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06/03/2008 - 07h40

Análise: Obama, nossa paixão

LUCAS MENDES
Colunista da BBC

Vou abrir o jogo: meu coração ao Obama pertence, mas ainda tenho um resto de memória e me lembro de George McGovern e outros liberais que nos despertaram paixões e levaram surras brutais de 49 a 1 nas eleições em novembro.

Se Obama sair candidato terá o mesmo destino: sardinha para McCain e a extrema direita.

Não escondo minha simpatia pelo republicano McCain --talvez o mais íntegro e experiente dos candidatos-- mas acho que ele vai ter um troco antes de novembro e, para variar, a vassoura democrática será bem vinda.

Sobra Hillary. Como a imprensa americana, eu também quero saber porque ela não mostra a declaração de impostos de 2006, a agenda durante os anos de primeira-dama e a fonte dos US$ 5 milhões que emprestou para a própria campanha, mas o que me derruba mesmo é aquela risada.

E não é cisma minha. Saturday Night Life, um dos melhores programas de humor da televisão americana, tem uma imitadora oficial de Hillary e, sábado passado, na frente da senadora, as duas com o mesmo vestido, ela gargalhou como a senadora.

Dona Hillary ficou chocada.

"Não acredito. Eu não rio assim!", disse ela à comediante.

Pois ri. Foi a segunda participação de Hillary no programa em duas semanas, e ela demonstrou um senso de humor que deve ter gerado milhares, senão milhões, de votos.

Há uma Hillary debochada, capaz de rir dela mesma e dos outros, e aí é o problema. Quando solta uma gargalhada, perde votos conquistados, mas o saldo é positivo.

Noutro quadro, ela e Obama estão num debate e os entrevistadores babam, ouvem o senador. Só fazem perguntas fáceis, e um deles pergunta se ele está confortável ou quer mais um travesseiro. E ferro na senadora.

Hillary e o marido já reclamaram várias vezes da imprensa e ela, durante um dos debates, se queixou que todas as primeiras perguntas dos jornalistas eram sempre dirigidas a ela. Quem responde em segundo tem sempre a vantagem do tempo para pensar.

Desde a semana passada, provocado ou não pelas queixas dela e o humor do Saturday Night Life, saíram várias matérias em jornais e tevês examinando o favoritismo da cobertura e a paixão da imprensa por Obama.

O centro de pesquisas Project for Excellence in Journalism, que estuda 48 dos maiores jornais e telejornais do país, informa que na segunda semana de fevereiro 69% do noticiário se concentrou em Obama, em geral favorável.

Uma pesquisa do "New York Times"-CBS mostra que metade dos entrevistados disseram que a imprensa é mais dura com Hillary do que com Obama. Só um em dez achou que a imprensa é contra Obama.

Os jornalistas negam a paixão e alguns têm boas explicações. A imprensa prefere vencedores e Hillary tinha 11 derrotas seguidas, disse Mike Glover, da AP, ao "New York Times".

Hillary tem um currículo muito mais longo e complicado, é outra explicação comum. Obama é cara nova com passado sem escândalos conhecidos, mas a imprensa já está examinando as relações dele com Antoin Rezko, um milionário corrupto de Chicago, e as caronas que o senador pegava em jatos de corporações. A votação dele como deputado e senador também foi tema de críticas recentes.

Ontem o senador culpou a imprensa pelas derrotas dele em Ohio e no Texas.

Um dia é da caça, outro do caçador, mas a imprensa sempre leva a culpa.

Objetividade total, como sabemos, não existe em jornalismo. Se os jornalistas ou donos de jornais tivessem este poder, Nixon e Reagan jamais teriam sido eleitos. Eram desprezados pelos jornalistas.

Muitos repórteres foram seduzidos pela camaradagem de George Bush em 2000, mas depois que caíram no conto das Armas de Destruição em Massa a cobrança tem sido implacável.

Johnson mentia tanto que surgiu a expressão "Credibility Gap". Ele gostava de manter os jornalistas influentes perto dele: 'Prefiro ter gente dentro da minha tenda mijando para fora do que gente de fora mijando para dentro'.

Depois de Watergate as relações entre a imprensa e governo nunca mais foram as mesmas, mas nem antes nem depois os jornalistas tiveram o poder de fazer ou desfazer presidentes dos Estados Unidos.

Comentários dos leitores
hugo chavez (262) 11/01/2010 22h49
hugo chavez (262) 11/01/2010 22h49
As "autoridades" de imigração dos eua encobriram maus-tratos a estrangeiros e falta de atendimento médico nos casos de detidos mortos na prisão nos últimos anos, denunciou o jornal "The New York Times". A informação é parte do conteúdo de documentos internos e confidenciais obtidos pela publicação e a ONG União Americana de Liberdades Civis. Ambos se acolheram a uma lei de transparência que obriga à divulgação deste tipo de informação pelo governo. Os documentos mencionam os casos de 107 estrangeiros que morreram nos centros de detenção para imigrantes desde outubro de 2003. "Certos funcionários, alguns deles ainda em postos-chave, usaram seu cargo para ocultar provas de maus-tratos, desviar a atenção da imprensa e preparar declarações públicas com desculpas, após ter obtido dados que apontavam os abusos". É mais uma da "democracia" estadounidense que vive apontando o dedo para os outros. Quanto tempo e quantas patifarias ainda faltam para que alguns reconheçam que "liberdade e democracia" são MITOS nos eua. Ali acontece todo o tipo de manipulação, tortura, conchavo, tráfico, suborno, violência, abuso, enfim, toda a sorte de patifarias. Os eua estão mergulhados no mais profundo colapso em TODOS os sentidos. Não dá mais para encobrir que eles não se diferenciam em nada de TODOS os regimes que criticam, mas, como tem o poder das armas e são totalmente influenciados pela doutrina nazi sionista racista e fascista, são os maiores e verdadeiros grandes TERRORISTAS do mundo. São os condutores das maiores mazelas nos 4 cantos e o povo estadounidense precisa recuperar o poder e realmente conseguir resgatar sua Nação. Para começar, é preciso ter presidentes de verdade e não fantoches de 2 partidos que têm os mesmos "senhores", o sionismo internacional. Vivemos um momento decisivo onde devemos apoiar a Resistência mundial e lutar para derrubar o eixo que venceu o outro eixo na 2ª guerra e construir um mundo livre voltado para o socialismo do século XXI. Não ao capitalismo e ao comunismo, duas faces da mesma moeda controladas pelos sionismo. sem opinião
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Luciano Edler Suzart (40) 09/10/2009 10h20
Luciano Edler Suzart (40) 09/10/2009 10h20
A situação é periclitante, se antigamente se concedia o Nobel da Paz a quem de algum modo, plantava a paz no mundo, hoje (dada a escassez de boa fé geral) se concede o prémio a quem não faz a guerra... Como diria o sábio Maluf: "Antes de entrar queria fazer o bem, depois que entei, o máximo que conseguí foi evitar o mal"
Só assim pra se justificar esse Nobel a Obama, ou podemos ver como um estímulo preventivo a que não use da força bélica que lhe está disponível contra novos "Afeganistões" do mundo.
1 opinião
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honório Tonial (2) 16/05/2009 21h47
honório Tonial (2) 16/05/2009 21h47
Considero ecelente vosso noticiario. Obrigado, aos 83 anos de mnha vida, 8 opiniões
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