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03/04/2005
-
23h32
da BBC Brasil, em São Paulo
O atestado de óbito oficial do papa João Paulo 2º diz que o pontífice morreu por causa de um choque séptico e de um colapso cardiovascular irreversível.
O choque séptico é a conseqüência mais grave de um processo infeccioso. "É quando o indivíduo não se mantém sem que haja auxílio de medicamentos para estabilizar a pressão, o pulso etc.", afirma o médico infectologista David Uip.
"Essa é a causa do óbito: um choque séptico resistente aos medicamentos", diz Uip. "Depois disso, você tem uma insuficiência ou falência de múltiplos órgãos e sistemas."
De acordo com o infectologista, pelo menos dois ou mais órgãos entram em falência e não há como fazer com que voltem a funcionar. "Nesse caso, foram provavelmente os pulmões e o sistema cardiovascular (coração e vasos sangüíneos). E pode ter também uma insuficiência renal", descreve o médico.
Infecção
Segundo David Uip, um processo infeccioso pode ser localizado ou se desenvolver como uma bacteriemia (quando a bactéria sai de um lugar e cai na corrente sangüínea), uma sepse (quando a bactéria já não fica apenas na corrente sangüínea e provoca repercussões gerais) ou um choque séptico.
O estado de saúde do papa João Paulo 2º havia se agravado na última quinta-feira, como resultado de uma infecção urinária --citada no atestado de óbito do pontífice.
"A infecção altera tudo: você tem uma alteração cardiovascular, neurológica", diz Uip. O médico diz que as outras doenças citadas no atestado já eram mais antigas.
"Todo o resto que está escrito já se sabia, a não ser a hipertrofia prostática (aumento da próstata), que seguramente não teve nada a ver com a causa do óbito", afirma o infectologista.
Mal de Parkinson
Uma das doenças que o papa já tinha há algum tempo era o mal de Parkinson, mas, de acordo com Uip, é difícil determinar o papel que isso desempenhou na morte de João Paulo 2º.
"O mal de Parkinson era uma doença crônica e não dá pra dizer o quanto influiu em todo o resto", afirma o médico.
"Provavelmente ele tinha dificuldades em todos os órgãos por causa do Parkinson", acrescenta. "Agora, o quanto isso teria a ver com as infecções não dá pra dizer."
O mal de Parkinson é uma doença neurológica, que afeta os movimentos do paciente e causa tremores, rigidez muscular, desequilíbrio e alterações na fala e na escrita. "Em uma pessoa com 84 anos, essas coisas se acentuam", diz o infectologista.
Traqueostomia
A infecção e os problemas de saúde que o papa já sentia há algum tempo também dificultaram a respiração do pontífice --o atestado de óbito cita "episódios progressivos de insuficiência respiratória aguda" e a conseqüente traqueostomia.
"A traqueostomia é um procedimento decorrente da insuficiência respiratória, que provavelmente vem da infecção", diz David Uip. "Você abre a traquéia e coloca um tubinho."
"Isso serve para duas coisas: para facilitar a respiração e para higienizar as vias respiratórias --você consegue colocar uma sonda e aspirar a secreção", descreve o médico.
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DIEGO TOLEDOda BBC Brasil, em São Paulo
O atestado de óbito oficial do papa João Paulo 2º diz que o pontífice morreu por causa de um choque séptico e de um colapso cardiovascular irreversível.
O choque séptico é a conseqüência mais grave de um processo infeccioso. "É quando o indivíduo não se mantém sem que haja auxílio de medicamentos para estabilizar a pressão, o pulso etc.", afirma o médico infectologista David Uip.
"Essa é a causa do óbito: um choque séptico resistente aos medicamentos", diz Uip. "Depois disso, você tem uma insuficiência ou falência de múltiplos órgãos e sistemas."
De acordo com o infectologista, pelo menos dois ou mais órgãos entram em falência e não há como fazer com que voltem a funcionar. "Nesse caso, foram provavelmente os pulmões e o sistema cardiovascular (coração e vasos sangüíneos). E pode ter também uma insuficiência renal", descreve o médico.
Infecção
Segundo David Uip, um processo infeccioso pode ser localizado ou se desenvolver como uma bacteriemia (quando a bactéria sai de um lugar e cai na corrente sangüínea), uma sepse (quando a bactéria já não fica apenas na corrente sangüínea e provoca repercussões gerais) ou um choque séptico.
O estado de saúde do papa João Paulo 2º havia se agravado na última quinta-feira, como resultado de uma infecção urinária --citada no atestado de óbito do pontífice.
"A infecção altera tudo: você tem uma alteração cardiovascular, neurológica", diz Uip. O médico diz que as outras doenças citadas no atestado já eram mais antigas.
"Todo o resto que está escrito já se sabia, a não ser a hipertrofia prostática (aumento da próstata), que seguramente não teve nada a ver com a causa do óbito", afirma o infectologista.
Mal de Parkinson
Uma das doenças que o papa já tinha há algum tempo era o mal de Parkinson, mas, de acordo com Uip, é difícil determinar o papel que isso desempenhou na morte de João Paulo 2º.
"O mal de Parkinson era uma doença crônica e não dá pra dizer o quanto influiu em todo o resto", afirma o médico.
"Provavelmente ele tinha dificuldades em todos os órgãos por causa do Parkinson", acrescenta. "Agora, o quanto isso teria a ver com as infecções não dá pra dizer."
O mal de Parkinson é uma doença neurológica, que afeta os movimentos do paciente e causa tremores, rigidez muscular, desequilíbrio e alterações na fala e na escrita. "Em uma pessoa com 84 anos, essas coisas se acentuam", diz o infectologista.
Traqueostomia
A infecção e os problemas de saúde que o papa já sentia há algum tempo também dificultaram a respiração do pontífice --o atestado de óbito cita "episódios progressivos de insuficiência respiratória aguda" e a conseqüente traqueostomia.
"A traqueostomia é um procedimento decorrente da insuficiência respiratória, que provavelmente vem da infecção", diz David Uip. "Você abre a traquéia e coloca um tubinho."
"Isso serve para duas coisas: para facilitar a respiração e para higienizar as vias respiratórias --você consegue colocar uma sonda e aspirar a secreção", descreve o médico.
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