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08/08/2005
-
16h20
da BBC Brasil, em Nova York
O terceiro relatório parcial do comitê que analisa o escândalo do programa de troca de petróleo iraquiano por comida chegou à conclusão de que altos funcionários da ONU (Organização das Nações Unidas) aceitaram pagamentos ilícitos de empresas que trabalhavam com o programa.
No documento, que foi divulgado nesta segunda-feira, os principais acusados são o ex-diretor-executivo do programa Benon Sevan, que teria "se beneficiado corruptamente", e um funcionário do setor de licitações, Alexander Yakovlev, que teria recebido pagamentos ilícitos e passado informações sigilosas a uma empresa francesa que apresentou uma proposta para o programa.
Juntos os dois teriam recebido mais de US$ 1 milhão (cerca de R$ 2,5 milhões).
O trabalho não foi conclusivo sobre o envolvimento do secretário-geral da organização Kofi Annan. Segundo Paul Volcker, que chefia a investigação independente, o secretário-geral da ainda "não está exonerado" pelas apurações.
Ele também disse, ao divulgar o relatório, que uma investigação feita por Annan depois de descobrir que seu filho, Kojo, trabalhava para a Cotecna, uma empresa envolvida nas licitações do programa, "não foi exata, completa e decisiva".
"Eu não diria que o secretário-geral está exonerado", afirmou Volcker. "Mas nós estamos tentando resolver estas questões." Volker acrescentou, porém, que a comissão ainda não encontrou "nenhuma evidência de que o secretário-geral tenha interferido no processo" de seleção da Cotecna.
Volcker disse que tem entrevistado ultimamente tanto Kofi quanto Kojo Annan e que um relatório sobre o assunto deve ser divulgado em setembro.
Dinheiro
Quanto aos dois principais acusados, o documento diz que conseguiu rastrear depósitos no valor de mais de US$ 147 mil (R$ 340,2 mil) feitos na conta de Benon Sevan e sua mulher entre dezembro de 1998 e janeiro de 2003.
Alexander Yakovlev, por sua vez, teria recebido mais de US$ 950 mil (R$ 2,2 milhões) em pagamentos ilícitos depositados em uma conta bancária em um paraíso fiscal.
Volcker disse acreditar que as evidências que a comissão tem agora são fortes o bastante para que Yakovlev e Sevan sejam indiciados criminalmente.
A comissão recomendou a Annan que sejam prosseguidas as investigações e retiradas as imunidades dos envolvidos.
Finanças precárias
A comissão diz ter encontrado novas evidências para o que chama de conduta corrupta de Sevan, como sua precária situação financeira antes de 1998, quando teria começado a receber as propinas.
Além disso, teriam sido encontradas provas da ligação entre Sevan, seu amigo Efrain Nadler, a empresa African Middle East Petroleum Corporation (Amep), que teria feito pagamentos ilícitos, e seu presidente, Fakhry Abdelnour.
O comitê conclui que "Sevan, com a assistência de Nadler e Adbelnour, de forma corrupta derivou benefícios financeiros substanciais ao solicitar e receber alocações de petróleo para a Amep do governo do Iraque".
Ele sabia, segundo o relatório, que "parte do petróleo com que se beneficiava havia sido comprado por meio de um pagamento da Amep ao Iraque de uma sobretaxa que violava as sanções da ONU e as regras do programa da troca de petróleo por comida".
O documento diz ainda ter encontrado evidências que lançam mais dúvidas sobre a alegação de Sevan de que o dinheiro extra que recebeu no período investigado se refere a presentes feitos por sua tia em dinheiro durante visitas a Nova York, em um total de US$ 160 mil.
Funcionários da ONU "receberam mais de US$ 1 mi em propinas"
ANGELA PIMENTAda BBC Brasil, em Nova York
O terceiro relatório parcial do comitê que analisa o escândalo do programa de troca de petróleo iraquiano por comida chegou à conclusão de que altos funcionários da ONU (Organização das Nações Unidas) aceitaram pagamentos ilícitos de empresas que trabalhavam com o programa.
No documento, que foi divulgado nesta segunda-feira, os principais acusados são o ex-diretor-executivo do programa Benon Sevan, que teria "se beneficiado corruptamente", e um funcionário do setor de licitações, Alexander Yakovlev, que teria recebido pagamentos ilícitos e passado informações sigilosas a uma empresa francesa que apresentou uma proposta para o programa.
Juntos os dois teriam recebido mais de US$ 1 milhão (cerca de R$ 2,5 milhões).
O trabalho não foi conclusivo sobre o envolvimento do secretário-geral da organização Kofi Annan. Segundo Paul Volcker, que chefia a investigação independente, o secretário-geral da ainda "não está exonerado" pelas apurações.
Ele também disse, ao divulgar o relatório, que uma investigação feita por Annan depois de descobrir que seu filho, Kojo, trabalhava para a Cotecna, uma empresa envolvida nas licitações do programa, "não foi exata, completa e decisiva".
"Eu não diria que o secretário-geral está exonerado", afirmou Volcker. "Mas nós estamos tentando resolver estas questões." Volker acrescentou, porém, que a comissão ainda não encontrou "nenhuma evidência de que o secretário-geral tenha interferido no processo" de seleção da Cotecna.
Volcker disse que tem entrevistado ultimamente tanto Kofi quanto Kojo Annan e que um relatório sobre o assunto deve ser divulgado em setembro.
Dinheiro
Quanto aos dois principais acusados, o documento diz que conseguiu rastrear depósitos no valor de mais de US$ 147 mil (R$ 340,2 mil) feitos na conta de Benon Sevan e sua mulher entre dezembro de 1998 e janeiro de 2003.
Alexander Yakovlev, por sua vez, teria recebido mais de US$ 950 mil (R$ 2,2 milhões) em pagamentos ilícitos depositados em uma conta bancária em um paraíso fiscal.
Volcker disse acreditar que as evidências que a comissão tem agora são fortes o bastante para que Yakovlev e Sevan sejam indiciados criminalmente.
A comissão recomendou a Annan que sejam prosseguidas as investigações e retiradas as imunidades dos envolvidos.
Finanças precárias
A comissão diz ter encontrado novas evidências para o que chama de conduta corrupta de Sevan, como sua precária situação financeira antes de 1998, quando teria começado a receber as propinas.
Além disso, teriam sido encontradas provas da ligação entre Sevan, seu amigo Efrain Nadler, a empresa African Middle East Petroleum Corporation (Amep), que teria feito pagamentos ilícitos, e seu presidente, Fakhry Abdelnour.
O comitê conclui que "Sevan, com a assistência de Nadler e Adbelnour, de forma corrupta derivou benefícios financeiros substanciais ao solicitar e receber alocações de petróleo para a Amep do governo do Iraque".
Ele sabia, segundo o relatório, que "parte do petróleo com que se beneficiava havia sido comprado por meio de um pagamento da Amep ao Iraque de uma sobretaxa que violava as sanções da ONU e as regras do programa da troca de petróleo por comida".
O documento diz ainda ter encontrado evidências que lançam mais dúvidas sobre a alegação de Sevan de que o dinheiro extra que recebeu no período investigado se refere a presentes feitos por sua tia em dinheiro durante visitas a Nova York, em um total de US$ 160 mil.
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