
O plano sob investigação era administrado pelo secretariado da ONU e supervisionado pelos 15 integrantes do Conselho de Segurança, ou seja, também pelos EUA.
A campanha contra a ONU como uma entidade ineficiente e corrupta sempre foi particularmente estridente nos EUA, com políticos conservadores à frente da carga. Em última instância, é a visão da ONU como uma instituição falida.
Conservadores
Não é surpresa que o escândalo do programa iraquiano dos tempos de Saddam Hussein tenha sido um pretexto excelente para a renovação da carga, e menos ainda que setores mais conservadores de Washington estejam engajados na campanha.
Os comentários de Bush (sem o apoio explícito a Kofi Annan) coincidiram com a exortação feita por dois senadores republicanos (entre eles Norm Coleman, uma figura em ascensão no partido) pela renúncia do secretário-geral.
Um secretário-geral nunca foi afastado no meio do mandato e nem há mecanismos para tal. Em uma entrevista publicada nesta segunda-feira no jornal Financial Times, Kofi Annan rejeitou as pressões. Em um evento social no fim de semana, ele sugeriu pela primeira vez que estaria pronto para partir assim que o segundo mandato terminar no final de 2006.
Annan foi a escolha americana para comandar a ONU depois que a administração Clinton não endossou o egípcio Boutros Boutros-Ghali para um segundo mandato.
Não é segredo que a ala mais conservadora do governo Bush quer Kofi Annan fora de cena. Ele não é perdoado pelas críticas frequentes a Washington na crise do Iraque, mas a Casa Branca sabe que pedir abertamente a saída do secretário-geral seria um revés diplomático.
Ademais, o governo Bush está interessado em aparar as arestas com a comunidade internacional e a ONU com as eleições iraquianas despontando em menos de dois meses no calendário.
Uma alta fonte anônima do governo americano disse ao jornal New York Times que a questão é saber como Kofi Annan irá reagir às investigações sobre corrupção e maquiavelicamente acrescentou que muito dependerá se ele se tornará mais suscetível à agenda americana.
Especial
Leia o que já foi publicado sobre Kofi Annan
Leia o que já foi publicado sobre George W. Bush
Falta de apoio de Bush pode ameaçar Annan na ONU
CAIO BLINDERda BBC Brasil, em Nova York
Sem apoio americano é muito difícil, quase impossível, que um secretário-geral da ONU (Organização das Nações Unidas) possa exercer suas funções.
Não é à toa que os alarmes soaram nos corredores da instituição em Nova York depois que o presidente George W. Bush não deu apoio explícito a Kofi Annan em meio às alegações (e investigações) de corrupção - na faixa dos bilhões de dólares - no programa de troca de petróleo por comida que existia nos tempos de Saddam Hussein, no Iraque.
As alegações envolvem inclusive Kojo Annan, o filho do secretário-geral.
Na semana passada, quando um repórter perguntou sem meias palavras a Bush se o secretário-geral da ONU deveria renunciar, o presidente simplesmente respondeu que aguardava o resultado das investigações sobre as alegações de corrupção.
O dirigente do país que mais contribui para cobrir as despesas da ONU não bancou Kofi Annan.
Em contrapartida, o endosso explícito foi conferido pelos outros quatro membros permanentes do Conselho de Segurança, que são Grã-Bretanha, França, Rússia e China. Em linguagem diplomática, porta-vozes da administração Bush se limitam a dizer que Kofi Annan segue "prestigiado".
O plano sob investigação era administrado pelo secretariado da ONU e supervisionado pelos 15 integrantes do Conselho de Segurança, ou seja, também pelos EUA.
A campanha contra a ONU como uma entidade ineficiente e corrupta sempre foi particularmente estridente nos EUA, com políticos conservadores à frente da carga. Em última instância, é a visão da ONU como uma instituição falida.
Conservadores
Não é surpresa que o escândalo do programa iraquiano dos tempos de Saddam Hussein tenha sido um pretexto excelente para a renovação da carga, e menos ainda que setores mais conservadores de Washington estejam engajados na campanha.
Os comentários de Bush (sem o apoio explícito a Kofi Annan) coincidiram com a exortação feita por dois senadores republicanos (entre eles Norm Coleman, uma figura em ascensão no partido) pela renúncia do secretário-geral.
Um secretário-geral nunca foi afastado no meio do mandato e nem há mecanismos para tal. Em uma entrevista publicada nesta segunda-feira no jornal Financial Times, Kofi Annan rejeitou as pressões. Em um evento social no fim de semana, ele sugeriu pela primeira vez que estaria pronto para partir assim que o segundo mandato terminar no final de 2006.
Annan foi a escolha americana para comandar a ONU depois que a administração Clinton não endossou o egípcio Boutros Boutros-Ghali para um segundo mandato.
Não é segredo que a ala mais conservadora do governo Bush quer Kofi Annan fora de cena. Ele não é perdoado pelas críticas frequentes a Washington na crise do Iraque, mas a Casa Branca sabe que pedir abertamente a saída do secretário-geral seria um revés diplomático.
Ademais, o governo Bush está interessado em aparar as arestas com a comunidade internacional e a ONU com as eleições iraquianas despontando em menos de dois meses no calendário.
Uma alta fonte anônima do governo americano disse ao jornal New York Times que a questão é saber como Kofi Annan irá reagir às investigações sobre corrupção e maquiavelicamente acrescentou que muito dependerá se ele se tornará mais suscetível à agenda americana.
Especial
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