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24/09/2008 - 11h56

Primo diz que Jean Charles não tinha razão para temer polícia

da Folha Online

O primo de Jean Charles de Menezes, Alex Pereira, disse nesta terça-feira aos jurados que o brasileiro "não tinha motivos" para temer a polícia. Em depoimento no terceiro dia do inquérito público que apura as circunstâncias da morte de Menezes, em julho de 2005, dentro do metrô de Londres, Pereira disse que "é normal para brasileiros serem parados pela polícia".

"Nós viemos do Brasil, onde é normal os policiais pararem as pessoas e carregarem armas. Por que ele teria medo da polícia?", indagou Alex Pereira.

O brasileiro será o único membro da família a prestar depoimento no inquérito, previsto para durar três meses. Pereira contou que ele e Jean Charles foram criados juntos em uma pequena cidade do interior do Brasil e que o primo era um jovem ambicioso, com sonhos de viajar para os Estados Unidos ou para a Grã-Bretanha.

"Ele era uma pessoa que aprendeu o ofício de eletricista sozinho e lutou para ter uma vida melhor porque de onde ele vinha tudo era muito difícil".

Ainda segundo ele, Jean Charles veio para a Grã-Bretanha depois que teve um pedido de visto para os Estados Unidos recusado. Ao se estabelecer no país, começou a enviar dinheiro para a mãe e para a namorada Adriana, que tinha um filho de um relacionamento anterior. "Ele aprendeu inglês rápido e estava muito feliz aqui. Acho que ele planejava ficar aqui para sempre.

Novas imagens

Pela manhã, os jurados assistiram a novas imagens gravadas por câmeras de vigilância que mostram o trajeto do brasileiro de sua casa à estação de metrô no dia em que foi morto por policiais que o confundiram com um terrorista.

Câmeras de circuito fechado instaladas dentro do ônibus mostram Menezes entrando dentro do veículo vestindo uma jaqueta jeans azul e uma camisa preta. As imagens mostram que o brasileiro foi seguido durante todo o trajeto por "Ivor" e "Lawrence" (nomes falsos), dois policiais à paisana.

As imagens divulgadas no tribunal foram reunidas pela Comissão como parte de uma investigação que se seguiu ao episódio que culminou com a morte de Menezes.

Novo inquérito

O novo inquérito sobre o caso tem como objetivo apurar as circunstâncias da morte de Jean Charles e não deve apontar culpados. Desde a morte do brasileiro, em julho de 2005, foram realizados três inquéritos e um julgamento que condenou a polícia por violar as regras de segurança. A corporação foi multada em mais de R$ 600 mil, mas não foi culpada pela morte de Jean Charles.

Os jurados ouvirão cerca de 75 testemunhas nos próximos três meses e, pela primeira vez, ficarão frente à frente com os policiais que atiraram sete vezes na cabeça do brasileiro.

Os policiais devem falar da pressão que sofriam com os atentados de 7 de julho e com as tentativas frustradas de ataques na rede de transporte de Londres no dia anterior à operação que terminou com a morte de Jean Charles. A mãe e o irmão de Menezes chegam do Brasil no início do mês que vem para acompanhar o inquérito.

A investigação deverá decidir se Jean Charles foi morto ilegalmente ou não e também poderá selar o destino do chefe da policia de Londres.

Ian Blair já foi criticado nas outras investigações sobre o caso e analistas acreditam que ele poderá ser forçado a deixar o cargo.

 

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