Publicidade
Publicidade
03/05/2005
-
16h01
da BBC Brasil, em Londres
Os partidos que defendem plataformas únicas, como o Partido Aliança pela Legalização da Maconha (Legalise Cannabis Alliance) ou o Partido Vote em Si Mesmo, não ameaçam os grandes partidos nem pretendem assumir o governo. Mas servem como um termômetro para mostrar aos governantes que assuntos podem preocupar os eleitores.
"Esses partidos não podem ser levados a sério, não podem nem ser considerados partidos pois não pretendem assumir o governo. Mas eles têm uma função, a de servir de alerta para o governo sobre questões locais que vem preocupando o público", diz o professor emérito da Escola de Governo e Ciências Políticas da London School of Economics, George Jones.
Segundo o professor, esses alertas muitas vezes influenciam as plataformas dos grandes partidos.
"Por exemplo, o Partido Verde não elegeu nenhum representante para o Parlamento, mas pouco depois de ele aparecer, os outros grandes partidos viram a ameaça e adaptaram as próprias políticas para tentar demonstrar uma preocupação ambientalista, com o objetivo de conquistar eleitores que podem ter sido tentados a votar no Partido Verde".
Mas, os partidos pequenos, segundo o professor, também têm uma função menos séria: a de entreter os eleitores durante a disputa.
Para concorrer às eleições britânicas, os candidatos precisam pagar um depósito de 500 libras e apresentar a assinatura de dez eleitores do distrito em que pretendem disputar uma vaga. O candidato precisa conseguir uma porcentagem mínima de votos para recuperar o depósito.
A vantagem, no entanto, é que todos os candidatos disputando a vaga por determinado distrito eleitoral têm direito a acompanhar a apuração dos votos em um palco, e todos têm direito a fazer um discurso quando anunciado o resultado.
"Alguns indivíduos entram na disputa para garantir publicidade barata", diz o professor Jones. "Muitos fazem isso para se divertir, e como a mídia gosta desses partidos, eles acabam ficando conhecidos", completa.
Partido dos Malucos
O Monster Raving Loony Party (ou Partido Monstro dos Malucos, em tradução livre), é bastante claro no slogan: "Vote pela insanidade, você sabe que faz sentido!".
Entre as propostas estão a criação de uma moeda de 99 centavos - para economizar no troco - a abolição do imposto de renda, e o investimento do que sobrar nos cofres em um cavalo de corrida.
O Partido Rock and Roll dos Malucos (Rock'n'Roll Loony Party), uma dissidência do Partido Monstro dos Malucos, propõe uniformes para os professores escolares "afinal, eles fazem as crianças vestir uniformes".
O líder do partido, "Mad" Mike Young, membro do conselho local de Minster, disse que eles nunca recuperaram o depósito pago em nenhuma eleição, mas segundo ele "não foi um desperdício, já que nos divertimos muito. A gente pode ter perdido, mas se divertiu mais do que todos os outros partidos juntos."
Sobre a imigração, o Partido da Igreja do Elvis Militante propõe colocar fotos gigantes de celebridades britânicas no aeroporto de Heathrow para "desencorajar os indesejáveis estrangeiros a entrar na Grã-Bretanha".
O partido tem apenas um candidato, David Bishop, que disputa a vaga pelo distrito de Erewash, em Derbyshire - o mesmo do parlamentar europeu Robert Kilroy Silk, que por sua vez era apresentador de televisão e criou seu próprio partido - Veritas - despois de desavenças com seu partido anterior, o Partido Independente da Grã-Bretanha.
Se eleito, Bishop também pretende pressionar por um inquérito público sobre os honorários de veterinários na Grã-Bretanha - "os mais altos da Europa".
"Eu não acredito que esses partidos, como o Partido Monstro dos Malucos, ou a Aliança pela Legalização da Maconha, tenham qualquer influência sobre o governo, porque eles recebem quantidades mínimas de votos e não são representativos", diz o professor Jones.
"Mas nas últimas eleições, em 2001, em West Midlands, um desses pequenos partidos fez campanha contra o fechamento de um hospital na região".
"Eles conseguiram impedir a reeleição do candidato trabalhista. Foi um voto de protesto, eles mostraram o quanto a questão é importante na região".
"Os partidos pequenos variam bastante. Mas o que eles têm em comum é que eles não pretendem assumir o governo, mas sim influenciar o governo em questões bastante específicas", diz Jones.
"No fim das contas, as eleições gerais não são usadas pera eleger indivíduos, mas sim para escolher o governo, afinal é isto que os principais partidos buscam."
Mas, quem quer que vença, dificilmente vai se deixar influenciar pela proposta de um desses partidos, o Partido da Masmorra da Morte e dos Impostos. Ele propõe a reintrodução da pena de morte por enforcamento, mas apenas para crimes menores, como pichação e jogar lixo na rua.
Partidos pequenos esquentam disputa nas eleições britânicas
BABETH BETTENCOURTda BBC Brasil, em Londres
Os partidos que defendem plataformas únicas, como o Partido Aliança pela Legalização da Maconha (Legalise Cannabis Alliance) ou o Partido Vote em Si Mesmo, não ameaçam os grandes partidos nem pretendem assumir o governo. Mas servem como um termômetro para mostrar aos governantes que assuntos podem preocupar os eleitores.
