Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
08/01/2005 - 11h45

A Semana: Mundo se une pelas vítimas dos tsunamis

ROGÉRIO SIMÕES
da BBC Brasil

A primeira semana de 2005 foi uma corrida contra o relógio para evitar que o maior desastre natural da história recente tirasse ainda mais vidas, além das 150 mil já confirmadas.

Governos, agências de ajuda humanitária, celebridades e o público em geral juntaram esforços para atender às vítimas das ondas gigantes que, no fim de 2004, levaram destruição a 12 países da Ásia e da África.

O volume de dinheiro prometido crescia a cada dia. Os Estados Unidos, após serem criticados pelos US$ 35 milhões que haviam prometido inicialmente para a região, começaram a semana multiplicando o valor por dez, para US$ 350 milhões.

Na segunda-feira, o presidente George W. Bush apareceu na Casa Branca ao lado de seu pai, o ex-presidente George Bush, e o político que o tirou da Presidência em 1992, o democrata Bill Clinton.

Bush anunciou que os dois ex-presidentes liderariam os esforços para a coleta de recursos nos Estados Unidos para ajudar as vítimas dos tsunamis.

No mesmo dia, o secretário de Estado americano, Colin Powell, iniciava o que deve ter sido sua última viagem oficial no cargo: um giro pelos países mais duramente afetados. Os Estados Unidos tentavam recuperar o prestígio perdido com o que muitos consideraram uma reação tardia à tragédia.

Na quarta-feira, já em Londres, o primeiro-ministro Tony Blair teve de explicar por que não interrompeu suas férias no Egito para coordenar, pessoalmente, a ajuda britânica.

Em entrevista, Blair disse que monitorou os trabalhos pelo telefone e que sua equipe tinha a situação sob controle. Ele aproveitou para prometer mais "centenas de milhões de libras" para a região.

Também na quarta, a Alemanha prometia US$ 665 milhões, elevando as promessas européias até então para quase US$ 1 bilhão, o dobro do prometido pelo Japão.

Mas, ao mesmo tempo em que as "doações" se acumulavam, aumentava o temor de organizações não-governamentais de que esse dinheiro não se materializasse.

Para evitar que a tragédia dos tsunamis repetisse episódios do passado, em que o mundo prometeu mundos e fundos para vítimas de desastres naturais e não cumpriu, o secretário-geral da ONU, Kofi Annan, resolveu exigir ações já.

Na quinta-feira, durante conferência internacional em Jakarta (Indonésia) para discutir a ajuda às populações locais, Annan fez um apelo pelo envio imediato de US$ 977 milhões.

No dia seguinte, veio talvez a principal promessa de ajuda dos países mais ricos do planeta. O G-7 anunciou que aceitava a proposta de congelar os pagamentos das dívidas dos paíse afetados até que o Banco Mundial e o FMI (Fundo Monetário Internacional) façam uma análise das condições dessas nações de arcar com esses compromissos.

Celebridades mundo afora também puderam contribuir com parte de suas fortunas pessoais. O diretor Steven Spielberg, a atriz Sandra Bullock e ator Leonardo di Caprio colaboraram com US$ 1 milhão ou mais, e o campeão de Fórmula 1 Michael Schumacher conquistou, como sempre, a dianteira: doou US$ 10 milhões.

Destruição inédita

Colin Powell e Kofi Annan sobrevoaram, em dias diferentes, a região mais afetada pelos tsunamis, Banda Aceh, na Indonésia, país que perdeu cerca de 100 mil pessoas no maremoto.

Ambos tiveram a mesma reação: disseram que, apesar da longa experiência diante de tragédias das mais diversas, nunca haviam visto um nível de destruição tão grande.

Como se não bastassem as dificuldades enfrentadas pelas equipes de ajuda atuando no país, o tradicional conflito político na região, entre rebeldes separatistas e tropas do governo, continua.

Na sexta-feira, rebeldes acusaram o governo central de se aproveitar da targédia para lançar ataques, enquanto as autoridades diziam que os separatistas estavam prejudicando o atendimento às vítimas.

O Brasil também se aliou ao esforço para recuperar essa região indonésia. Na noite de sexta-feira, um grupo de funcionários dos ministérios da Saúde, Defesa e das Relações Exteriores viajaria ao país para ajudar nos trabalhos de ajuda à população local.

O mundo todo, ou pelo menos a parte com condições financeiras para tanto, se uniu para ajudar as vítimas do implacável maremoto que fechou o ano de 2004.

O ímpeto humanitário levou o ministro das Finanças britânico, Gordon Brown, a propor um aumento da ajuda a países pobres, numa espécie de Plano Marshall para combater as extremas desigualdades do planeta. Resta saber se os países mais desenvolvidos estão mesmo preparados para a tarefa.

No Iraque, nada mudou

Na semana que termina, as televisões estiveram repletas de imagens de cidades inteiras destruídas pelos tsunamis. Mas, apesar de o mundo não ter prestado tanta atenção, nada mudou no Iraque.

Atentados de insurgentes continuaram fazendo do dia-a-dia iraquiano um dos mais violentos do planeta. E, com a proximidade das eleições, os alvos políticos têm sido atingidos com mais sucesso.

Na segunda-feira, pelo menos 30 pessoas foram mortas em vários atentados, entre elas três civis britânicos e um americano.

No dia seguinte, a insurgência iraquiana conseguiria fazer mais uma valiosa vítima: o governador da província de Bagdá, Ali al-Haidari, morto em um atentado a tiros na capital do país.

Quando a semana chegava ao seu final, na quinta-feira, mais uma explosão causou baixas do lado americano. Sete soldados dos Estados Unidos morreram, no mais grave atentato contra as forças americanas desde o ataque a uma base militar na cidade de Mosul, no mês passado.

Segundo os planos do primeiro-ministro interino, Ayad Allawi, e de Washington, os iraquianos deverão ir às urnas no próximo dia 30 para compor uma Assembléia Nacional, que formará um novo governo.

Os insurgentes apostam que a onda de violência tornará o pleito inviável. Os Estados Unidos negam essa possibilidade, mas vários analistas e políticos iraquianos temem que eles tenham razão.
 

Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página