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24/06/2005 - 15h10

70 anos depois, Gardel 'canta cada vez melhor'

MARCIA CARMO
da BBC Brasil, em Buenos Aires

Nesta sexta-feira, 24 de junho, faz 70 anos que morreu o cantor de tango Carlos Gardel.

Maratonas de homenagens vão marcar o dia em que o artista morreu, quando o avião no qual viajava bateu em outro na pista do aeroporto de Medellin, na Colômbia.

Gardel é autor de Mi Buenos Aires Querido e El dia que me Quieras, entre outros clássicos.

Criador do tango-canção, Gardel é um dos maiores mitos da Argentina, ao lado do ex-craque de futebol Diego Armando Maradona e da ex-primeira-dama Evita Perón.

Para seus fãs, sete décadas depois daquela tragédia, "Gardel canta cada vez melhor" e "é único".

'Brilhante'

O professor de música e co-autor do livro Gardel, a biografia, Julian Barsky, explica que a "paixão" pelo cantor, autor e ator de cinema --primeiro mudo e depois falado e cantado-- justifica-se por vários motivos.

"Gardel virou mito por seu talento e porque morreu numa tragédia no auge da sua carreira", disse.

"E os fãs dizem que ele canta cada vez melhor porque cada vez que a gente escuta seus discos percebe que ele não improvisava, que era brilhante".

Para historiadores como Pacho O`Donnel, Gardel virou mito porque caracteriza uma era da Argentina e para muitos ainda é "a cara de Buenos Aires".

Para outros, canta "cada vez melhor" graças aos avanços da tecnologia que melhoraram a qualidade da reprodução dos seus discos.

América Latina

Quando Gardel morreu, aos 44 anos, era conhecido como amante das corridas de cavalo e criador de músicas a quatro mãos com Alfredo La Pera, que também morreu no mesmo acidente.

Gardel costumava dizer que sua terra era a "Avenida Corrientes", berço do tango --e tão reverenciado quanto o bairro Abasto, em Buenos Aires, onde desde o início da semana estão sendo realizados shows em sua homenagem.

A Secretaria de Cultura do governo da cidade de Buenos Aires promove, junto com outras cidades --Medellín e Bogotá, na Colômbia, Tacuarembó e Montevideu, no Uruguai, e Santiago, no Chile--, a programação Gardel vive na América.

Sua última gravação, segundo o governo portenho, começava exatamente assim: "Queridos amigos da América Latina...".

Nestas cidades estão sendo realizados, em homenagem a Gardel, campeonatos regionais de tango, além de espetáculos e programas especiais nas emissoras de rádio e de televisão.

Polêmica

Em Buenos Aires, o canal de TV Volver exibe os filmes do artista --também chamado de "Morocho del Abasto" ("O Moreno do Abasto").

Gardel deixou uma herança cultural que inclui, além das músicas, dez filmes, entre eles El tango en Broadway (O tango na Broadway).

Gardel deixou ainda, como recorda Julian Barsky, a polêmica sobre o local do seu nascimento. Se em Tolouse, na França, ou em Tacarembó, no Uruguai.

Esse é um dos principais assuntos de discussão da chamada "comunidade gardelina", o clube de fãs do artista que tem raízes em diferentes países.

Representantes desta "comunidade" reúnem-se, nesta sexta-feira, no cemitério de La Chacarita, onde os restos do artista estão sepultados.

Os fãs --e turistas também - têm o hábito de colocar um cigarro acesso entre os dedos do monumento de Gardel, em tamanho natural, naquele cemitério, a 20 minutos do centro da cidade.

Uns dizem que dá sorte outros que lhe dá "vida".

E tudo contribui para a mitologia do artista, que fez sucesso na Europa e nos Estados Unidos, que gravou em Nova Iorque e fez parte do jet-set de Paris e Madri.

Ele deixou um legado elogiado até pelos mais rigorosos roqueiros, como o argentino Charly Garcia, e foi elogiado por outros mitos como Enrico Caruso --"Gardel tem uma lágrima na garganta", disse em 1915.
 

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