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25/02/2005 - 16h12

Diretor musical do Oscar precisa de controle e habilidade

PETER BOWES
da BBC Brasil

A experiência de trabalhar como diretor musical da cerimônia do Oscar mostrou a Bill Conti que a tarefa não pode ser executada por pessoas que sofrem dos nervos e requer muita habilidade.

Este ano é o 17º em que Conti conduz a orquestra da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas.

"É tão empolgante quanto uma apresentação ao vivo. Todos os seus colegas, toda a indústria cinematográfica, todas as pessoas importantes estão no teatro. É apenas um programa de televisão, mas nós sempre pensamos que é algo mais", diz o maestro.

Em média, a orquestra é acionada mais de 110 vezes durante a cerimônia. Além de tocar para apresentadores e vencedores quando eles entram e saem do palco, a orquestra também toca durante os intervalos para entreter a platéia.

"É uma noite muito movimentada, que precisa de uma certa preparação em termos musicais, precisa de ensaios. Mas, ninguém sabe como serão aqueles momentos inesperados", afirma Conti.

Grande parte dos ensaios se concentra em partituras que nunca serão executadas.

"Não sabemos quem serão os vencedores. Então, quando eles falam 'e o vencedor é...' nós temos cinco diferentes trechos de música na nossa frente, eles falam o nome, nós tocamos a música apropriada imediatamente", conta ele.

Corte

Com freqüência, a orquestra precisa tocar quando os vencedores falam demais em seus discursos, mesmo depois de terem sido instruídos a não exagerar nos agradecimentos.

A decisão de interromper a estrela que vai contra a regra com uma música é tomada pelo diretor da cerimônia e transmitida para Bill Conti por meio de seu fone de ouvido.

"Não me sinto bem com isso, mas não é minha decisão. Quando o diretor diz 'música', a orquestra começa a tocar, e o diretor pede uma imagem do palco. Nós não vemos a pessoa falando enquanto seu microfone é cortado", afirma Conti.

"A pessoa que foi cortada está a três metros de onde estou, e está olhando furiosa para mim como se quisesse me matar."

Em certas ocasiões, os vencedores assumem a tarefa de avisar o diretor musical quando querem a música.

"Júlia Roberts pediu para não me preparar para tocar porque ela tinha muito o que fazer", lembra ele.

Conti recebeu um Oscar em 1983 pela trilha original de "Os Eleitos - Onde o Futuro Começa".

Ele foi indicado duas outras vezes: em 1976, na categoria Canção Original com "Gonna Fly Now", do filme "Rocky - Um Lutador", e em 1981, com "For Your Eyes Only", do filme "007 Somente para Seus Olhos".

Momento dramático

A imagem que a transmissão do Oscar passa é de uma cerimônia exata, com transições agradáveis entre performances e anúncios de categorias.

Nos bastidores, os elementos mais importantes da cerimônia, como Conti, têm que lidar com muitos detalhes técnicos.

"Há um grande roteiro e monitores de vídeo que você tem que acompanhar e também há controles de áudio. Posso controlar o que ouço no fone de ouvido esquerdo e no direito, posso ouvir coisas diferentes em horas diferentes."

"Tenho que me comunicar com o diretor do programa e tenho um pequeno microfone que está acoplado ao meu fone. Para abrir este microfone, tenho um pedal", explica Conti.

O momento mais dramático vivido por Conti ocorreu em 1977, quando ele era o diretor musical e um dos integrantes da orquestra lhe disse que estava sentindo um cheiro de fumaça durante a cerimônia.

Conti entrou em contato com o diretor da cerimônia imediatamente.

"Comecei a gritar e a praguejar, falei que não iríamos morrer por causa da cerimônia, que o diretor tinha que fazer alguma coisa ou eu sairia do fosso da orquestra junto com os 60 músicos e todos iríamos para casa", afirmou.

O diretor da cerimônia respondeu: "Não, Bill, não faça nada".

"Imagine estas mulheres e homens, integrantes da orquestra, todos com roupas elegantes, 60 deles no fosso da orquestra e, enquanto tocamos, bombeiros com capacetes e machadinhas, rastejando entre nós, tentando encontrar a causa da fumaça", disse Conti.

O cheiro de fumaça, descobriu-se depois, tinha origem na tinta do fosso da orquestra.

"Ninguém morreu, não é uma grande história, mas foi assustador quando aconteceu", conta, rindo, o diretor musical.
 

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