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06/05/2005
-
15h35
da BBC Brasil
No seu primeiro encontro com Tony Blair, em fevereiro de 2001, em Camp David, George W. Bush fez uma piada que se tornou clássica. Questionado se ele e o primeiro-ministro britânico tinham interesses comuns, o presidente americano respondeu que ambos usavam pasta de dente Colgate. Muito mais, é evidente, brilha neste relacionamento transatlântico.
Blair sempre deixou claro que seria o mais forte aliado político e militar de Bush, aprofundando a chamada "relação especial" entre os dois países. Assim, ele transferiu sua íntima parceria com o democrata Bill Clinton (com o qual tinha tantas afinidades ideológicas) para o presidente republicano.
O primeiro e não-partidário conselho de Clinton a Blair depois que a Suprema Corte decidiu a polêmica eleição do ano 2000 foi para que o dirigente britânico se tornasse o "melhor amigo" do novo governante americano. Dito e feito. Embora para muitos que se desencantaram, Blair consumou uma amizade canina.
O novo trabalhismo de Blair nunca incomodou os neoconservadores americanos. Basta ver o tratamento dispensado pela cáustica página editorial do "Wall Street Journal", que na véspera da eleição desta quinta-feira disse que na Guerra do Iraque e em outros eventos mundiais, Blair se mostrou como um homem de "princípios".
Outro sobrevivente
E foi no Iraque que Blair sempre teve tanto em comum com Bush: na causa e na controvérsia. No entanto, assim como o americano reeleito em novembro passado, o britânico sobreviveu ao tiroteio político de que teria levado o seu país à guerra sob o falso pretexto das armas de destruição em massa de Saddam Hussein. É verdade que, mesmo reeleito, Blair pagou um preço maior do que Bush pelos eventos no Iraque.
A imprensa e analistas americanos, no entanto, sempre tomaram nota de que Blair fora mais consistente e sistemático do que Bush para apregoar a causa justa de derrubada de um tirano. A imagem do primeiro-ministro britânico há um par de anos é mais positiva nos Estados Unidos do que dentro de casa.
Agora na campanha eleitoral britânica, Bush nunca escondeu que desejava a vitória de Blair, mas por razões protocolares não pôde dar o apoio escancarado como foi o caso de Bill Clinton, confirmando que a torcida pela reeleição era bipartidária.
A Casa Branca nunca perdeu uma oportunidade para elogiar o primeiro-ministro britânico, assim como ocorreu na campanha de reeleição do conservador australiano John Howard, outro aliado quase que incondicional de Bush.
As afinidades entre Bush e Blair (na geopolitica, na fé religiosa e na pasta de dente) terão agora vida mais longa. Com o primeiro-ministro britânico no terceiro mandato, fica mais sólida a pressão para que Bush se engaje ativamente no processo de paz entre Israel e os palestinos. É uma causa mais direta de Blair, a qual, em parte, Bush aderiu para provar que também faz concessões na relação especial entre a superpotência americana e sua ex-metrópole.
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Análise: Torcida por Blair uniu democratas e republicanos nos EUA
CAIO BLINDERda BBC Brasil
No seu primeiro encontro com Tony Blair, em fevereiro de 2001, em Camp David, George W. Bush fez uma piada que se tornou clássica. Questionado se ele e o primeiro-ministro britânico tinham interesses comuns, o presidente americano respondeu que ambos usavam pasta de dente Colgate. Muito mais, é evidente, brilha neste relacionamento transatlântico.
Blair sempre deixou claro que seria o mais forte aliado político e militar de Bush, aprofundando a chamada "relação especial" entre os dois países. Assim, ele transferiu sua íntima parceria com o democrata Bill Clinton (com o qual tinha tantas afinidades ideológicas) para o presidente republicano.
O primeiro e não-partidário conselho de Clinton a Blair depois que a Suprema Corte decidiu a polêmica eleição do ano 2000 foi para que o dirigente britânico se tornasse o "melhor amigo" do novo governante americano. Dito e feito. Embora para muitos que se desencantaram, Blair consumou uma amizade canina.
O novo trabalhismo de Blair nunca incomodou os neoconservadores americanos. Basta ver o tratamento dispensado pela cáustica página editorial do "Wall Street Journal", que na véspera da eleição desta quinta-feira disse que na Guerra do Iraque e em outros eventos mundiais, Blair se mostrou como um homem de "princípios".
Outro sobrevivente
E foi no Iraque que Blair sempre teve tanto em comum com Bush: na causa e na controvérsia. No entanto, assim como o americano reeleito em novembro passado, o britânico sobreviveu ao tiroteio político de que teria levado o seu país à guerra sob o falso pretexto das armas de destruição em massa de Saddam Hussein. É verdade que, mesmo reeleito, Blair pagou um preço maior do que Bush pelos eventos no Iraque.
A imprensa e analistas americanos, no entanto, sempre tomaram nota de que Blair fora mais consistente e sistemático do que Bush para apregoar a causa justa de derrubada de um tirano. A imagem do primeiro-ministro britânico há um par de anos é mais positiva nos Estados Unidos do que dentro de casa.
Agora na campanha eleitoral britânica, Bush nunca escondeu que desejava a vitória de Blair, mas por razões protocolares não pôde dar o apoio escancarado como foi o caso de Bill Clinton, confirmando que a torcida pela reeleição era bipartidária.
A Casa Branca nunca perdeu uma oportunidade para elogiar o primeiro-ministro britânico, assim como ocorreu na campanha de reeleição do conservador australiano John Howard, outro aliado quase que incondicional de Bush.
As afinidades entre Bush e Blair (na geopolitica, na fé religiosa e na pasta de dente) terão agora vida mais longa. Com o primeiro-ministro britânico no terceiro mandato, fica mais sólida a pressão para que Bush se engaje ativamente no processo de paz entre Israel e os palestinos. É uma causa mais direta de Blair, a qual, em parte, Bush aderiu para provar que também faz concessões na relação especial entre a superpotência americana e sua ex-metrópole.
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