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19/01/2005
-
19h20
da BBC Brasil, em Washington
O presidente dos Estados Unidos George W. Bush começa seu segundo mandato com a economia americana experimentando déficits fiscal e comercial que preocupam os críticos, mas aparecem pouco nos discursos e na lista de prioridades do presidente.
O pacote de redução de impostos implementado no início do primeiro mandato pode ter ajudado a tirar a economia da recessão, mas levou a um déficit no orçamento estimado este ano em 4,2% pelo próprio governo.
A expansão da economia americana também alavancou o crescimento da China e de países europeus, via exportações, mas a balança comercial registrou em novembro, o último dado divulgado, um déficit acumulado de US$ 60,3 bilhões, equivalente a 6% do PIB e o maior da história americana.
Para pagar essa diferença, os Estados Unidos dependem de recursos externos, via papéis do Tesouro americano, comprados principalmente por bancos centrais de países como China e Japão. Por enquanto, a equação tem dado certo, mas alguns economistas dizem que a fórmula não pode ser sustentada por muito tempo.
"Uma dívida de 65% do PIB e um déficit comercial e fiscal deste tamanho não são sustentáveis", afirma o economista Mark Weisbrot, diretor do Centro de Pesquisa Econômica e Políticas, uma organização de oposição ao governo.
No mercado financeiro, no entanto, a percepção é diferente.
Menor urgência
O economista-chefe para a América Latina do banco HSBC em Nova York, Paulo Vieira da Cunha, diz que o tamanho e a importância da economia americana tornam o problema menos urgente do que seria em outros países.
Ele diz que, num cenário pessimista, o déficit poderia levar a uma queda abrupta do dólar --ele avalia que a queda atual não é tão grave-- o que levaria a um aumento da taxa de juros, que por sua vez poderia provocar uma recessão não somente nos Estados Unidos, mas também nos países que exportam para o mercado americano.
O aumento da taxa de juros também afeta os países emergentes, como o Brasil, já que os investidores seriam naturalmente atraídos para os papéis americanos.
Mas ele não acha que isso vai acontecer, porque investidores estrangeiros ainda vão continuar comprando papéis americanos. "Há um interesse legítimo do banco central do Japão, do banco central da China, e de alguns investimentos europeus, em comprar papéis americanos", afirma.
"Esse déficit tem que ser atacado, mas o tamanho da economia americana permite que se ganhe um tempo', afirma Vieira da Cunha.
"Se o Brasil tivesse um déficit deste tamanho, que chega a 10% do PIB, o Brasil seria um país insustentável. Se fosse a Inglaterra, teria um pouco de tempo, mas o problema ainda seria urgente. Nos Estados Unidos, é possível ganhar mais tempo. Mas uma hora o governo vai ter que cuidar e reverter esse déficit".
Weisbrot e outros economistas de oposição temem que o governo escolha acertar o déficit pelo corte dos gastos em programas sociais, que já são poucos.
Ele também teme os resultados do eventual efeito recessivo do estouro da bolha imobiliária --o preço dos imóveis nos Estados Unidos tem subido bem acima da inflação e dos salários-- com a elevação da taxa de juros, já que as pessoas não conseguiriam pagar seus financiamentos.
Déficits preocupam os críticos no segundo mandato de Bush
DENIZE BACOCCINAda BBC Brasil, em Washington
O presidente dos Estados Unidos George W. Bush começa seu segundo mandato com a economia americana experimentando déficits fiscal e comercial que preocupam os críticos, mas aparecem pouco nos discursos e na lista de prioridades do presidente.
O pacote de redução de impostos implementado no início do primeiro mandato pode ter ajudado a tirar a economia da recessão, mas levou a um déficit no orçamento estimado este ano em 4,2% pelo próprio governo.
A expansão da economia americana também alavancou o crescimento da China e de países europeus, via exportações, mas a balança comercial registrou em novembro, o último dado divulgado, um déficit acumulado de US$ 60,3 bilhões, equivalente a 6% do PIB e o maior da história americana.
Para pagar essa diferença, os Estados Unidos dependem de recursos externos, via papéis do Tesouro americano, comprados principalmente por bancos centrais de países como China e Japão. Por enquanto, a equação tem dado certo, mas alguns economistas dizem que a fórmula não pode ser sustentada por muito tempo.
"Uma dívida de 65% do PIB e um déficit comercial e fiscal deste tamanho não são sustentáveis", afirma o economista Mark Weisbrot, diretor do Centro de Pesquisa Econômica e Políticas, uma organização de oposição ao governo.
No mercado financeiro, no entanto, a percepção é diferente.
Menor urgência
O economista-chefe para a América Latina do banco HSBC em Nova York, Paulo Vieira da Cunha, diz que o tamanho e a importância da economia americana tornam o problema menos urgente do que seria em outros países.
Ele diz que, num cenário pessimista, o déficit poderia levar a uma queda abrupta do dólar --ele avalia que a queda atual não é tão grave-- o que levaria a um aumento da taxa de juros, que por sua vez poderia provocar uma recessão não somente nos Estados Unidos, mas também nos países que exportam para o mercado americano.
O aumento da taxa de juros também afeta os países emergentes, como o Brasil, já que os investidores seriam naturalmente atraídos para os papéis americanos.
Mas ele não acha que isso vai acontecer, porque investidores estrangeiros ainda vão continuar comprando papéis americanos. "Há um interesse legítimo do banco central do Japão, do banco central da China, e de alguns investimentos europeus, em comprar papéis americanos", afirma.
"Esse déficit tem que ser atacado, mas o tamanho da economia americana permite que se ganhe um tempo', afirma Vieira da Cunha.
"Se o Brasil tivesse um déficit deste tamanho, que chega a 10% do PIB, o Brasil seria um país insustentável. Se fosse a Inglaterra, teria um pouco de tempo, mas o problema ainda seria urgente. Nos Estados Unidos, é possível ganhar mais tempo. Mas uma hora o governo vai ter que cuidar e reverter esse déficit".
Weisbrot e outros economistas de oposição temem que o governo escolha acertar o déficit pelo corte dos gastos em programas sociais, que já são poucos.
Ele também teme os resultados do eventual efeito recessivo do estouro da bolha imobiliária --o preço dos imóveis nos Estados Unidos tem subido bem acima da inflação e dos salários-- com a elevação da taxa de juros, já que as pessoas não conseguiriam pagar seus financiamentos.
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