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07/01/2005 - 22h01

Comparecimento às urnas é chave nas eleições palestinas

PAULO CABRAL
da BBC Brasil

Os palestinos vão eleger um presidente e são raros os analistas que duvidem que o escolhido será o ex-primeiro-ministro Mahmoud Abbas, que vem consistentemente liderando as pesquisas de intenção de voto.

No entanto, quanto poder de fato terá o novo presidente que vai ter a dura tarefa de ocupar o lugar do histórico líder Iasser Arafat ainda é um mistério.

Analistas temem que se pouca gente for às urnas para votar [o voto é facultativo], a Autoridade Nacional Palestina (ANP) pode acabar com seu peso e legitimidade reduzidos.

Nas eleições municipais realizadas recentemente, o comparecimento às urnas ficou em 82% número muito mais alto do que o normalmente observado em eleições nos países ocidentais com voto facultativo.

Tanto os candidatos como a Comissão Eleitoral Palestina estão se esforçando para fazer com que o comparecimento às urnas fique em níveis próximos ao observado nestas últimas eleições.

"As eleições municipais foram mais fáceis porque ninguém teve de sair de sua cidade ou vila para votar, o que agora pode ser necessário para algumas pessoas", disse o porta-voz da campanha de Abbas, Omar Qoure.

"Nós estamos ligando para eleitores para pedir que eles não deixem de comparecer às urnas, mesmo que para votar em outro candidato, porque só assim vamos mostrar ao mundo que os palestinos querem democracia e gostam de eleições."

Movimentação

Com a ocupação militar e os diversos bloqueios estabelecidos por conta dela, sair de casa para votar pode mesmo ser uma tarefa difícil para muitos israelenses.

"Acho que as pessoas estão interessadas e até agora as coisas estão correndo bem. Nosso maior temor é que muitas pessoas não consigam votar por causa dos bloqueios", disse a consultora da Comissão Eleitoral Pauline Dion.

Ela explica que a comissão lançou uma ampla campanha para informar a população a respeito das eleições e tentar atrair mais eleitores às urnas.

A campanha inclui inserções nas 23 rádios palestinas, a publicação de dois a três anúncios por dia nos jornais que circulam na região e a colocação de milhares de cartazes nas cidades e vilas palestinas.

"O interesse é grande e as discussões são intensas, mas o número de pessoas que vai votar ainda é um mistério."

Pauline Dion observa, no entanto, que 71% dos palestinos com direito a voto se registraram para as eleições deste ano.

O coordenador de campanha do candidato Mustafa Barghouti (segundo colocado nas pesquisas), Khaled Saifi, espera que a participação dos eleitores seja no mínimo igual à das eleições de 1996, quando Iasser Arafat foi eleito o primeiro presidente da ANP.

"Naquele ano, a participação foi de 78% e tenho certeza de que nestas eleições as pessoas também vão querer sair de casa para terem a experiência de uma eleição presidencial", disse Saif.

"Sei que tem muita gente que não acredita na importância das eleições, mas temos de mostrar para estas pessoas que nós [palestinos] só vamos conseguir alguma mudança se tomarmos os problemas em nossas próprias mãos."

Omar Qoure também acusa Israel de estar procurando dificultar o processo eleitoral palestino, apesar de os israelenses dizerem que estão dando todo o apoio e ajuda para a realização do pleito.

"Toda esta conversa bonita dos israelenses a respeito de ajudar os palestinos com as eleições é mentira. Eles não querem uma participação forte dos eleitores nas urnas, porque assim eles vão ter um líder palestino mais fraco na mesa de negociações e vão poder dizer que não estamos preparados para democracia."

Hamas

No lado palestino há grupos militantes importantes principalmente o Hamas e o Jihad Islâmico que querem um boicote às eleições.

Na Cisjordânia, onde o Fatah de Iasser Arafat e de Mahmoud Abbas é a principal força, estes apelos não parecem ter muito impacto, mas a situação pode ser diferente na faixa de Gaza, onde o Hamas é predominante.

O vice-ministro da informação da ANP, Ahmed Sobeh, diz que estes grupos militantes fazem campanha contra as eleições porque não querem entrar em disputas de poder com um presidente que tenha grande respaldo do eleitorado.

"Eles sabem que nosso próximo presidente vai ter de ser muito forte para trazer ordem para os territórios palestinos e retomar as negociações de paz. Eles preferem um presidente fraco que não tenha capacidade de enfrentá-los."

Mas apesar do problema, Sobeh espera uma participação entre 70% e 75% do eleitorado.

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