"Esses partidos não podem ser levados a sério, não podem nem ser considerados partidos pois não pretendem assumir o governo. Mas eles têm uma função, a de servir de alerta para o governo sobre questões locais que vem preocupando o público", diz o professor emérito da Escola de Governo e Ciências Políticas da London School of Economics, George Jones.
Segundo o professor, esses alertas muitas vezes influenciam as plataformas dos grandes partidos.
"Por exemplo, o Partido Verde não elegeu nenhum representante para o Parlamento, mas pouco depois de ele aparecer, os outros grandes partidos viram a ameaça e adaptaram as próprias políticas para tentar demonstrar uma preocupação ambientalista, com o objetivo de conquistar eleitores que podem ter sido tentados a votar no Partido Verde".
Mas, os partidos pequenos, segundo o professor, também têm uma função menos séria: a de entreter os eleitores durante a disputa.
Para concorrer às eleições britânicas, os candidatos precisam pagar um depósito de 500 libras e apresentar a assinatura de dez eleitores do distrito em que pretendem disputar uma vaga. O candidato precisa conseguir uma porcentagem mínima de votos para recuperar o depósito.
A vantagem, no entanto, é que todos os candidatos disputando a vaga por determinado distrito eleitoral têm direito a acompanhar a apuração dos votos em um palco, e todos têm direito a fazer um discurso quando anunciado o resultado.
"Alguns indivíduos entram na disputa para garantir publicidade barata", diz o professor Jones. "Muitos fazem isso para se divertir, e como a mídia gosta desses partidos, eles acabam ficando conhecidos", completa.
Partido dos Malucos
O Monster Raving Loony Party (ou Partido Monstro dos Malucos, em tradução livre), é bastante claro no slogan: "Vote pela insanidade, você sabe que faz sentido!".
Entre as propostas estão a criação de uma moeda de 99 centavos - para economizar no troco - a abolição do imposto de renda, e o investimento do que sobrar nos cofres em um cavalo de corrida.
O Partido Rock and Roll dos Malucos (Rock'n'Roll Loony Party), uma dissidência do Partido Monstro dos Malucos, propõe uniformes para os professores escolares "afinal, eles fazem as crianças vestir uniformes".
O líder do partido, "Mad" Mike Young, membro do conselho local de Minster, disse que eles nunca recuperaram o depósito pago em nenhuma eleição, mas segundo ele "não foi um desperdício, já que nos divertimos muito. A gente pode ter perdido, mas se divertiu mais do que todos os outros partidos juntos."
Sobre a imigração, o Partido da Igreja do Elvis Militante propõe colocar fotos gigantes de celebridades britânicas no aeroporto de Heathrow para "desencorajar os indesejáveis estrangeiros a entrar na Grã-Bretanha".
O partido tem apenas um candidato, David Bishop, que disputa a vaga pelo distrito de Erewash, em Derbyshire - o mesmo do parlamentar europeu Robert Kilroy Silk, que por sua vez era apresentador de televisão e criou seu próprio partido - Veritas - despois de desavenças com seu partido anterior, o Partido Independente da Grã-Bretanha.
Se eleito, Bishop também pretende pressionar por um inquérito público sobre os honorários de veterinários na Grã-Bretanha - "os mais altos da Europa".
"Eu não acredito que esses partidos, como o Partido Monstro dos Malucos, ou a Aliança pela Legalização da Maconha, tenham qualquer influência sobre o governo, porque eles recebem quantidades mínimas de votos e não são representativos", diz o professor Jones.
"Mas nas últimas eleições, em 2001, em West Midlands, um desses pequenos partidos fez campanha contra o fechamento de um hospital na região".
"Eles conseguiram impedir a reeleição do candidato trabalhista. Foi um voto de protesto, eles mostraram o quanto a questão é importante na região".
"Os partidos pequenos variam bastante. Mas o que eles têm em comum é que eles não pretendem assumir o governo, mas sim influenciar o governo em questões bastante específicas", diz Jones.
"No fim das contas, as eleições gerais não são usadas pera eleger indivíduos, mas sim para escolher o governo, afinal é isto que os principais partidos buscam."
Mas, quem quer que vença, dificilmente vai se deixar influenciar pela proposta de um desses partidos, o Partido da Masmorra da Morte e dos Impostos. Ele propõe a reintrodução da pena de morte por enforcamento, mas apenas para crimes menores, como pichação e jogar lixo na rua.
As Últimas que Você não Leu
Publicidade
+ LidasÍndice
- Alvo de piadas, Barron Trump se adapta à vida de filho do presidente
- Facções terroristas recrutam jovens em campos de refugiados
- Trabalhadores impulsionam oposição do setor de tecnologia a Donald Trump
- Atentado contra Suprema Corte do Afeganistão mata 19 e fere 41
- Regime sírio enforcou até 13 mil oponentes em prisão, diz ONG
+ Comentadas
- Parlamento de Israel regulariza assentamentos ilegais na Cisjordânia
- Após difamação por foto com Merkel, refugiado sírio processa Facebook
+ EnviadasÍndice